"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A legião que na blogocoisa lusa fez mais campanha por Obama que os próprios supporters do candidato nos States fizeram, vai dividir-se. Uns quantos vão calar-se para sempre – leia-se até lá para 2012. Outros tantos vão fazer uma gimnástica contorcionista tal para explicar a argúcia e a inteligência e a visão política do futuro presidente que, até vai parecer que o Homem de Borracha tem ossos. Entretanto nos blogues dos agitadores tugas pró McCain vão gradualmente começar a aparecer banners“O”. Isto é tão giro!
Recentemente regressado de um raid efectuado pela blogosfera onde recolhi informações várias, sou levado a concluir haver grande azia a estibordo causada pela vitória de Obama. Só comparável à azia que assolou o bombordo aquando da vitória do Ronaldo “cóboi” Reagen. No worry, isso passa-vos. Palavra!
E não me refiro a ler as entrelinhas (quando as há!) dos actores políticos nos jornais e nas televisões. Ou ver a Quadratura do Círculo ou aquele inenarrável programa na RTP N onde o Carlos Abreu Amorim aparece a mostrar a cremalheira. Ou o esgrimir de posições e as picardias na blogocoisa.
É chegar a casa por volta das 18 e reparar que uma das residentes, ainda sem idade para votar, e que habitualmente tem a televisão na MTV, SIC Radical ou VH1, está colada à CNN, enquanto de portátil nos joelhos navega entre o NYT e o The Huffington Post.
E por lá se mantém até ser vencida pelo sono. Eram duas da manhã.
Hoje acordei dividido entre o Sign O’ The Times de Prince e o Bobby Brown de Frank Zappa.
Vi na televisão um comício onde John McCain, perante uma plateia ululante, levantava suspeitas sobre a origem dos fundos da campanha de Obama. Dava especial ênfase ao facto do seu adversário na corrida ter recusado a subvenção estatal.
Não deixa de ser curioso este género de argumentação na boca de um republicano que faz toda a campanha “contra Washington”; contra a subsídio-dependência; por menos Estado na vida dos cidadãos; contra um cidadão-candidato que, na melhor tradição republicana, recusou a mão do Estado.
Vinha no carro a ouvir a TSF e sai-me uma reportagem da jornalista Maria Augusta Casaca, que foi desencantar em terras do Tio Sam um português com dupla nacionalidade, que deu o salto para os States há já 50 anos para fugir à Guerra Colonial.
Diz o Jorge Aleixo, que agora é John Alexander, que vota sempre Republicano, mas que desta vez vai votar contrariado porque o John McCain é demasiado à esquerda.
Uma coisa é um gajo fugir à guerra, a mesma coisa outra coisa é votar no partido que manda/ ou os filhos dos amaricanos para a guerra; digo eu. Coerências.
A juntar ao The Official George W. Bush"Days Left In Office"Countdown, há desde ontem, aqui na coluna da esquerda, o barómetro das intenções de voto para as presidenciais norte-americanas, actualizado regularmente pela prestigiada Rasmunssen Reports.