"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E sim, é de pornografia que se trata. Alguém que vai à tomada de posse do governo, de um partido alegadamente socialista, com sapatos de 645 paus o par nos chispes, é bukkake na cara de milhares de portugueses que auferem isso mensalmente e levam a vida direitinha, de sol a sol, transportes públicos incluídos.
O padrão mantêm-se mas assiste-se a uma passagem de nível no "jogo". Onde antes se lia "defesa da família, da moral e dos bons costumes", tudo arrumadinho dentro da sacola dos valores da[s] igreja[s] e da[s] religões, lê-se agora "eliminar estereótipos, igualdade de género, condição femininina, exploração da mulher"[como se o porno fosse só mulheres no ecran...], com o argumento da modernidade e da vanguarda europeia, farol que ilumina o mundo. Os censores puritanos, esses, continuam a ser exactamente os mesmos.
Tudo o que realmente importa, tudo o que vai a jogo, está explicadinho, tintim por tintim, no clip retirado do The People vs. Larry Flint de Milos Forman. O resto é conversa de quem lhe sobra tempo para ter boas intenções que vão continuar a encher o Inferno.
E nem sequer estou a falar da hipocrisia de quem lucra milhões com a maior indústria de produção e comercialização porno do planeta. Esta gente é perigosa, mesmo fora da Casa Branca.
Ou como ver pornografia podia ajudar a perceber a Europa, a melhorar a economia e a zona euro.
Nos sites porno, onde as categorias descem ou sobem na homepage [popular searches] consoante o número de cliques efectuados pelos utilizadores, a categoria “German” é muito fraca de rating, aparece muitas páginas abaixo da categoria “Latina” e até mesmo abaixo de “Russian”, “French”, ou “Thai”. É ver uma e ver a outra para perceber o porquê do (in)sucesso. No entanto é o subgrupo “German” que domina pornograficamente a Europa e as pessoas.E as pessoas não se indagam do porquê das suas preferências serem desta maneira pervertidas [do latim per vertere, pôr de lado ou pôr-se à parte].
Enquanto dominar a “verdade” judaico-cristã do pecado sai sempre a resposta “eu não vejo pornografia”. Deus me livre!
“Um Porsche, um fato e uma empregada de limpeza” e “Strauss-Kahn e Sarkozy: discussão no WC” e mais “alegada vítima pode ter sida”. O Expresso online com o affair DSK parece o finado 24 Horas. “Jornalismo arejado”, Pinto Balsemão dixit.
A bem da transparência a factura da Internet devia ser mostrada aos fiéis uma vez por mês no final da missa dominical e depois de deglutida a hóstia, para que a paz de espirito dos fiéis não seja tomada por suspeitas de que Satanás deambula pelo interior da casa de Deus travestido de porno amateurs, girl friend vídeos, red tube, x tube e outros tubes que não cabem agora aqui, que isto é um blogue sério feito por gente séria e pai de família, embora às vezes não pareça.
Sobre o negro historial pedófilo, e como a polícia anda aí em força, as descargas e os visionamentos à partida são descartáveis e por hora podem, os crentes em geral e os fiéis no particular, ir às respectivas vidas descansados (?) e na Paz do Senhor. Ámen.
Como houve muita gente a não perceber, e outros tantos a fazerem-se desentendidos com o que aqui foi escrito, vou tentar ser mais explícito:
Com a saída de José Eduardo Moniz da TVI, a continuidade de Manuela Moura Guedes à frente do Jornal Nacional das sextas-feiras era uma questão de tempo.
Se eu fosse um adepto da teoria da conspiração diria que o timing certo era hoje: campanha eleitoral às portas, notícias de pressões do poder político sobre o poder económico, entrevista à própria Manuela Moura Guedes no Público. Ou era agora ou nunca.
Saiu com estrondo, deixou a suspeição no ar e deixou o caminho armadilhado a José Sócrates e ao PS. De mestre.
Mas isso era se eu fosse um adepto da teoria da conspiração.
Se não for pedir muito, podemos passar à Política e à Economia e ao País?
Até à hora da publicação deste post não consta que os descobridores possam vir a ser inibidos das suas funções de pais e / ou encarregados de educação pelo facto de andarem a consumir pornografia na Internet.
Pergunta: “Porque é que estás a olhar para mim?”
Resposta: “Como é que sabes que eu estou a olhar para ti?”
Conversa de merda é, como muito bem escreve o Carlos Alberto, ouvir gajos ainda do tempo de ler a Gina às escondidas dos pais, argumentar que o Magalhães facilita o acesso a sites pornográficos, ainda assim os meninos não escrevam “vagina” e “ratas” (*) no Google search.
Cá em casa há um puto que começou a andar pela net ainda antes de saber escrever e sem Parental Advisory. À parte um vírus marado que apanhou no sítio dos Transformers, nunca demos notícia de andar a bisbilhotar o RedTube ou o Megarotic ou o Pornoamateurs ou outros que tais.
Mas isso também é como tudo. Há os que dentro das aulas se vão aos professores por causa do telemóvel, e os que antes de entrar têm a preocupação de o desligar.
Conversa de merda. Pornografia my ass! Isto cheira-me é, como diz “o outro”, a bota-abaixismo.
(*) Como os tempos mudam! Quando era puto ninguém dizia “vagina” ou “rata”. Era mais uma palavra começada por C acabada em A e com um N no meio. Mas isso era aqui em Setúbal e na escola pública. Como não tive o azar de nascer na Linha e de andar no colégio privado, não conheço as outras realidades.