O Verdadeiro Artista
Autarca de Borba diz que ignorou alertas porque se houvesse perigo tinha sido avisado novamente.
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Autarca de Borba diz que ignorou alertas porque se houvesse perigo tinha sido avisado novamente.
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A guerra ao Tribunal Constitucional foi só a face mais visível de todo um programa que começou com o projecto de revisão constitucional de Pedro Teixeira Pinto escondido à pressa no fundo da gaveta mais funda mas que por descuido ia caindo para a opinião pública [é mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo] nas mui famosas tiradas de Passos Coelho, sem papel e embalado no popular "tem gosto o burro em ouvir o seu zurro", para um país atordoado por doses maciças de austeridade: "É minha profunda convicção que não é a Constituição que nos impede de reformar o Estado" ou "Já alguém perguntou aos mais de 900 mil desempregados do que lhes valeu a Constituição?".
O saque ao património comum em nome do crescimento económico e da criação de riqueza nos bolsos de alguns:
"Lançado quando Jorge Moreira da Silva era ministro do Ambiente, Ordenamento do território e Energia o RERAE visava criar um mecanismo para avaliar “a possibilidade de regularização de um conjunto significativo de unidades produtivas que não dispõem de título de exploração ou de exercício válido face às condições actuais da actividade”. Como se lê no preâmbulo do decreto de lei 165/2014, o Governo pretendia regularizar “estabelecimentos e explorações de actividades industriais, pecuárias, de operações de gestão de resíduos e de explorações de pedreiras incompatíveis com instrumentos de gestão territorial e ou condicionantes ao uso do solo”. Algumas dessas incompatibilidades, lê-se, são as “desconformidade com os planos de ordenamento do território vigentes ou com servidões administrativas e restrições de utilidade pública”."
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Estado licenciou pedreira de Borba sabendo que violava regra de segurança
Estado foi alertado cinco vezes para o risco de tragédia em Borba
Em 1989, ano do licenciamento, era Cavaco Silva primeiro-ministro, em 1994, ano do alerta dado pelo Parlamento, era também primeiro-ministro Cavaco Silva, logo foi "o Estado", se fosse um Governo PS, um primeiro-ministro do PS, era "o Governo" ou, melhor ainda, "o Governo socialista", assim é o Estado, aquela entidade etérea e abstracta que, para o caso, assenta que nem uma luva no Governo em funções, já com um "cadastro de culpabilidade" que vem desde os incêndios de Pedrógão aos de Monchique, passando pelos paióis de Tancos e outras ocorrências que até 2109, ano eleitoral, se vão descobrir.
Quando Cavaco um dia escrever "Quintas-feiras e outros dias em que não sou afectado pelo alzheirmer político selectivo" vai explicar como é que dos bancos ás pedreiras passando pelos fundos comunitários, desinvestimento na ferrovia, desmantelamento da agricultura e pescas, neste país nada escapou ao longo braço do "agente laranja".
Enquanto via o documentário "Arrábida – da serra ao mar" dei comigo a pensar que não é de todo descabido poder estar um dia em Tróia estendido na toalha e a admirar a bela paisagem de… Lisboa.
A herança que vamos deixar às gerações futuras, como agora se costuma dizer para justificar o saque e o esbulho ao bolso do cidadão, já que é de saque e esbulho ao património comum dos cidadãos que se trata.
E quando não houver serra onde é que encaixamos os argumentos que servem para manter as pedreiras e a cimenteira em actividade? Nas mais valias pornográficas de meia dúzia de accionistas com a justificação dumas centenas de postos de trabalho pagos a salários inferiores aos da média europeia, e mais um osso para roer na forma de um mecenato migalheiro, ao futebol da cidade e a uns quantos espectáculos musicais em dias de festa – com a cumplicidade do poder autárquico, para manter o povo distraído, da pedra e do cimento, e respeitosamente grato a quem paga o circo?
[Uma das pedreiras da Arrábida na imagem]
Confesso que tive uma certa esperança e, uma pequena alegria interior, pela natureza, através da força do mar, estar a corrigir os anos e anos de barbaridades e atentados efectuados pelo homem, nas praias da Costa da Caparica.
Essa secreta esperança e alegria morreu hoje e, transformou-se numa tristeza a dobrar ao ler nos jornais que, a solução para travar o mar nas praias da Costa, passará por trazer pedras mais pesadas das pedreiras da Serra da Arrábida.
Tentar remendar um problema causado pelo constante desrespeito dos princípios básicos de ocupação do litoral e das dunas, agravando outro numa área protegida, num Parque Natural.
Depois da delapidação que a Serra da Arrábida sofreu (via pedreiras), com aval do Estado português, para a construção da Expo 98, depois de toda a destruição causada pelo saque legalmente efectuado pela Secil para alimentar a indústria cimenteira; a rapinagem continua e, pelos vistos com a benção do ministro do Ambiente...
Custa-me muito dizer isto mas, agora a minha secreta esperança é estar um dia tranquilamente deitado na toalha em Tróia, desfrutando do meu banho de sol e... estar a vêr Lisboa!