"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A culpa é do PSOE, a culpa é do Sanchez, a culpa é do rei, a culpa é do Mazón. Asesinos! Asesinos! Fuera! Fuera!
A culpa não é de quem votou em negacionistas climáticos, a culpa não é de quem votou em quem ignora os alertas da Agência Estatal de Meteorologia, a culpa não é de quem suporta um governo PP/ Vox que "eliminó la Unidad de Emergencias Valenciana porque no mejoraba ni ampliaba los servicios" ao mesmo tempo que canalizava 17 milhões de euros para os negócios das touradas. Este ano há muitos espelhos a distribuir pelo Pai Natal na Comunidad Valenciana pela Navidad.
Começa a avença a mentir com quantos dentes tem na boca, foi o PP, desde o primeiro minuto, o único a assacar culpas à ETA pelos atentados, e continuou Aznar contra todas as evidências a apontar o dedo aos etarras, já a investigação policial criminal apontava para o terrorismo islãmico. Daí até ao trucidar de partido nas urnas foi menos de um fósforo. Um peru menor. Não havia redes sociais mas tínhamos os blogues no apogeu a passarem informação em tempo real mais rápido que as agências de informação e os media tradicionais. Outro peru menor. Entusiasmada continua. Ela em pequenina ia a Espanha e pelo caminho os pais e os irmãos "aqui foi assassinado pela ETA o não sei quantos, ali foi assassinado o não sei quem", o chamado turismo terrorista. Não se levam herdeiros dos terroristas para o Governo, a menos que sejam franquistas. Ou ex bombistas do MDLP, sentados no Parlamento nas cadeiras onde antes se sentavam os doutores do CDS e que servem de base de apoio ao Governo PSD nos Açores. Ou se o PP fizer um acordo com o EH Bildu em Vitoria, os terroristas bons, com sentido de Estado, porque o PSOE está a sequestrar a democracia. Ela depois faz uma adenda.
Quando íamos a España o meu pai também pelo caminho "ali a ETA matou sicrano", "aqui o Paquirri cortou 3 orelhas e 1 rabo", "acolá os GAL meteram uma bomba", "aqui fazem umas tapas de boquerones en vinagre que são um espectáculo". A minha família sempre foi muito ecléctica. Não tenho é jeito nenhum para a escrita. Nem para me movimentar nos meandros do amiguismo lisboeta.
"Sou comentadora porque passei anos a escrever - bem - em blogues. E depois passei anos a escrever - bem - em jornais", escreveu a escrivã um destes dias no Twitter.
Uma gaffe é quando alguém se engana ou se baralha, não é quando deixa inconscientemente sair o que lhe vai na alma, ou o que pensa sobre o mundo que o rodeia, por detrás da gravata e dos botões de punho de uma imagem fabricada de responsabilidade, por ter a noção de que o que diz está errado e que choca com aquilo que a sociedade em que se insere condena:
Se o PCP ou o Bloco manifestarem o apoio a alguma acção mais “radical”, vem logo por aí abaixo o PPD e o PSD, com Pacheco Pereira à cabeça, mais o democrata-mor Paulo Portas, e os cães de guarda na blogosfera – insurgentes, blasfemos, cachimbeiros, e o caralho, todos num 31 armado – a ladrar às canelas: