"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
1000 dias de guerra na Ucrânia, mas a culpa é nossa, da União Europeia da liberdade e dos direitos humanos, que insistimos em apoiar quem resiste ao imperialismo fascista russo, financiador da extrema-direita para minar a democracia no continente.
1000 dias de Guerra na Ucrânia, e se o conflito escalar para o apocalipse nuclear a culpa é nossa, da NATO, responsável pelo maior período de paz de que não há memória no continente da liberdade e dos direitos humanos.
[Imagem "Natali Sevriukova reacts next to her destroyed apartment building following a rocket attack in Kyiv, Ukraine, Friday, Feb. 25, 2022. AP Photo/ Emilio Morenatti]
Os da "intensificação da escalada belicista", também conhecidos por Brigada Brejnev, dizem haver um problema com o bipartidarismo 'amaricano', que entre Harris e Trump não sabem em quem votar. O partido que engoliu um sapo chamado bochechas para alegadamente salvar a democracia. A sonsice não é um exclusivo da direita do "sentido de Estado".
Pelo menos até à data da impressão do poster que ilustra o post, 1981, a religião era o ópio do povo. Dez anos depois, 1991, a pátria do socialismo desmoronou-se e as coisas ficam um bocado ao "deus-dará", sem ironia, até ao ano de 2006 onde temos um partido comunista a estabelecer relações diplomáticas com uma organização terrorista fundamentalista islâmica, dos inteligentes com trapos enrolados na cabeça, como no poster, um Estado dentro do Estado, com exército próprio, responsável pelo assassinato de um primeiro-ministro do próprio país, um ano antes da embaixada a Beirute. Tudo por causa da "luta contra o imperialismo" 'amaricano', contra o sionismo, e o caralho. Nada mal para quem anda sempre com a boca cheia de constituição, do respeito pela legalidade, pelas instituições e e pelo Estado democrático.
Até para repetir o discurso de Jerónimo de Sousa de "o grande capital e os grandes grupos económicos", que repetia o de Carlos Carvalhas, que repetia o de Álvaro Cunhal, Paulo Raimundo tem de ler uma papeleta. Caiu em desuso o método de aprendizagem da tábua de multiplicar pela repetição colectiva na sala de aula "nove vezes um nove, nove vezes dois dezoito, nove vezes três vinte e quatro, nove vezes quatro trinta e seis"...
O partido que quer os centros comerciais fechados ao domingo e feriados, "mais qualidade de vida para os trabalhadores e para o povo", dá o exemplo e abre o mercado municipal do Livramento ao domingo, feriado municipal, dia de Bocage, dia da cidade de Setúbal. Espectáculo.
Parece que o camarada Raimundo não sabe escolher entre um condenado por suborno, falsificação de documentos, abuso sexual, difamação, e instigador de insurreição contra o Estado de direito democrático, com vista a golpe de Estado, por não aceitar os resultados eleitorais, e uma democrata. Não consegue escolher entre um boçal, misógino, racista e genuíno anti-democrata e uma pessoas culta, educada e respeitadora das regras da democracia. E, quando todos pensávamos que isto era mais um episódio da saga "entre Lula e Bolsonaro não sei em quem votar" que tanto chateou os camaradas do camarada Raimundo, afinal tem a ver com não ser cidadão americano, norte-americano mais propriamente, porque entre Maduro e María Corina Machado o camarada Raimundo sabe em quem votar, tem a ver com o povo palestiniano, tem a ver com genocídio, tem a ver com colonialismo, que até o senhor da foto se riu da forma que foi construída a União Soviética, tem a ver com capitalismo neo-liberal, atenção camarada Xi Jinping. Nunca acabem. O ponto é que vão mesmo acabar.
Minions do "partido que não é putinista" nas redes a elogiarem o sentido de Estado do neo-fascista Órban, a toupeira de Putin na União Europeia, por afirmar que a guerra foi despoletada pela aproximação da NATO e da UE à fronteira russa, de uma assentada metendo no bolso detrás das calças o famoso "direito dos povos à auto-determinação e independência", na Constituição que tanto exigem ser cumprida, ou o direito de integrarem ou não blocos e alianças que muito bem entenderem, na famosa Acta de Helsínquia, sempre invocada pelos candidatos à Presidência da República e ao Parlamento Europeu, onde foi metida por Brejnev como defesa no tempo em que a fronteira da Rússia URSS ficava em Berlim.
