"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Nem no tempo da promiscuidade entre poderes em que o Rei era nomeado com a bênção do Papa tínhamos um chefe de Estado todos os dias a comentar coisas da Igreja e nos dias a seguir a explicar o que disse nas vésperas.
Ou do Juliano, O Apóstata, ou do Moisés Maimónides, ou do Marco Polo, ou do Henrique, Infante Dom, ou do Nicolau Copérnico, ou da Casa Médici, ou da teimosia de João, o Segundo, e Manuel o Primeiro, reis de Portugal, ou do Fernão de Magalhães, ou do Martinho Lutero, Doutor, e do Thomas Müntzer, ou do François Rabelais, ou do Luís de Camões, ou do Immanuel Kant, ou do Napoleão Bonaparte, ou até do António Gedeão, que a lista já vai longa. Em último caso a culpa é da separação de poderes entre o Estado e a Igreja.
Porque é que todos os artigos de opinião e análises à doença do abuso sexual de menores de que padece a Igreja Católica que, invariavelmente, ressalvam homossexualidade não ser sinónimo de pedofilia, também invariavelmente concluem, na mesma linha de pensamento e às vezes até na mesmo parágrafo ou frase, que é necessário e urgente rever o celibato dos sacerdotes? Se homossexualidade não é sinónimo de pedofilia, e não é, onde é que o casamento entra nesta equação? Vida marital é vacina anti-pedófilo, estando por demais provado que a grande percentagem dos abusos acontece no seio da própria família, é isso?
Porque não também o acesso ao cadastro de condenados por tráfico de droga ou por assaltos violentos ou por violência de género ou por desfalques a bancos ou políticos que disseram uma coisa e depois fizeram outra? A prioridade não é a segurança das pessoas? E umas milícias de bairro, com patrulhas e com horários de serviço e escalas e tudo.
Restaurar e recuperar os medievais pelourinhos das vilas e cidades [criação de emprego] e, onde não os há, mandar erguer de raiz, com traça arquitectónica futurista e/ ou pós-moderna [também criação de emprego]. Amarravam-se lá os pedófilos e as pessoas vingavam-se a fazer maldades ainda maiores que as maldades. E atraía gente aos despovoados centros históricos. O chamado "turismo de justiça", vá para fora cá dentro [mais emprego e criação de riqueza]. O que é isso dos direitos, liberdades e garantias?
Comparativamente com as vítimas e os outros arguidos, é incrível o tempo de antena que o senhor Carlos Cruz tem nos jornais, nas rádios e nas televisões, todos os dias e a todas as horas.
É imaginar o que seria o mesmo lobby a mesma pressão com um líder dum partido ou um primeiro-ministro, por exemplo, numa qualquer outra situação. Haja respeito.
Bom bom era quando não havia televisão nem internet e as notícias de ontem chegavam depois de amanhã, os homens iam para a cama cedo e as mulheres pariam 7, 8 ou 10 filhos como as cadelas, e os padres faziam voto de pobreza, andavam descalços e “chumbavam” umas sopeiras à socapa. Não havia pedofilia nem abusos sexuais.
Ou noto aqui um sentimento de inveja para com os talibans no Afeganistão e a proibição de rádio, televisão, cinema, internet, livros, e… Porrada no lombo.
Se é verdade que em termos percentuais é no seio das famílias que tem lugar a grande parte dos abusos sexuais sobre menores, também não consta que um só pedófilo, numa só família, tenha abusado sexualmente de mais de 200 – duzentas – 200 crianças e tenha morrido sem prestar contas à Justiça terrena. E é só um exemplo entre muitos. As contas têm de ser feitas por número de casos vs. abusador dentro da instituição família Igreja. Ou agora a Igreja já não é uma família?!