"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Em resposta ao PS dizer que lhe fazia confusão alguém sair da Provedoria de Justiça directamente para ministra da Administração Interna, Hugo Soares respondeu que nunca fez confusão ao PS tirar ministros do Governo para irem para entidades reguladoras ou para o Banco de Portugal. Hugo Soares é de uma riqueza argumentativa de fazer chorar as pedras. Nós fizemos mas eles antes de nós também já fizeram e fizeram ainda pior, segundo o seu alegado raciocínio. Hugo Soares faz lembrar os trauliteiros anónimos do pontapé-na-bola de plantão às redes, por cada entrada de pé em riste às canelas, por cada golpe de kung fu, por cada bola que passa mas fica o homem, por cada pisão na cabeça dado por um jogador do Sporting há uma situação exactamente igual anteriormente por um jogador do Benfica que a justifica. Viva o Matheus Reis! Se calhar é a vocação certa para para o líder parlamentar laranja, hooligan chefe de claque, não requer grande inteligência, basta ter alguma memória e muito whataboutism. O Hugão, temos homem.
Um terrorista-bombista não foi eleito vice-presidente do Parlamento e o taberneiro teve um choque de frente com a realidade e com a democracia, uma deslealdade para com o segundo partido, disse ele, depois de na legislatura anterior toda a sua bancada se ter literalmente cagado para a lealdade e boicotado a eleição do presidente do Parlamento, deputado oriundo da bancada maioritária. E depois foi comovente ver um bronco saído da série interminável produzida pelas jotas partidárias, alçado líder de grupo parlamentar, bem sucedido na vida à pala do cartão do partido, ao telefone com o taberneiro a alinhavarem acertos de contas com o voto privado dos deputados das respectivas bancadas. E ainda mais comovente foi ver a segunda figura da hierarquia do Estado, eleita inter pares, a explicar-se na bancada do partido da taberna no fim do plenário, depois de na anterior legislatura ter sido enxovalho, na eleição e na legislatura, pelos apóstolos do taberneiro.
Um dos maiores broncos que o sistema das jotas partidárias já criou - Duarte Marques, é director de campanha para as presidenciais de 2026 do símbolo máximo do aparelhismo, do clientelismo, do oportunismo, dos partidos e do Estado ao serviço de interesses privados - Marques Mendes.
No dia a seguir ao PSD de Luís Montenegro ter declarado apoio a Marques Mendes, Rui Rio, ex líder do PSD, por duas vezes alvo de tentativa de "golpe de Estado" pelo actual líder e primeiro-ministro, aparece como mandatário da candidatura de Gouveia e Melo [cá se fazem cá se pagam, há mais marés que marinheiros], o almirante anti-sistema, apoiado e financiado por gente de fora do sistema, que vai desde Mário Ferreira a Ângelo Correia passando por Isaltino Morais e Ribeiro e Castro, até ao mais velho de todos, o coveiro do CDS, também conhecido por Chicão.
No PS um homenzinho, responsavelzinho, educadinho, bem engomadinho, cheiinho de "sentido de Estado", vai ser entronizado líder, para dizer que sim e abanar o rabo ao PSD de Luís Montenegro, com a bênção de um velhaco em fim de mandato no palácio de Belém [praise the Lord!], enquanto produz um panhonha desenxavido que meteu na cabeça poder ser Presidente da República - Seguro, Tozé.
Na Miguel Lupi em Lisboa, o Joker ri-se, que é para isso que foi criado.
Parece que o problema é o PS português poder ficar igual ao PS francês ou ao PS grego, é mas não é. O problema são dois terços de maioria parlamentar divididos entre direita alegadamente democrática, extrema-direita e ilusionistas liberais, e uma série de coisas que podem ser feitas com uma maioria desta dimensão, tais como: rever a Constituição, mexer na lei da Greve, privatizar a Segurança Social, privatizar o Serviço Nacional de Saúde, privatizar a escola pública, mexer na Lei de Imprensa, acabar com o serviço público de rádio e televisão; reverter a lei da interrupção voluntária da gravidez, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da adopção, nomear juízes para o Tribunal Constitucional, e mais uma série de coisas iguais que já vimos noutras latitudes, como por exemplo na Hungria do camarada Orbán, amigo do peito e em tempos elogiado por alguns dos actuais dirigentes deste PSD. Recorrendo novamente à pop/ rock, como cantava Timbuk 3 nos 80s, "the future's so bright, i gotta wear shades".
Juntar numa mesma mesa de almoço ódios de estimação, que passaram a vidinha a conspirar uns contra os outros, a apunhalarem-se pelas costas para se alçarem ao poder, cada um com a sua clientela atrás, a conjurar e a atraiçoar o partido em favor do próprio umbigo, é uma má imagem da cada vez mais má imagem da política e dos políticos, e um mau serviço à coisa pública.
