"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os recentes casos a envolverem autarcas, ex-autarcas, secretários de Estado, ministros, políticos e empresários avulso, são a resposta, com um desenho, às duas perguntas que todos nós já colocámos uma vez na vida:
- Como é que aquele borra-botas, que não tem onde cair morto, todos os anos troca de topo de gama, vai passar férias ao fim do mundo, e janta em restaurantes que servem miniaturas ao preço do salário mínimo nacional?
- Como é que é possível tamanho atentado urbanístico e ambiental em zona histórica, em zona de reserva ecológica; quem é que autorizou a construção de semelhantes cagalhões arquitectónicos?
As assembleias municipais funcionarem nos mesmo moldes da Assembleia da República - parlamento para formação e base de apoio de um Governo e permitindo geometrias variáveis, era melhor ou pior para a governabilidade das câmaras municipais e mais apelativo à participação cidadã?
Prefiro mil vezes ter um executivo camarário que durante 4 anos não mexa uma palha a outro que de braço dado com as clientelas “financiadoras-partidárias” das construtoras e a pretexto do desenvolvimento e da modernidade descaracterize urbanística e ambientalmente uma urbe não descansando enquanto existir um palmo de terreno livre para urbanizar respirar.
Como base para um trabalho que disseque os últimos 30 anos de poder autárquico em Portugal e aborde as promiscuidades entre o poder político as construtoras o futebol os “artesãos” do Direito e o nada que sobra para a qualidade de vida das populações, o Porto-cale é muito mais “excitante” que Lisboa. Arrisco mesmo, a cidade mais excitante do país.
(Na imagem October 4, 1923, Washington, D.C. Danish athletes at the Pension Office Building via National Photo Company.)