"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Paulo Rangel tem um problema grave, e aparentemente sem solução: a ideia de democracia e de debate político, desde os idos da "claustrofobia democrática" até ao actual "bullying democrático", com o intermezzo Órban como companheiro de secretária no Parlamento Europeu.
Paulo Rangel tem demasiada exposição mediática para aquilo que vale. Paulo Rangel tem protagonismo acima das suas possibilidades.
Pessoa que passa a vida a apontar o dedo ao fraco investimento público e, por consequência, "a degradação dos serviços públicos" em geral e face a situações como "o colapso das urgências hospitalares" e "a falta de professores" em particular, aparece com cara de pau a prometer prémios para os funcionários públicos em função das poupanças que o Estado consiga obter. Quando o expectável seria o Estado não entrar em poupanças - mais investimento nos serviços públicos, saúde, educação, regressam as famosas "gorduras do Estado" dos idos do governo da troika Passos Coelho/ Paulo Portas - desmantelar o Estado social, retirar competências ao Estado em favor de interesses privados, agora enfeitado com o embrulho das "poupanças", que a memória das pessoas é curta mas não é tão curta quanto isso,
A esperança, a next big thing da direita radical para se alambazar ao que resta do pote é afinal um oportunista e um incompetente impreparado. Eleições a 16 de Janeiro? É muito cedo. Directas a 20 de Novembro? É muito cedo. Nem lhe perguntem pelo Natal a 25 de Dezembro.
"Tanto na Europa como nos Estados Unidos". "Vinhos e Licores, Nacionais e Estrangeiros" usava-se nos letreiros das lojas no Portugal macambúzio dos 40s e 50s do século passado. O nacional-parolismo continua em alta.
Partidos que integram a bancada do PPE no Parlamento Europeu pedem a expulsão do Fidesz, o partido de Viktor Orbán. Paulo Rangel e Nuno Melo, sempre com a boca cheia de democracia, não constam na papeleta. Não sabem assinar metiam o dedo na almofada dos carimbos ou faziam uma cruz se não o quisessem sujar.
O dia em que Manuela Ferreira Leite entrou na campanha do ex-secretário de Estado de Santana Lopes, Paulo Rangel, para dizer que o Governo "está a levar país à desagregação" enquanto fazia figas para ninguém se lembrar da "geração rasca", nem da versão portuguesa do 'amaricano' morrer na porta do hospital se não tiver seguro de saúde que é o "tem direito à hemodiálise se pagar", da suspensão da democracia para meter o país na ordem, foi o dia a seguir à entrada em cena do "cimento da geringonça" - Pedro Passos Coelho, ilusionista-mor da República, do ir a votos escondido numa mentira, das trafulhices com fundos comunitários a meias com o Relvas, das metas do défice sistematicamente ajustadas em função da realidade económica, de não se lembrar do salário que recebia na Tecnoforma, dos bancos varridos para debaixo do tapete para não lixar a saída limpa, do não saber ser obrigatório descontar para a Segurança Social, do baixar os custos do trabalho, a reforma que ficou por fazer em cima das taxas, das taxinhas, das sobretaxas e das retenções. Fica a faltar a entrada em cena de Maria Luís Albuquerque mais os 600 milhões de euros a cortar nas pensões a pagamento, ou do mordomo das Lajes, Durão Barroso, dilecto de Cavaco Silva, em quarentena forçada para não causar os habituais danos de cada vez que abre a boca que não seja para comer bolo-rei.
Paulo Rangel e Nuno Melo apoiam para presidente da Comissão Europeia, Manfred Weber, o homem que pediu sanções para Portugal quando timidamente começávamos a sair da crise.
Já não digo a manada, anónima, mais ou menos conhecida ou ilustre, mais rápida que a própria sombra, no Twitter e no Facebook, sempre que toca a Cuba e/ ou Venezuela, mas os "democratas", euro deputados eleitos na lista conjunta, Paulo Rangel e Nuno Melo, cada um com avença mensal em jornais de tiragem nacional [Público e Jornal de Notícias] e a entrarem-nos diariamente casa dentro pelos ecrãs de televisão, com este último [Nuno Melo] constantemente em modo "cão raivoso" e a destilar ódio contra toda a esquerda, a começar logo na que está à direita do PS, já vieram condenar o partido do camarada Viktor Orbán, ou lado de quem se sentam na bancada do Partido Popular Europeu [PPE]?
Não perceber nada de nada é trazer o histriónico Paulo Rangel para a campanha da senhora Leal ao Coelho em Lisboa, para criar ainda mais anti-corpos no eleitorado, enquanto se sublinha a vocação cosmopolita de uma cidade, não só capaz de eleger alguém oriundo do Porto como presidente da Câmara, algo que o Porto, enredado nas teias do complexo regionalista-futeboleiro está longe de o conseguir fazer - eleger alguém nascido em Lisboa para o comando da autarquia, mas também de o adoptar como um igual - um "burocrata de Chelas" ou um amigo do Bairro São João de Brito, em campanha sem recurso à mentira.