"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O poema de José Saramago explicado com um desenho na conta Twitter oficial da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República do Brasil que conseguiu a proeza, nunca antes vista em tempo algum, de privatizar o Produto Interno Bruto. Como dizem os amaricanos, what a time to be alive!
Depois do ministro que saiu do gabinete para se juntar à manif que protestava contra as políticas do seu ministério, o ministro que incentiva futuras greves. Como sói dizer-se, isto só neste país...
Quando vos disserem que não há dinheiro para nada e que é preciso trabalhar até aos 70 anos por causa da sustentabilidade da Segurança Social e blah-blah-blah e que a esperança de vida aumentou e blah-blah-blah; quando vos disserem que não há dinheiro para nada e que há que racionalizar meios e custos para garantir a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde e que temos de fazer mais com menos e ainda aumentar as taxas moderadoras para dissuadir falsas urgências ao mesmo tempo que se congelam salários a médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica enquanto se subcontratam clínicos a empresas de trabalho temporário; quando vos disserem que não há dinheiro para nada e que as escolas têm de continuar como estão sem obras de modernização e beneficiação e que os axilares que faltam são os auxiliares que vão continuar a faltar e que as turmas têm de ter mais uns quantos alunos além daquilo que é pedagogicamente aconselhado porque a natalidade está a baixar e professores admitidos nos quadros nem pensar e aumentos salariais ainda menos; quando vos disserem que não há dinheiro para nada e que temos de pagar mais uma taxa por isto e mais uma taxa por aquilo e mais uma taxa por aquele outro, que é para garantir a qualidade do ar e a qualidade da água e a preservação do meio ambiente e o tratamento dos lixos; quando vos disserem que não há dinheiro lembrem-se sempre que "salvar bancos já custou mais 14 mil milhões de euros aos contribuintes" e que "os contribuintes portugueses tiveram encargos de 14,6 mil milhões de euros como salvamento e a ajuda à banca entre 2008 e 2016" e que "o custo líquido imputado aos contribuintes corresponde a 8% do Produto Interno Bruto" e que não podemos continuar a viver acima das nossas possibilidades porque não há dinheiro para nada e temos de nos contentar com um Estado social pequenino à medida do dinheiro que não há para nada.
Do desemprego que ia aumentar, das exportações a regredir a olhos vistos e do investimento a fugir para outras paragens, tudo por acção do Governo da 'Geringonça' por via da reposição de salários e pensões, do aumento do salário mínimo, do fim da sobretaxa do IRS, do regresso dos feriados e da hora extra para valores pré 2011, passámos para o maior crescimento da economia nos últimos 10 anos, para o crescimento contínuo das exportações e para o aumento do investimento privado por obra e graça das reformas do Governo anterior e por inacção do Governo da 'Geringonça'.
Eis a direita radical à nora, enredada no seu labirinto.
Entre 2011 e 2015 o mérito do Governo da direita radical [PSD/ CDS] em conseguir o crescimento do PIB na base do aumento das exportações e na aposta no turismo. De 2015 até ontem é um crescimento com pés de barro e de risco porque assente nas exportações e no turismo.
E as pessoas continuam a ser enganadas pelas operadores da televisão por cabo com a oferta de cento e não sei quantos canais pela "módica quantia de ___", quando só vêm 4 e todos reproduzem o mesmo discurso sem diferença entre si que não seja no logótipo.
"A marcar a actualidade as imagens das agressões no túnel de Alvalade", proclamou um senhor na televisão do militante n.º 1 e passou o tema para o Opinião Pública, subordinado ao tema "Polémica Incidentes No Sporting", pode telefonar para o 21 416 11 47 ou para o 21 416 11 48, com o Ribeiro Cristóvão como comentador convidado no lugar de José Gomes Ferreira e "O Fracasso Do Governo Da Geringonça", caso os dados económicos conhecidos tivessem sido outros.
Primeiro vem um ministro esclarecer, desvalorizando a "inverdade" com uma mentira. Quase sempre o ministro câmara de eco, Luís Marques Guedes, quando as notícias são péssimas, sempre o vice-primeiro-ministro botões de punho-pepsodent, Paulo Portas, quando a mentira tem uma base de verdade. Depois, quando a verdade vem à tona, já é tarde demais porque, o esclarecimento, da "inverdade" com a mentira ou da mentira com uma base de verdade, já passou em todas as rádios e em todas as televisões a todas as horas certas em todos os telejornais e em todos os blocos noticiosos e há sempre as alminhas de boa-fé que ouviram a verdade a que temos direito mas que já não ouvem a verdade ela própria porque nem sequer passa na comunicação social, ela própria câmara de eco do ministro câmara de eco.
«A Universidade Católica considera que os números do PIB hoje conhecidos apontam para uma "recuperação cíclica", mas alerta que "não é ainda clara a recuperação do investimento" e que parte do crescimento se deveu a "algum relaxamento orçamental"».
Daí a solução cortes nas pensões e nas reformas ou, por causa dos malandros do Constitucional, o Plano B, tcha-nam… um aumento do IVA. O princípio subjacente é o de que a quebra da procura interna e o investimento que continua em queda são compensados pelas exportações que teimam em abrandar. É só rir.
Independentemente de dois terços do aumento das exportações serem por conta da nova unidade de refinação da Galp, independentemente deste aumento das exportações não ser acompanhado por um estudo que o reflicta na criação de riqueza e emprego, sublinhar emprego, a menos que seja, e é, para efeitos de propaganda governamental, como é que para o "cabaz das exportações" entra algo que Portugal não produz, os derivados do petróleo, petróleo importado por Portugal, logo saída de divisas [+ exportações = + importações]?