"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O padreco com quem Marcelo fazia panelinha para abafar o nome dos padrecos que abafavam os menores vai ter nome numa ponte. A seguir recebe uma medalha no Dia da Raça. Todos os povos têm as merdas que merecem ter.
"Quanto aos locais mais comuns de abuso, destacam-se por ordem decrescente: seminários (23% dos casos), igreja sem outra especificação (18,8%), confessionário (14,3%), casa paroquial (12,9%) e escola religiosa (6,9%)". In Dar voz ao silêncio, Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa. Relatório Final. Lisboa, Fevereiro 2023, Sumário Executivo, Página 10.
Depois são precisos mais psiquiatras, e psicólogos também, para acudir a quem teve mais tempo de confessionário. É a chamada hóstia de rabo na boca.
A vocação para o sacerdócio revela-se pela impunidade no abuso e na indiferença, passividade, ocultamento e cumplicidade das hierarquias?
E para os abusados e violentados, e abusadores e cúmplices - "quem cala consente", "tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta", qual é a igreja que fica, a do Deuteronómio 32:4, a do Salmos 145:8-9? Deus existe?
O Presidente do Estado laico avisou o bispo José Ornelas, Dom, de que estava a ser investigado por cumplicidade em casos de abuso sexual. "Tenha Vossa Excelência Reverendíssima atenção que a justiça anda de olho em si". Marcelo, o supremo magistrado da Nação, eleito por sufrágio universal, não respeita nem responde perante o povo português que jurou servir, nem pela Constituição que jurou defender. Marcelo, o beato devoto, responde perante o Papa, a hierarquia do Vaticano, e pela Bíblia de que guarda os ensinamentos. E isto é com Marcelo, numa questão de fé, religião, e de não saber, nem querer, separar o homem religioso da função presidencial laica. Nas primeiras páginas com as fugas ao segredo de justiça, dos directos das televisões na porta das operações "secretas" da Polícia Judiciária e Ministério Público, é uma questão de fé na Igreja Universal do Pilim Universal, que também move multidões, todas têm o seu papel no movimento da humanidade. No entanto Marcelo quando morrer vai para o Céu, comer o corpo e beber o sangue de Deus à mesa com os encobridores e cúmplices de abuso sexual, uns porque falam directamente com Deus, ele porque tratou das indulgências junto de quem de direito enquanto foi vivo. Amém.
A matilha que vai ladrar e rosnar à mãe da "pequena Jessica" no dia do funeral ou aos pais da "pequena Maddie" na saída do edifício da Judiciária em Faro é a manada de arganel no nariz que faz o sinal da cruz e pontua as frases com "se Deus quiser" quando Manuel Clemente afiança que equívoco no cu dos outros para ele é refresco. Pequeninos, sem aspas e em maiúsculas.