"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
E se o impacto dos 100 mil for superior aos peso dos 4 milhões? A coligação não esclarece nem apresenta contas e deixa a coisa para sede de concertação social onde só vai haver um voto contra e de vencido, as usual, o que é o mesmo que dizer que a proposta já está aprovada caso ganhem as eleições, praise UGT.
No entanto no programa que vai a votos propõe "a introdução, para as gerações mais novas, de um limite superior para efeitos de contribuição, que em contrapartida também determinará um valor máximo para a futura pensão. Dentro desse limite, a contribuição deve obrigatoriamente destinar-se ao sistema público e, a partir desse limite, garantir a liberdade de escolha entre o sistema público e sistemas mutualistas ou privados" daí se depreendendo que os 100 mil que agora vêm à baila sejam os 100 mil mais bem remunerados e os 100 mil que vão ter a tal da "liberdade de escolha" e os 100 mil que vão ter um impacto devastador num sistema que assenta na repartição e na solidariedade.
"o trabalhador, sobretudo um jovem que está a entrar no mercado de trabalho, tenha um pouco mais de liberdade para proteger a sua poupança, para proteger o seu futuro e que não fique tão dependente dos ciclos financeiros, dos ciclos económicos ou dos ciclos políticos, chama-se a isso, tecnicamente, plafonamento parcial e voluntario do ponto de vista das contribuições" [a partir do minuto 0:30].
Porque, como é por todos sabido, os seguros, os fundos de pensões, privados, são imunes aos ciclos económicos ou aos ciclos financeiros [basta seguir com atenção as notícias d’ América e o calvário dos amaricanos] e que nunca ninguém vai ficar sem a sua reforma, sem a sua pensão, sem a sua assistência na saúde, porque, se tiver sorte com o ciclo político, pode ser que a falência da companhia de seguros ou do fundo de pensões, onde depositou todas as poupanças de uma vida, coincida com a chegada ao poder de alguns socialistas desmiolados, irresponsáveis e gastadores que obriguem o Estado a assumir o prejuízo para, noutro ciclo político, aparecer Paulo Portas, o líder partidário há mais tempo no activo, ou outro pantomineiro-trampolineiro qualquer da mesma espécie apostado em brilhar os botões de punho, a dizer que "o socialista é muito bom a gastar o dinheiro dos outros mas quando acaba o dinheiro chamam-nos a nosotros y a vosotros para compor as coisas".