"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
[Na imagem, de autor desconhecido, Eduardo Cabrita, que conseguiu estar seis anos no Governo, 4 - quatro - 4 dos quais com a tutela, e não dar por nada]
"Ó senhor agente, não me bata nas costas, bata-me nas nádegas, se faz favor". "Ó senhor agente, já me bateu muito nesta face, eu dou a outra. Obrigado". "Ó senhor agente, tenha calma que eu ponho-me a jeito, não suje a farda".
Marcelo Rebelo de Sousa, leal como um Pit bull, convoca o director-geral da polícia para discutir a reestruturação/ fusão do SEF com a PSP nas costas do primeiro-ministro e do ministro da tutela, em mais uma descarada exacerbação de funções e competências com que tem pautado o seu mandato desde o primeiro dia em que foi eleito, e com vista a condicionar a acção do Governo, ao mesmo tempo que, por interpostas pessoas, Magina da Silva e o moço de recados da Presidência, despede o alegado ministro da Administração Interna duas vezes no mesmo dia com intervalo de poucas horas. O mesmo Marcelo em que António Costa vai votar para um segundo mandato em Belém, a iniciar quando andar entretido com a presidência portuguesa da União Europeia e o Governo em Lisboa em roda livre.
Escudado num nariz de palhaço, pergunta um polícia na manif de Faro a quem lhe devia fazer as perguntas, o repórter da SIC Notícias: "se o senhor tivesse um filho deixava-o ir para a PSP por 789 €?". Vinte e um de Janeiro do Ano da Graça de 2020, o dia em que ficámos todos a saber que para ir para a PSP é preciso autorização dos pais.
Nos 80s, sem as "redes sociais" para dar corpo e voz às indignações; nos 80s, com metade da população a ver televisão em dois canais a preto-e-branco, nos 80s, sem a consciência civíca e a exigência crítica a que, lentamente, nos vamos habituando; nos 80s, sem telemóveis para filmar tudo o que mexe e respira; nos 80s, com a comunicação social a só sair de Lisboa em dias de futebol e da Volta a Portugal; nos 80s, na ressaca do respeitinho é muito bonito, no respeitinho à autoridade palavra de Lei, recrutada gorda e com a 4.ª classe; nos 80s tive uma amigo assassinado [e estou a medir bem as palavras] pela PSP na Olga Morais Sarmento em Setúbal. Numa brincadeira de puto roubou o 2 cavalos ao pai e, como não tinha carta de condução, não parou na operação stop montada. Como era por demais ridículo invocar fuga à autoridade num 2 cavalos o argumento foi o da tentativa de atropelamento. E lá foi o polícia descansado à sua vidinha. Nunca soubemos se o 2 cavalos também ficou crivado de balas como nos filmes amaricanos.
"Mulher morta por engano pela PSP". Por engano. "Porque é que não há-de haver um referendo para dar mais poder à polícia? Prontes, era só", telefonava, umas horas depois, uma mulher para o programa Opinião Pública na SIC Notícias.
Depois da "progressão na carreira" só porque sim, o "subsídio de risco". Como se quem vai para a PSP, para a GNR, para uma força policial, não tivesse antecipadamente conhecimento dos riscos inerentes à profissão, como se os riscos inerentes à profissão fossem a excepção e não a regra de que tem conhecimento antecipadamente quem vai para a PSP, para a GNR, para uma força policial. E andamos nisto...
Viver num país onde o Estado, detentor do poder de coerção legítimo, actua sobre os cidadãos, que deve proteger, não pela pedagogia mas por objectivos. O monopólio da violência legítima ao serviço do saque e do esbulho e uma máquina de cobrança fiscal ao serviço de interesses privados .
«O Estado arrecadou nos primeiros sete meses do ano 56,2 milhões de euros em multas por violação ao Código da Estrada, mostram dados da Direcção-Geral do Orçamento, divulgados terça-feira. Este montante equivale a 85,7% do objectivo fixado para 2015.»
Como as imagens o comprovam, a PSP no Marquês de Pombal em Lisboa, por ordem do Comando do Corpo de Intervenção, sem o equipamento de protecção indicado e adequado para fazer frente às hordas de hooligans.
Como também as imagens comprovam, a PSP em Guimarães, por ordem do Comando do Corpo de Intervenção sem o equipamento de protecção indicado e adequado, vê-se em palpos de aranha para controlar e manietar um facínora infiltrado numa claque de futebol.
E os papagaios repetem e repetem e repetem e tornam a repetir isto sem que ninguém lhes diga para olharem para as imagens que eles próprios colocam no ar pelos écrans das próprias televisões ou sequer lhes diga que em Londres os 'bobbies' nem arma usam...