"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
É claro que isso tem de ser relativizado, tendo em conta os benefícios da substituição dos automóveis com motor de combustão interna por veículos eléctricos
Há poucas situações na vida real que Hollywood não tenha feito por antecipação nos ecrãs de cinema. As metas das Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, desde a primeira até à de há bocado, a vigésima oitava, é uma delas, com toda a gente a protelar, a borrifar-se, a dizer que faz o que por antecipação já decidiu não fazer, as metas nunca cumpridas em nome de um qualquer valor invocado que nunca implica cifrões apesar de estar à vista de todos os cifrões invocados, as oportunidades de negócio, o crescimento, o desenvolvimento, o caralho e os gajos que quando morrerem vão ser os homens mais ricos do cemitério. O que vale é que o planeta sobrevive sem nós, como ficou provado durante a pandemia, com a fauna e a flora selvagem a tomarem conta dos centros das cidades desertas de milhões na sua vidinha dentro das suas viaturas.
Quando era puto a minha mãe dava-me um saco de pano, vulgo "taleigo", para ir ao pão à padaria. Sabia a pão e durava vários dias. Agora vão ao hiper, ou a cadeias travestidas de padarias, com "padaria" e "portuguesa" no nome, é bué chic e civilizado, e in, comprar uma coisa qualquer feita de farinha, vendida dentro de sacos de plástico e que fica dura antes de chegar a casa.
Como é que nos governamos agora com as frutas, hortaliças, batatas e nabos? Andam os nabos à nora, com os reutilizáveis mesmo à frente do nariz ao preço da uva mijona, que duram dois e mais anos, vão à máquina e ficam como novos.
Agora como é que vai ser com o lombo, o bife, o 'pirum', perguntam os piruns, pior ainda, como é que vai ser com a pescada, a dourada, o pargo, o pampo, andam eles feitos pampos com as embalagens laváveis e reutilizáveis a 60 cêntimos de euro a unidade nas casas da especialidade, que levam até 2 kg de sardinhas e duram anos.
[Na época da melancia e do melão podem levar até casa a rebolar].
Há mesmo muita gente a precisar urgentemente de [Re]Aprender a viver, a bem da qualidade de vida, da sua, da sustentabilidade do comércio de proximidade com implicação directa na sustentabilidade do planeta.
No país de Jorge Sampaio, Maria Emília Brederode dos Santos, Alberto Martins, Clara Queiroz, Eurico de Figueiredo, Etelvina de Sá, José Medeiros Ferreira, Isabel do Carmo e um grande et caetera, sessenta anos depois da primeira "crise académica" em 1962, e quase 50 anos depois do 25 de Abril.
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* Upgrade ao salazarento "a minha política é o trabalho"