"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O Governo, preocupado com as emissões de carbono e com o princípio "um carro uma pessoa", que congestiona as estradas de Lisboa, e com a Greta sueca e com as novas gerações, que não ligam a ponta de um corno à política mas que estão sempre de olho vivo nestas coisas, chatos do caraças, foi todo de fotografia para o autocarro a gás para a fotografia na Presidência do Conselho de Ministros [e não, não há aqui nenhum erro na construção da frase que a ideia subjacente à propaganda governamental foi mesmo esta, fotografia-autocarro-fotografia] que para a próxima legislatura, se Deus quiser, há-de ser um autocarro eléctrico. Nos outros 364 dias do ano cada ministro vai no seu topo de gama com o respectivo motorista. Onde é que já se viu um ministro andar de transporte público no país onde nem um líder duma bancada parlamentar pode andar de Renault Clio? Há dignidades, caralho! Depois queixam-se dos Andrés Venturas desta vida.
Aqui há uns tempos, já na vigência da troika e na implementação do programa de desmantelamento do Estado social e extermínio dos funcionários públicos, deu grande rebuliço nos media um dos tais a exterminar que gastou não-sei-quantos milhares de euros em chamadas para linhas de valor acrescentado. Um funcionário público, o malandro, o chulo, o Orçamento do Estado, o dinheiro dos contribuintes, se fosse no privado… Aliás, ou há liaz como diz o senhor Coelho, no privado estas coisas nem se colocam, andam ali direitinhos que nem fusos, olá se andam.
Deve ser alguma linha dessas, jogos, concursos, ou chamadas eróticas. Me liga, vai…
Acusado dos crimes de abuso de poder, violação de segredo de Estado e de acesso indevido a dados pessoais, pede a exoneração e vai trabalhar para a empresa para a qual passou informações classificadas enquanto director dos Serviços de Informações Estratégicas de Defesa, continuando, como administrador da empresa privada que tinha favorecido enquanto funcionário do Estado, a pedir dados aos operacionais que lhe eram próximos no serviço do Estado que dirigiu.
Isto na mesma semana em que foi apresentada a graaaaande meta, os "alvos" do Governo: reduzir radicalmente o peso salarial dos funcionários menos qualificados, "assistentes operacionais e assistentes técnicos" da Função Pública, alguns com dezenas de anos de dedicação à profissão e lealdade à administração pública.
Parafraseando o alegado primeiro-ministro, esta reintegração deve ser encarada como uma oportunidade e não como uma ameaça e, talvez, mais um passo no caminho de alinhar o regime privado com o regime público. Tipo promiscuidade e falta de respeito pelo cidadão eleitor-contribuinte?
O presidente do Vitória de Setúbal também está preocupado porque o seu clube não fez o trabalho de casa o Benfica não ganha jogos para evitar a descida de divisão do clube a que mal preside.