"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Formar uma maioria parlamentar, constituir um Governo, e governar com um programa radicalmente oposto ao programa de governo que foi proposto aos cidadãos durante a campanha eleitoral, não só não é uma fraude e uma mentira, como é prenhe de legitimidade.
Apresentar-se na casa da democracia aos deputados eleitos pelo povo, em eleições livres e democráticas, com um "programa de governo" para ser "a voz do povo", e ser eleito por 2/3 dos representantes dos cidadãos, não só "não dá garantias de isenção e imparcialidade" como se deve demitir deve tirar as devidas ilações. Parafraseando o alegado primeiro-ministro, o PSD e o CDS-PP que "não confundam os seus desejos com a vontade do país".
E já que “eles” não se entendem não vai ser por “nossa” causa que vai haver provedor, era o que mais faltava! E uma vez que ou o provedor é comunista ou não há provedor, não se pode seguir o exemplo do Querido Líder norte-coreano e a coisa passar a ser hereditária para ver se saímos de uma vez por todas desta embrulhada?
Saudosos tempos do slogan “Por Uma Maioria de Esquerda”.
Post-Scriptum: Penso ser chegada a hora de equacionar se a nomeação dos provedores não deveria ser competência da Presidência da República.
A descrição de um estrangeiro, aos poucos assimilado pela cultura e hábitos de Austral-Fénix, o país fictício onde decorre a acção. Reza assim o último parágrafo na página 32 (negrito meu):
«(…) mais tarde ou mais cedo, iam se adaptando, assumindo um pouco dos costumes locais, uns valores que esmaeciam aqui e ali, uma conduta mais elástica e curvilínea, um medo aprendido, uma concessãozinha sem importância e daqui a pouco, gloriosa e aliviadamente, mais um feneciano (natural de Austral-Fénix) da gema, por escolha, com muito orgulho. Sem face e sem-cabeça, sem culpa, adequado, aerodinâmico.»