"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O senhor que não se inibe de convocar os jornalistas para largar postas sobre política fiscal, competitividade, crescimento económico, malandros que não querem trabalhar por dá cá aquela embalagem e, pasme-se, apoios do Estado às empresas, não ao malandros, levou 36 milhões de euros de multa por induzir os consumidores em erro e infringir os interesses colectivos dos ditos, na Polónia, sítio onde a entidade reguladora funciona e actua e onde pelos vistos também estamos a ser ultrapassados pelos países de leste e ex-comunistas, no ranking do combate ao chico-espertismo, aquele que a direita não invoca para falar do "socialismo" e meter medo com a "venezuelização", nem o Ilusão Liberal faz um meme com barras de cores em espaços temporários cirúrgicos, se calhar por se enquadrar no célebre "ódio ao lucro" e "inveja de quem investe".
Independentemente do discurso alucinado do ocidente que incentiva a pedofilia, da destruição da família, do "vejam que até há casamentos entre pessoas do mesmo sexo!", e da parte que não passou nas televisões, a da Ucrânia como peão avançado contra a Rússia, pela Polónia e pelo império Austro-Húngaro no séc. XIX, não é nada de novo, já vem de trás, o que vimos foi Biden na Polónia fazer 50 metros num passadiço pelo meio dos polacos para discursar no meio dos polacos, e Putin na véspera a sair dos bastidores para discursar a 50 metros do inner circle russo, com uma grande maioria do auditório com cara de "deixa-me lá marcar presença e bater palmas que é para um destes dias lá em casa não cair da janela".
No dia 27 libertaram Auschwitz, no dia 28 o NKVD, antecessor do KGB, começava a enviar os guerrilheiros do Armia Krajowa para o Gulag em Kolimá, que só diferia de Auschwitz por não ter crematório, e de onde a esmagadora maioria nunca regressaria, antes de uma pausa na margem do Vístula, ordenada por Estaline ao Exército Vermelho, por forma a dar tempo aos nazis de fazerem a "limpeza" de Varsóvia, depois de dois meses de uma revolta liderada pela resistência. Há mais horrores que requerem mobilização de todos para que a história não se repita e para que a memória nunca se apague, que memória apagada é morrer duas vezes.
A 18 de Setembro de 1939, um dia depois do início da invasão da Polónia pelo Exército Vermelho, e menos de um mês após o Pacto Molotov-Ribbentrop, o PCP explicou aos seus militantes os motivos da ocupação. Fê-lo através da distribuição clandestina de duas folhas volantes queencontrei em maços do Arquivo do Ministério do Interior, e que tinham sido apreendidas em rusgas e detenções da GNR na Grande Lisboa. Na foto podem ler uma das páginas. (Arq. MI, Torre do Tombo)
Incrível como 83 - oitenta e três - 83 anos depois o discurso se mantém o mesmo, inalterado ao longo dos tempos para justificar o injustificável: RDA em 1953, Hungria em 1956, Checoslováquia em 1968, Afeganistão em 1979, e o recente contorcionismo de declarações sobre a invasão russa da Ucrânia.
A man sits outside a tent as other migrants gather at the Belarus-Poland border near Grodno, Belarus. About 15,000 Polish troops have joined riot police and guards at the border. The Belarusian Defense Ministry accused Poland of an "unprecedented" military buildup there, saying that migration control did not warrant such a force. Leonid Shcheglov/ BelTA/ AP Photo.
Children stand in front of a fence and address Polish law enforcement officers, who stand on the other side of the frontier, on the Belarusian-Polish border in the Grodno region, Belarus November 17. Maxim Guchek/ BelTA/ Handout via Reuters
Migrants gather on the Belarusian-Polish border in an attempt to cross it at the Bruzgi-Kuznica Bialostocka border crossing, Belarus November 15, 2021. Oksana Manchuk/ BelTA/ Handout
Hundreds of migrants camp at the Belarus side of the border with Poland near Kuznica Bialostocka, Poland, in this photograph released by the Polish Defence Ministry, November 10. MON/ Handout via REUTERS
Poland's Institute of National Remembrance has published details of 9,686 guards who worked at Auschwitz.
The names of almost 10,000 Nazi SS commanders and guards who helped in the extermination of more than a million Jews at Auschwitz have been posted online for the first time.
The list of 9,686 names are predominantly German and their pre-war occupations are listed as farmers, butchers, teachers, cobblers and all manner of jobs.
"Como se o mundo devesse ir apenas num único sentido, segundo um modelo marxista – uma nova mistura de culturas e de raças, um mundo de ciclistas e vegetarianos, que só se interessa por energias renováveis e se opõe a todas as religiões. Isto não tem nada a ver com as raízes polacas tradicionais"
Podia ter sido dito por um qualquer ministro ou secretário de Estado da coligação PSD/ CDS entre Junho de 2011 e Outubro de 2015, ou podia mesmo ter sido dito por Pedro Passos Coelho ou Paulo Portas, com a mão no peito na primeira fila do genuflexório reservado, ou por Cavaco Silva num dos muitos avisamentos que fez aos portugueses e continua a ser dito e escrito na velha bloga da nova direita que forneceu a nova ideologia ao novo PSD e ao novo CDS para onde regressam agora os "técnicos" e "especialistas" e outros pantomineiros que, durante estes quatro anos, colonizaram a administração pública e vampirizaram o Orçamento do Estado, preocupados que estão com Jeremy Corbyn, Sampaio da Nóvoa, Yanis Varoufakis, Mariana Mortágua, verdadeiros perigos para o Estado de direito e para a liberdade de expressão, sem nunca terem ouvido falar na Hungria e na Polónia despreocupados com a democracia a funcionar na França da dona Marine.