De onde mais menos se espera sai um Jacques Doriot.
"Andou a derrubar monumentos de quem combateu o nazismo", mais rápido que a própria sombra foi o responso dos minions, do partido que não é putinista, de plantão às redes assim que se soube que Kaja Kallas tinha sido nomeada chefe da diplomacia Europeia.
Kaja Kallas não andou a derrubar monumentos a soldados da União Soviética, a potência invasora e ocupante em 1940 de um país independente da Rússia desde 1918, após o pacto Ribbentrop-Molotov, em 1939 a dividir a Europa em esferas de influência entre a URSS e a Alemanha, a tal dos nazis.
Kaja Kallas não andou a derrubar monumentos a soldados da potência ocupante que entre 1940 e 1941 assassinou e deportou os líderes políticos do país para o Gulag em regiões remotas da União Soviética, assim como milhares de cidadãos anónimos cujo único pecado foi querem a independência do seu país.
Kaja Kallas não andou a derrubar monumentos a soldados da potência ocupante que integrou à força no Exército Vermelho milhares de jovens estonianos, assim como Kaja Kallas não andou andou a derrubar monumentos a soldados da potência ocupante que pelas mãos da polícia política - NKVD, depois KGB, executou sumariamente os presos políticos do país.
Não, Kaja Kallas "andou a derrubar monumentos de quem combateu o nazismo" o que em pecepêz significa que Kaja Kallas é no mínimo nazi. Pior que isto só os azoves na Ucrânia que, quais salazarinhos, querem Goa independente da Índia.
O taberneiro pode insultar toda a gente, o taberneiro pode levantar falsos testemunhos, o taberneiro pode mentir com quantos dentes tem na boca [porque estamos na era do pós-verdade], o taberneiro pode dizer coisas e a seguir dizer que nós não o ouvimos dizer aquilo que disse, o taberneiro pode dizer tudo isso e o mais que lhe aprouver, mas ninguém pode dizer nada ao taberneiro, ninguém pode apontar nada ao taberneiro, ninguém pode dizer "o senhor diz e faz exactamente o contrário daquilo que diz quando está ao balcão da taberna" porque isso entra na categoria de ataque a um deputado eleito por um partido com assento parlamentar na casa da democracia, coitada da democracia.
A Rússia pode invadir um Estado soberano, porque sim, porque aquilo é tudo União Soviética, e "por causa da intensificação da escalada belicista dos Estados Unidos, da NATO e da União Europeia"; a Rússia pode bombardear áreas residenciais, infantários, escolas e hospitais, porque aquilo estava tudo pejado de azoves, como reportou o excelentíssimo militante do PCP jornalista tuga, que viu e fotografou uma bandeira nazi e um exemplar do Mein Kampf em todas as casa onde em que entrou no Donbass, e que continua a ver mesmo sem lá estar; a Rússia pode fazer isso tudo e ainda ameaçar os vizinhos da Ucrânia com uma invasão e o resto do mundo com uma guerra nuclear; a Ucrânia não pode efectuar ataques cirúrgicos em território ucraniano ocupado pela Rússia - Donbass e Crimeia, por causa da morte de civis inocentes e porque isso é o envolvimento da Ocidente, da União Europeia, da NATO, e dos Estados Unidos, não necessariamente por esta ordem, no ataque a um estado soberano, a Rússia.
A Rússia financia partidos que se sentam no Parlamento Europeu ao lado do partido do taberneiro. O Partido Comunista da URSS Rússia apoia a política de Putin contra a Ucrânia e o resto do mundo. O Partido Comunista Português não é putinista.
Começam agora os exercícios de entretenimento na desmontagem das teses que os votos não foram do PCP para o partido da taberna que, ao contrário do que muitos alardeiam, está aí vivinho da silva e para as curvas, quando a verdadeira questão, no partido da "análise histórica" e do "materialismo dialéctico", aquela questão que vale um milhão, devia ser "porque é o taberneiro a chegar a esse eleitorado e ainda a recuperar algum à abstenção?" e não o PCP, que vai minguando eleição atrás de eleição.