"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Um exercício para fazer nos dias que correm: perguntar, por esta ordem, a um pantomineiro de direita, e/ ou liberal, o que acha da múmia de Lenine, na Praça Vermelha em Moscovo, e depois o que pensa sobre o coração de D. Pedro na Igreja da Lapa no Porto; repetir a pergunta a um ignorante comunista, ignorante no sentido histórico, da barbárie de 1917 até à morte de Estaline, sobre o coração de D. Pedro e a múmia de Lenine, também por esta ordem. Há coisas fantásticas.
[Na imagem, relíquia de S. Francisco Xavier, autor desconhecido. Título do post fanado]
Cuba, Venezuela, heróis cool, Che Guevara, blah-blah-blah, os valores liberais na pessoa de um rei do séc. XIX transpostos e assumidos por pessoas no séc. XXI, directamente sem "evolução das espécies".
O excelentíssimo presidente da câmara municipal da antiga, mui nobre, sempre leal e invicta cidade do Porto é genuinamente pateta ou é só mais uma vítima da silly season e do sol a mais na moleirinha?
Rui Pedro da Silva Afonso, cabeça de lista do Chega pelo círculo eleitoral do Porto, e com sérias possibilidades de ser eleito deputado da Nação, classifica o orçamento do Serviço Nacional de Saúde como "rede de interesses do PS". Isto, mais que ignorância, é o triunfo da imbecilidade.
Todos vimos e ouvimos o vice-almirante Gouveia e Melo no telejornal da noite da televisão do militante n.º 1, SIC Notícias, depois de ser medalhado pelo Presidente da República, dizer que as metas da vacinação vão ser cumpridas, apesar do "Queimódromo" do Porto estar suspenso. Portanto esta privatização da vacinação é só uma questão ideológica e de amiguismo do presidente da câmara do Porto, com a cumplicidade e complacência do Governo PS. E isto tem um nome: liberalismo cultural, ou cegueira ideológica, ou com as calças do meu pai sou um homem, que é como quem diz o dinheiro do contribuinte é um poço sem fundo.
À direita, que no início da pandemia afiançava o Serviço Nacional de Saúde não ter capacidade para assumir a hercúlea missão de vacinar um país inteiro e que para tal era necessário privatizar a vacinação, cabe agora a tarefa de explicar ao país inteiro porque é que da única vez que a vacinação foi privatizada deu merda.
Só um irracional e profundo ódio a "Lisboua", à moirama, pode explicar as bojardas de alguém que anda há dezenas de anos no futebol e conhece como ninguém o comportamento dos adeptos bifes nas deslocações ao estrangeiro e a países sem restrição de venda de bebidas alcoolócias.
A dona Maria Guilhermina, da Casa Botónia no Porto, desmonta o parlapié da direita do tugão das empresas que criam riqueza, do cortar na massa salarial e do despedir em tempos de crise.
Marcelo Rebelo de Sousa, que auto-confinou por vontade presidencial em Março de 2020, havia meia centena de casos e menos de uma mão de mortos, e que logo no desconfinamento andou de norte a sul do país a ver se a água das praias estava boa de sal, enquanto bebia imperais em alegres cavaqueiras grupais e partilhava bolas de Berlim com putos que lhe apareciam pela frente, depois de ter salvo duas jovens de morrerem afogadas com água pelo joelho; Marcelo Rebelo de Sousa que "não é especialista em regras sanitárias", depois de ter apelado a muitos milhares na Feira do Livro de Lisboa e na Fórmula 1 no Algarve, enquanto perorava sobre a "percepção negativa" que as pessoas têm da Festa do Avante!, Marcelo Rebelo de Sousa que explicou a todos os portugueses como haviam de contornar as restrições do Natal, que tanto se "empenhara" em salvar, para logo a seguir fazer uma visita de campanha eleitoral a um lar de idosos, sem saber o resultado de um dos milhentos testes Covid que já fez desde que a pandemia deu à costa, com as televisões a passarem imagens da urgência do hospital de Setúbal a rebentar pelas costuras, com doentes arrumados pelo chão onde havia espaço, e do hospital de Torres Vedras, com ambulâncias com cinco horas de fila de espera, enquanto aproveitava para passar um ralhete aos portugueses por não levarem o confinamento a sério; Marcelo Rebelo de Sousa, depois de toda a pressão que fez sobre o Governo para um segundo confinamento, com encerramento das escolas, no dia em que toma posse para novo mandato presidencial vai a assapar para o Porto para um passeio pelo bairro do Cerco, perante a estupefacção os portugueses confinados, incrédulos nas janelas e varandas, rodeado por uma multidão de jornalistas e por outros mais afoitos que viram aqui o sinal de partida para o que aí vem. A seguir vamos todos salvar a Páscoa.
Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", fez figura de __________ na inauguração da feira do livro no Porto, interpelado por uma cidadã a filmar-se para ser filmada - no futuro todos vão querer os seus 15 minutos de anonimato, enquanto gastava os seus 15 minutos de fama num ror de lamurias, com mentiras à la Chega à mistura - o não aumento do salário mínimo nacional que foi aumentado pela primeira vez em muitos anos durante os anos da 'geringonça'.
Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", fez figura de __________ na inauguração da feira do livro no Porto; Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", foi apanhado desprevenido, ou Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", que inventa menus de degustação com sopas de nome franciu, fez figura de ___________ consciente da figura de ___________ que estava a fazer?
Marcelo, o "supremo magistrado da Nação", e a vida negra que António Costa vai ter no segundo mandato de Marcelo, como "supremo magistrado da Nação", e os sapos que vai ter engolir todos os dias com o apelo ao voto que fez.
A TAP, como empresa privada que é, não quer ganhar dinheiro e por isso só retoma três rotas a partir do Porto?
A TAP, como empresa privada que é, está apostada em perder dinheiro com as 73 rotas a partir de Lisboa, que não fazem falta ali mas noutro ponto cardeal?
A administração da empresa privada TAP optou por 73 rotas a partir de Lisboa e três a partir do Porto só para chatear Rui Moreira, o PS Porto, Rui Rio, Pinto da Costa e qualquer um que apareça a falar do centralismo de Lisboa?
A TAP, como empresa privada que é, devia começar já com 10 voos de manhã e mais 10 à tarde, do Porto para algum lado e para lado nenhum, só porque tem as cores da bandeira portuguesa?
A TAP, como empresa privada que é, devia ter gestão pública de atirar dinheiro para aviões vazios porque o Estado detém 50% do capital e é o último a falar e quando chega a sua vez fica calado porque não tem voto na matéria?
É que convinha esclarecer uma quantidade de coisas antes de termos todos de gramar com mais populismo, agora em modo regionalismo-futeboleiro.