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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Ainda as declarações do “pantomineiro” (*)

por josé simões, em 28.11.07

 

“Não era costume, mas naquele dia o menino Pedro adormeceu a ver o canal História. Antes de cerrar as pálpebras, ainda viu que bastasse: uns sujeitos de barba hirsuta, braços no ar e dedos em “V”, alguns até com falta de dentes, a gritar qualquer coisa que tinha três letras e acabava em “A”. O alfabeto não seria, porque tinha mais letras do que isso e além de tudo tinha o “A” logo no começo. Pouco importava. O certo é que tal berraria tinha algo de melódico, até chamavam morena a uma qualquer (Grândola ou Girândola, não podia assegurar) numa espécie de hino. Depois os ânimos assanharam-se, havia casas a arder e mobílias e papéis atirados janela fora, mas não se percebia se havia heróis. Além do mais, era tudo a preto e branco. Deixou-se dormir.
De manhã, quando acordou, quis fazer um brilharete. Foi à reunião dos senhores crescidos e disse que era preciso “apontar com frontalidade” os culpados pelas patifarias a preto e branco. (…) E garantiu, sem sombra de dúvida, que vira por lá o Bernardino. Era ele, notava-se pelo bigode. Alguém lembrou, para amenizar, que o Bernardino não tem bigode. Nunca teve. Além do mais, à época, só se o pintasse no infantário, pois tinha quatro anos quando andava tudo a chamar morena à Girândola.
(…)
A teimosia do Pedro valeu-lhe muitos puxões de orelhas, nos blogues e nos jornais. Mas ele sabe que é tudo verdade. Aliás, logo à noite vai voltar a ligar o Canal História. Pode ser que o Bernardino lhe apareça em Roma. Com um punhal, atrás de Júlio César.”
 
Contem-lhe como foi, por Nuno Pacheco no Público.
 
 
“(…)
E se Portas pode, sem pestanejar, dizer que as cópias que trouxe para casa de documentação que se encontrava no Ministério da Defesa eram só inocentes “notas pessoais” (61 839 páginas de “notas pessoais”), porque não pode um aprendiz de Portas “apontar com frontalidade” como um dos responsáveis pelos “sequestros e incêndios às sedes do CDS-PP logo após a revolução de Abril de 1974” o dirigente comunista Bernardino Soares que, à época, tinha quatro tenros anos de idade?
Toda a gente sabe que os comunistas comem criancinhas e que as criancinhas comunistas andam por aí, como o “Baby Herman” de “Roger Rabitt”, de fraldas e charuto, apalpando “baby sitters” e incendiando sedes do CDS. Moutinho estava lá e viu tudo, apesar de só ter nascido oito anos depois. É assim que tem que se escrever a História de Portugal, “com frontalidade”.”
 
Assim se faz a História, por Manuel António Pina no Jornal de Notícias.
 
(*) Termo roubado à Shyz
 
(Foto da autoria de Elsa Mota Gomes)
 
 

A geração de Paulo Portas (Os descendentes)

por josé simões, em 26.11.07
O CDS/ PP que não organiza almoços e jantares comemorativos da data que pôs fim a 48 anos de ditadura e repressão, e restituiu as liberdades (atenção ao plural)ao povo português – o 25 de Abril, celebra o 25 de Novembro. Cada qual é livre de celebrar as datas que na sua escala de valores considera valerem mais. Até de celebrar o 28 de Maio; e esse é indubitavelmente um mérito do 25 de Abril.
 
Uma das liberdades adquiridas com o 25 de Abril foi a de qualquer um poder dizer o que lhe vai na alma. Mesmo a maior das barbaridades. E o que disse o líder da Juventude Centrista, Pedro Moutinho, no jantar evocativo do 25 de Novembro (link aqui e aqui) é, sem sombra de dúvida, mais que uma gafe: uma barbaridade. Mas não uma barbaridade que possa ser classificada como falta de informação ou de cultura geral, do género daquelas que levavam os miúdos a apanhar umas reguadas na primária quando não sabiam a data da batalha de Aljubarrota; mas antes uma barbaridade de ressabiado com o 25 de Abril, e com tudo o que significou e que ainda representa no imaginário do povo português, independentemente do partido em que votam. Na melhor linha dos meninos trauliteiros e caceteiros que já aqui havia evocado e que grande celeuma causou aqui.
 
Aqui no blogue sabemos perfeitamente que o CDS, antes de ser PP, foi uma das vítimas do 25 de Abril. Uma vítima que, apesar de ter sido o único partido com assento parlamentar à época a votar contra a Constituição de 75, não lhe impediu o acesso à cadeira do poder por via de uma coligação com os socialistas, e com Mário Soares como Primeiro-ministro. Mas isso são contas de outros rosários (mais uma vez, atenção ao plural).
 
Fomos vasculhar no baú, e encontrámos as provas dos assaltos e destruições às sedes do CDS, que Pedro Moutinho referiu no discurso. Atenção portanto às imagens, onde é possível ver perfeitamente Bernardino Soares com 4 anos em alegre pilhagem: