"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O senhor que não se inibe de convocar os jornalistas para largar postas sobre política fiscal, competitividade, crescimento económico, malandros que não querem trabalhar por dá cá aquela embalagem e, pasme-se, apoios do Estado às empresas, não ao malandros, levou 36 milhões de euros de multa por induzir os consumidores em erro e infringir os interesses colectivos dos ditos, na Polónia, sítio onde a entidade reguladora funciona e actua e onde pelos vistos também estamos a ser ultrapassados pelos países de leste e ex-comunistas, no ranking do combate ao chico-espertismo, aquele que a direita não invoca para falar do "socialismo" e meter medo com a "venezuelização", nem o Ilusão Liberal faz um meme com barras de cores em espaços temporários cirúrgicos, se calhar por se enquadrar no célebre "ódio ao lucro" e "inveja de quem investe".
António Costa foi a um supermercado em acção de propaganda ver do IVA zero e levou como guia turístico o CEO, aquele que "recebeu 262,6 vezes mais face à média dos salários dos trabalhadores", IVA zero, IVA 1, IVA 2 ou IVA qualquer, para ele é 'peaners', como diria o outro, sem que nenhum pé de microfone lhes perguntasse, à vez ou em conjunto, uma vez que o retalho, nos 15 dias de margem acordados para acomodar a nova modalidade, aumentaram os preços para acomodar o IVA zero, quando o IVA voltar a valores anteriores se os alimentos vão voltar a subir, dito de outra maneira, se os alimentos que com IVA zero estão ao preço dos alimentos com IVA vão ficar ainda mais caros quando o IVA voltar em todo o seu esplendor? Toda a gente ganha, o 262 vírgula 6, o Governo, e haja alguém que pague.
[Na imagem uma chaputa, o peixe com que Mário Soares foi brindado, com toda a força de uma peixeira nas suas republicanas bochechas, quando no pós PREC andou em campanha pelo Mercado do Livramento em Setúbal]
Estamos a falar da Saúde, da Educação, da Justiça, os únicos sectores que vão resistindo à voragem, "libertadora", da "excelência" do sector privado, ou do Estado chinês e do estado angolano detentores de sectores estratégicos da economia? Do que é que se fala quando se diz da boca para fora, e sem quantificar, que o “peso do sector público em Portugal está a matar o privado”, num país chamado a salvar com o dinheiro dos seus impostos e a com as tripas e o coração a "excelência" do sector bancário privado?