"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O "não é não" de Luís Montenegro a dar frutos. Governo de incidência parlamentar com o partido da taberna nos Açores; governo de incidência parlamentar com o partido da taberna na Madeira [viria o taberneiro roer a corda depois]; no cont' nente aplicar a agenda securitária do partido da taberna. Deve estar contente Montenegro, não aparece no cartaz que decora as paredes da bodega, é a pessoa que está atrás da objectiva, nas costas do polícia.
Marcelo a sair de um evento com o braço por cima da beata Maria de Belém recusa comentar a alegada candidatura do almirante à Presidência. Melhor imagem da miséria a que chegámos nestes 50 anos de democracia não podia haver. O pior do PS de braço dado com o pior do PSD, que podia muito bem ser o melhor da União Nacional. 40 anos depois temos os militares de regresso à vida política activa. E também foi para isto que se fez o 25 de Abril.
No "Altos e Baixos" do jornal do militante n.º 1 aka Expresso é assim que aparece classificado o taberneiro do PS, no alto, a subir. Não há muito mais para dizer. O vómito. Dois vómitos. De quem vomitou, e de quem comeu e regurgitou.
O "fenómeno" Moedas devia servir para o PS parar, fazer introspecção, autocrítica, a [dimensão da] porcaria que fizemos [fizeram] para um inepto e incompetente, mentiroso e propagandista, chegar a presidente da câmara de Lisboa. Infelizmente não é isso que vai acontecer.
Chegado de Marte há bocado, e logo nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros, descobre que há guerra na Ucrânia - vai para dois anos, que faz 6 meses uma guerra Israel - Hamas, e que há terrorismo no SAEL - há décadas. O mundo não está um lugar seguro, a instabilidade está aqui, em cima deste Governo, desiludam-se que não podemos dar tudo a todos como prometido em campanha eleitoral. O desonesto, Paulo Rangel.
Fim das portagens nas ex-SCUT, redução do IVA da electricidade, exclusão dos rendimentos dos filhos como condição para o acesso ao Complemento Solidário para Idosos, aumentar a despesa dedutível com arrendamento até atingir os 800 euros e alargar o apoio ao alojamento estudantil. "Ficamos à espera para ver como vão votar estas iniciativas". Assim o PCP e o Bloco ficaram à espera, depois dos infantários gratuitos, do passe social a 40 paus, das propinas, tudo medidas capitalizadas pelo PS nas eleições seguintes. O patinho, Pedro Nuno Santos.
Pedro Nuno moderou-se para conquistar o centro, que é como quem diz, Pedro Nuno abdicou de ser quem é para chegar a primeiro-ministro, porque as agências de comunicação, e outros artistas da "engenharia política", lhe disseram que é assim que a coisa funciona. O "mítico centro".
O taberneiro radicalizou-se ainda mais que o habitual, berrou, insultou, apontou o dedo a tudo e a todos, mentiu com quantos dentes tem na boca, lançou falsas acusações, e berrou outra vez, porque o seu instinto político assim lho ditou. E no final da noite tinha tinha roubado uma talhada de eleitores ao centro, onde aliás nasceu, recuperado um ror de eleitores à abstenção, e acabou a meter o centro no centrinho.
Todas as conquistas tiveram origem em lutas iniciadas por radicais em busca de uma utopia. E pelos vistos todos os retrocessos também. E onde é que ficou o centro? A trabalhar afincadamente na motivação dos radicais.
Na impossibilidade de estar no Capitólio, Lisboa, a gritar e a insultar, o taberneiro mandou os escudeiros fazerem barulho por ele. Nascido, criado e engordado pela mesma mãe - o PSD, Montenegro foi incapaz de dizer o óbvio, que as polícias são o garante da legalidade democrática e nunca um factor de insegurança e instabilidade. O resto do debate, e foi mais de uma hora, foi um monte negro político à nora que acabou a comparar o seu passado, "o meu passado chama-se Passos", a José Sócrates.
Morder o isco do taberneiro: gritaria, falar por cima, responder às constantes interrupções, perder o fio ao raciocínio, ser direccionado para o sítio onde o outro o queria ver sentado, tentar responder no mesmo tom e ficar automaticamente em sentido perante um "não me interrompa" dito por quem não faz outra coisa que não interromper o tempo todo. Acordar para o jogo a 5 minutos do apito final e terminar penosamente nos descontos com "isso é mentira, isso é mentira" ainda assim em tom baixo e moderado. Escolher uma gravata cor Legião Portuguesa no lado esquerdo do ecrã perante um oponente de gravata laranja do lado direito, começar a falar e as pessoas instintivamente olharem para o lado direito, para o gajo que interrompia, fazia interjeições, largava dixotes, ninguém reter nada do que estava a ser dito. Há uns, antes de estar disponível no tubo, o The Independent ofereceu o Kennedy vs. Nixon com a edição em papel, mas no Rato ninguém fala 'amaricano' desde que Mário Soares começou a ler o Le Monde. Não há um segundo debate para Pedro Nuno Santos.
"Muito bem-apessoado, este rapaz que está agora no PS", as MILF e as GILF na loja. Não é o "muito bem-apessoado", é o "que está agora", percebemos todos? É novo, não tem passado, como o outro, o do "chama-se Passos". Já entrou a ganhar. Bem pode a direita, falha de ideias, rabiar.
O dia em que "o pai do monstro", e mentor de uma clique que vai de Dias Loureiro a Duarte Lima passando por Oliveira e Costa e Arlindo de Carvalho, apontou o dedo à falta de qualidade dos ministros socialistas, invocou Ricardo Paes Mamede [!!!] e acabou a dar razão a José Sócrates, que as dívidas dos Estados são por definição eternas, gerem-se, fazendo de conta que o argumento das "contas certas" não foi utilizado por Passos Coelho como álibi para cortar salários, pensões e prestações sociais. Cavaco está checé ou é simplesmente a habitual desonestidade intelectual?
[Link na imagem "British prime minister Margaret Thatcher covering her face with her hand at the 1985 Conservative Party Conference]
"O candidato que o PSD não tem mas que gostava de ter", podia muito bem ser o lema da candidatura de José Luís Carneiro a secretário-geral do PS. Fazia o pleno, o dos políticos reco-reco, que não andam nem desandam, também conhecidos como "centro político", e o dos analistas e comentadeiros que passam os dias a dizer às pessoas que o reco-reco é que ganha eleições, dá estabilidade e prosperidade ao país, como se alguma conquista na história da humanidade não o tivesse sido por força dos radicais.