"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Desinformação, racismo, fakenews, aquecimento global, blah-blah-blah, poluição, feminismo, pegada alimentar, igualdade, patati patatá, à cautela o melhor é ir tratando da vidinha, que custa a todos, enquanto não se faz um programa sobre precaridade, exploração extrema, total ausência de direitos e garantias, o capitalismo selvagem elevado à sua máxima potência, que sou uma mulher de causas, muito moderna, muito coerente.
Ao invés de entrevistas da treta dadas à secretária dos banqueiros, Judite de Sousa, e onde disse nada sobre coisa nenhuma e ainda lhe sobrou tempo para mostrar o vazio de ideias e os projectos que não tem para Portugal, porque lhe pagam para executar políticas e não para pensar, era muito mais esclarecedor que Pedro Passos Coelho explicasse aos portugueses porque é que passadas que são 10 – dez – 10 avaliações da troika, todas elas com êxito estrondoso, e as únicas dez vezes, desde o dia 21 de Junho de 2011, em que o Governo, desde o sub-sub-sub-secretário ao ministro de Estado e Tudo, falou a uma só voz para confirmar o estrondo do êxito, é necessário recorrer a um "programa cautelar" do qual a Irlanda fugiu a sete pés, e nós somos celtas e não helenos, segundo o vice dos botões de punho, o mesmo programa que o Presidente que suporta o Governo aconselhou os políticos a estudar no que consistia. Depois o resto era muito mais fácil para nós, além de nos poupar ao rendilhado barítono da conversa do nada sobre coisa nenhuma.
Não fosse o Tribunal Constitucional e os mercados que há muito não davam credibilidade ao Governo português e já olhavam para a nova equipa de gestão como uma boa notícia; não fosse o Tribunal Constitucional e os mercados que já tinham incorporado a informação de que o Governo PSD/ CDS-PP ia respeitar as metas do défice, e que faria tudo o que fosse necessário para que se cumprissem essas metas, até porque foi o PSD que andou sempre anda atrás do Governo socialista-despesista-irresponsável para cortar; não fosse o Tribunal Constitucional e as agências de notação financeira que já se preparavam para restituir a credibilidade a Portugal e subir o rating da Nação com as medidas do PSD; não fosse a militância política do Tribunal Constitucional deitar tudo a perder e os mercados já não se fiarem no Governo PSD/ CDS-PP em Portugal que precisa agora de um fiador para regressar aos mercados, de rastos e com a economia destruída. Estava tudo a correr tão bem, não fosse o Tribunal Constitucional.
Daqui para a frente, até à queda, vai ser sempre assim, "não fosse o Tribunal Constitucional…".