"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Alguém ainda se lembra do projecto de golpe de Estado encomendado a Paulo Teixeira Pinto pelo duo Pedro Passos Coelho/ Miguel Relvas, e apresentado ao país como projecto de revisão constitucional, e das linhas orientadoras constantes para o ensino obrigatório gratuito, e da "razão atendível" para o despedimento, e dos capítulos sobre economia, e do "limpar termos e palavras" da Constituição, e da "auto-dissolução" da Assembleia da República e da "moção de censura construtiva", entre outras, e retirada à pressa da discussão pública pelas reacções negativas e adversas que provocou, até dentro do próprio PSD? Alguém ainda se lembra? É que se calhar a concepção política, económica e social da maioria PSD/ CDS-PP para o país, à luz desse projecto, agora no fundo da gaveta a aguardar melhores dias, ajuda a perceber os 9 – nove – 9 chumbos do Tribunal Constitucional.
Como Paulo Teixeira Pinto apareceu na lista. Como Rocha Vieira apareceu na lista. Como Braga de Macedo apareceu na lista. Como Ilídio Pinho apareceu na lista. Como Eduardo Catroga apareceu na lista.
E foi mais ou menos assim: um chinês para o outro, numa reunião lá no Comité Central, que as Três Gargantas são propriedade do Estado chinês e não há cá [lá] gargantas fundas privadas em matéria de sectores estratégicos, "um gaijo [em chinês leva i] porreiro para a EDP é aquele que foi patrão do primeiro-ministro português, pá! Como é que é mesmo o nome dele, pá?!..", "O nome de quem, pá? Do primeiro-ministro ou do patrão do primeiro-ministro, pá?".
É muito bonito (saber) brincar com as palavras. Não esquecer que os senhores ainda são do tempo da Redacção na escola primária, que estimulava a criatividade e a imaginação. Mas o que interessa reter é que “antes”, para o PSD, podia ser por cima de toda a folha ilegal desde que atendível, que não vinha daí grande mal ao dia-a-dia do cidadão, no “durante” já só pode ser “legalmente atendível”, o que vai dar no mesmo, uma vez que fica a cargo do legislador definir o que é ou não “legalmente atendível” e no “depois” nem há Tribunal Constitucional que lhes possa valer. Mas o que continua a ser surpreendente é a capacidade que esta gente tem em marcar a agenda, por mais estapafúrdia que a proposta possa parecer, quando o “legalmente atendível” seria pura e simplesmente ninguém lhes passar cartucho. Surpreendente ou nem por isso…
«"Viva a Monarquia"», «acção "patusca"», «"um banqueiro milionário"», «período do colapso da liderança do BCP»; qual foi a(s) parte(s) que causou/causaram incómodo ao banqueiro ex-discípulo de Monsenhor Escrivà?
Fui até à casa de banho olhar-me no espelho. Fiz um rewind à minha existência. Reli a entrevista de Paulo Teixeira Pinto. Olhei – com olhos de ver – para o seu (PTP) way of life. Concluí: não que tenha abandonado Deus; não que Deus me tenha abandonado; mas, que nunca sequer se dignou a olhar para mim. Sem a menor sombra de dúvida!
(Ao que se chama nascer com o cu virado para a Lua; ou uma possível explicação para o meu agnosticismo militante)
“Paulo Teixeira Pinto saiu do BCP com dez milhões de euros e 35 mil euros por mês, 14 meses por ano, durante os anos que lhe restarem (e, só tendo 47, esperemos que sejam muitos). É bom saber que o banco não é só generoso para aqueles que lá estão. É também generoso – e muito – para aqueles que se vão embora. Estando até há pouco tempo o seu conselho de administração tão bem representado por membros do Opus Dei, toda esta generosidade é não só natural como biblicamente recomendada. Em verdade, em verdade vos digo: se me dessem tamanho pecúlio para não fazer nada até ao fim dos meus dias muito aumentaria a minha fé em Deus. Haverá ainda por lá alguém que me queira converter?”
Paulo Teixeira Pinto saiu do BCP com uma indemnização de 10 – milhões – 10 de euros e uma reforma mensal de 35 – mil – 35 eurosvezes14 meses. Mas como diz a outra, “isso agora não interessa nada!”, já se tornou banal aqui dentro do rectângulo e nem adianta o Presidente da República espernear nos discursos. É assim mesmo “e prontes!”
O mais interessante está lá dentro; na página 41. Reza assim: “O ex-CEO acabaria por renunciar ao lugar, que ocupava há mais de dois anos, garantindo uma indemnização à cabeça de 10 milhões de euros, o que o impede de voltar a exercer funções em instituições bancárias concorrentes” (negrito meu).
O BCP defende-se e preserva-se. Teixeira Pinto sabe muito. Nada de dar trunfos à concorrência.
Santos Ferreira passa, directamente e sem passar pela casa da partida, da Caixa, o maior banco nacional, para o concorrente directo, o maior banco privado.
Os accionistas que o elegeram não são burros. Miguel Cadilhe ainda não percebeu porque é que levou uma cabazada nas eleições?