"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Como correram bem para o Estado, e com grande proveito para o erário público, o bolso do contribuinte, a qualidade dos serviços prestados - não obrigatoriamente por esta ordem, as privatizações das telecomunicações, dos CTT, da GALP, das barragens, da rede eléctrica, da EDP, das celuloses e cimenteiras, começa agora uma "vaga de fundo" para a privatização da saúde, quer seja pela retirada de competências ao Serviço Nacional de Saúde, quer pela entrega de hospitais públicos a grupos privados de saúde. Até quando as pessoas vão engolir que o privado - particular, que é condicionado ou reservado, é melhor que o público - para o uso de todos, relativo ou pertencente ao povo, à população?
Escreve António Cunha, CEO Grupo Aquapor, que o desperdício de água em Peso da Régua - entidade pública, é de 74%, ao passo que na privada de Santo Tirso se ficam pelos 10%, daí a água ser mais cara nesta última. Como as teorias económicas não funcionam no tugão como funcionam noutras latitudes e são ensinadas na escola, vide a lei da oferta e da procura em Portugal onde o preço aumenta quando a oferta diminui e torna a aumentar quando a oferta aumenta para fazer face à queda na procura, se calhar mais vale deixar a água ir por água abaixo uma vez que a mais valia de 64% da água privada vs. água pública não se reflecte no bolso dos bebe-agua mas sim no do accionista. Como diz o povo, vai mas é dar banho ao cão.
Todas as privatizações de sectores estratégicos da economia começaram com uma abertura a "investidores" privados, a maioria do capital detido pelo Estado, e uma blindagem estatutária ou "golden share" a impedir o privado de ultrapassar 49% do capital da empresa ou da sociedade.
"Presidente do PSD admite que a Caixa Geral de Depósitos pode vir a ser alvo de privatização, mas mantendo a posição de maioria do Estado."
Como eles gostavam de dizer, de dedo esticado em todas as direcções, acusando tudo e todos os que os tinham antecedido, "a herança que vamos deixar às gerações vindouras".
"Estado já gastou 55% dos fundos da banca para travar défice de 2011"
Pedro Passos Coelho acusa o Governo de falta de transparência no processo de privatização da TAP e espera obter esclarecimentos "o mais rapidamente possível", defendendo, ainda, que o Governo não deve ficar à espera que sejam os partidos a chamar o executivo ao parlamento.
"Esta não é uma maneira correta, adulta, não é uma forma madura de tratar os portugueses e a política portuguesa", disse.
Percebem agora porque é que o mangas de alpaca que a direita tem no governo do Banco de Portugal e onde lava as mãos consoante as conveniências contratou Sérgio Monteiro, com mestrado em PPP’s e doutoramento em contratos swap, para fazer uma, mais uma PPP com o Novo Banco?
«Bancos ficaram com o poder de mandar o Estado renacionalizar a TAP. E de obter nova garantia pública à dívida. Nunca uma privatização tinha tido estas condições.
[*] A outra metade da história saberemos mais tarde quando a História nos fizer o relato da 'abditae causae' por detrás do frenesim privatizador de Sérgio Monteiro num Governo em final de mandato
O Governo que se inibe de nomear dirigentes para a administração pública porque estamos a um mês das eleições é o mesmo Governo que privatiza por ajuste directo a um mês das eleições. Impolutos e eticamente inatacáveis.
E fazendo de conta que a gente não deu por nenhum deputado ter perguntado ao excelentíssimo doutor secretário de Estado por que raios é que um privado vai querer gastar nos próximos 20 anos em juros aquilo que o Estado vai poupar em igual período de tempo e que justifica a que se queira ver livre das empresas, schnell, schnell, que as eleições ao já no fim do Verão, podia ao menoso senhor, excelentíssimo doutor secretário de Estado, ter esclarecido quanto é que o Estado deixou de embolsar, por via dos pagamentos de comissões e avenças várias a escritórios de advogados e facilitadores vários ligados aos partidos da coligação, com ou sem o aval ministerial, numa duplicação de funções e outsourcing que até era para acabar de vez, segundo o Guião para a Reforma do Estado, mesmo com caracteres extra large e espaçamento duplo entre linhas e tudo.
Não sei o que é mais surpreendente, se o haver pessoas com [falta de] carácter suficiente ao ponto de verem o seu nome associado ao de Pires de Lima para se fazerem passar por representantes do ministro da Economia, se as pessoas terem já assimilado que representando de Pires de Lima podem retirar vantagens económicas e benefícios vários das privatizações.