Deportações de estrangeiros, indocumentados e sem autorização de residência, sempre as houve, todos os governos as fizeram, a novidade é serem publicitadas e celebradas, usadas como arma de propaganda em campanha eleitoral. Daqui para a frente vai ser sempre a descer, quando a direita alegadamente do "sentido de Estado" começa a dizer em público e em voz alta aquilo que só se atrevia a pensar baixinho e em privado.
Parece que há um problema por alguém ter revelado detalhes da vidinha de Luís Montenegro e não por os clientes de Luís Montenegro terem ganho milhões em negócios com o Estado em menos de um ano de Governo liderado por Luís Montenegro.
Parece que há um problema por alguém ter revelado detalhes da vidinha de Luís Montenegro e por tudo isto sair a público antes das eleições para onde Luís Montenegro arrastou o país para não ter de revelar detalhes da sua vidinha a que está legalmente obrigado.
Parece que há um problema com a vidinha de Luís Montenegro e uma empresa case study, desde gestão de património familiar a especialista em protecção de dados passando por especialidade em reestruturação de empresas até expert em consultadoria de gestão. Até ver. Luís Montenegro a meias com três pessoas, uma das quais educadora de infância, dois estudantes, um deles menor de idade. Um génio. Um prodígio. Nada de esquemas manhosos como os que perseguem outro primeiro-ministro, José Sócrates.
Levezinhos, levezinhos, saltitando de nenúfar em nenúfar, incompetência e ignorância dos princípios elementares do funcionamento do Estado. O Estado um mal necessário com que se tem de lidar na prestação de serviços à clientela político-partidária e na organização da vidinha.
No dia do apagão, no velhinho rádio a pilhas, transistor, como lhe chamavam os velhinhos, ou na rádio do carro, a melhor emissão foi a da Antena 1. Sem publicidade, sem conversa da treta, sem enchimento de chouriços, sem "reportagens de rua" com conversas de merda a amplificar ainda mais a desinformação que circulava abundantemente, a substituir-se ao Governo, a fazer o que aquela excursão de incompetentes não soube fazer. Continuou no day after com a melhor televisão a ser a RTP 3. Enxuta, objectiva e directa. Entretanto nas sondagens quem se distinguiu pela incompetência e por andar sempre meia-dúzia de passos atrás dos acontecimentos, enquanto a desinformação circula abundantemente, aparece a liderar as intenções de voto, e com uma possível coligação, num namoro mal disfarçado, com a reunião-geral de alunos convertida em partido - Ilusão Liberal, que advoga a privatização do serviço público de rádio e televisão. Somos [são] burros e não querem aprender.
O doutor Relvas veio a público pelo Público dizer que o doutor Montenegro se devia deixar de paneleirices e aliar-se ao partido da taberna caso fique em segundo lugar nas legislativas, coisa aliás que já acontece nos Açores e até há pouco acontecia na Madeira, até o partido da taberna ter dado um murro no balcão e entornado a bebida toda. Diz o doutor Relvas que o partido da taberna não é de extrema-direita coisíssima nenhum, são é um bando de oportunistas, essa é que é essa, e que o doutor Montenegro deve apanhar a boleia e ser oportunista também. E de oportunidades deve perceber o doutor Montenegro, a atender à enxurrada de notícias com casas, casinos e avenças, dia sim dia sim, é tudo uma questão de deixar cair a máscara do "sentido de Estado" que ainda há muito para desmatar dentro do Estado. Nada como a frontalidade e os pratos limpos de alguém como o doutor Relvas, com estudos e créditos em matérias de oportunidades. A oportunidade e os oportunistas, tudo a bem dos negócios e da Nação.
A paginas tantas Montenegro, com aquele sorriso cínico de quem está permanentemente a gozar com os portugueses, atira que o ilusionista liberal Rocha é pobre a mal-agradecido, que ele, Montenegro, e o seu Governo, isentaram de impostos os prémios de produtividade. Pobres e mal-agradecidos são todos os portugueses, em quem Montenegro investe na gozação, das empregadas da limpeza aos seguranças, dos motoristas de transportes públicos às caixas de supermercado, dos contratos apalavrados na construção-civil aos empregados ao dia na restauração, todos os portugueses do salário mínimo e todos os portugueses dos 1 500 de salário médio, que não percebem o bom que é para a economia os CEO, os administradores, os quadros superiores, das grandes empresas e multinacionais verem isentados de imposto o que recebem por fora ou por passarem a receber mais em prémios do que em salário base. Deixem o Luís gozar com os portugueses.
Luís Montenegro não tem contas escondidas do Tribunal Constitucional, Luís Montenegro, como qualquer português de bem, tem várias contas a roçarem o mínimo legal exigido para serem declaradas.
Não foi a gasolineira de Braga que doou/ financiou o PSD, foram vários familiares do dono da gasolineira.
Conselho das Finanças Públicas alerta para efeitos nas contas públicas da revalorização salarial em várias carreiras da função pública e avisa que regras orçamentais europeias podem não ser cumpridas.