"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Chegado de Marte há bocado, e logo nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros, descobre que há guerra na Ucrânia - vai para dois anos, que faz 6 meses uma guerra Israel - Hamas, e que há terrorismo no SAEL - há décadas. O mundo não está um lugar seguro, a instabilidade está aqui, em cima deste Governo, desiludam-se que não podemos dar tudo a todos como prometido em campanha eleitoral. O desonesto, Paulo Rangel.
Fim das portagens nas ex-SCUT, redução do IVA da electricidade, exclusão dos rendimentos dos filhos como condição para o acesso ao Complemento Solidário para Idosos, aumentar a despesa dedutível com arrendamento até atingir os 800 euros e alargar o apoio ao alojamento estudantil. "Ficamos à espera para ver como vão votar estas iniciativas". Assim o PCP e o Bloco ficaram à espera, depois dos infantários gratuitos, do passe social a 40 paus, das propinas, tudo medidas capitalizadas pelo PS nas eleições seguintes. O patinho, Pedro Nuno Santos.
O Estado é administrado por Governos saídos da Assembleia da República constituída por deputados eleitos nas listas dos partidos em eleições livres e democráticas. O CDS, caso consiga chegar à administração do Estado a partir do acto eleitoral, não se propõe "reformar o Estado" [sem piadismo] por forma a que o atraso nos pagamentos não seja a regra mas a excepção. Não. O CDS propõe que os atrasos continuem tal e qual os conhecemos mas que o "desconto" fique por conta do credor. Um partido de pantomineiros.
Rui Rio promete reduzir a taxa de IRC, passando dos actuais 21% para os 19% em 2020, até chegar a 17% em 2023: menos 1.600 milhões de euros, medida majorada no interior, o que quer que isso signifique, qualquer que seja o maluco que vá investir onde não há tribunal, finanças, estação dos correios, bancos, para já não falar em escolas e postos de saúde;
Rui Rio promete uma descida do IRS para a "classe média", sem avançar valores;
Rui Rio promete uma descida do IRS para quem tem rendimentos mensais entre os mil e os dois mil euros, menos 3,7 mil milhões de euros;
Rui Rio promete medidas sortido rico para as empresas que investem e exportam: alargamento do prazo de reporte de prejuízos para dez anos, o reforço do regime fiscal de patentes e inovações, menos 300 milhões de euros;
Partindo da premissa simples que o dinheiro não estica nem nasce do chão, que toda a gente aprende em casa desde pequenino, com tanta conta de subtrair ao Orçamento do Estado onde é que Rui Rio vai buscar o dinheiro para cumprir as obrigações do Estado e ainda assegurar, e até melhorar, como não se cansa de repetir, o regular funcionamento do Estado social tal e qual o temos e conhecemos?
Dizem os analistas e os paineleiros do comentário político, nas televisões e nos jornais, que os partidos preferem trocar acusações e discutir o acessório em vez de serem esclarecedores e que o povéu vai a votos sem saber da bondade das propostas, nomeadamente dos partidos do “arco da troika” (expressão fanada a Medeiros Ferreira) e do programa de Governo comum aos três, previamente escrito e carimbado na Rua da Alfandega pelo “senhor olhos azuis” y sus muchachos.
E era suposto saber? A bondade do comentador.
Curiosamente, quando escrevia estas linhas, o Word perguntou-me se queria substituir “a bondade” por “a bondage”. A Bondage que vai vir, do ponto do vista do povéu, parece-me bem.
Como se não bastasse aos governos em exercício durante o reinado do déspota iluminado Aníbal I terem uma duração de 5 anos menos 3 meses, que é aquela altura em que estão inibidos de legislar porque a seguir vão haver eleições, corremos agora o risco de poder vir a ter um Governo-Reset: reset a tudo o que foi anteriormente feito e reset à nossa memória colectiva.