"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Parece que o camarada Raimundo não sabe escolher entre um condenado por suborno, falsificação de documentos, abuso sexual, difamação, e instigador de insurreição contra o Estado de direito democrático, com vista a golpe de Estado, por não aceitar os resultados eleitorais, e uma democrata. Não consegue escolher entre um boçal, misógino, racista e genuíno anti-democrata e uma pessoas culta, educada e respeitadora das regras da democracia. E, quando todos pensávamos que isto era mais um episódio da saga "entre Lula e Bolsonaro não sei em quem votar" que tanto chateou os camaradas do camarada Raimundo, afinal tem a ver com não ser cidadão americano, norte-americano mais propriamente, porque entre Maduro e María Corina Machado o camarada Raimundo sabe em quem votar, tem a ver com o povo palestiniano, tem a ver com genocídio, tem a ver com colonialismo, que até o senhor da foto se riu da forma que foi construída a União Soviética, tem a ver com capitalismo neo-liberal, atenção camarada Xi Jinping. Nunca acabem. O ponto é que vão mesmo acabar.
"Porto, 3 - A poucos quilómetros de Santa Marta de Penaguião, uma poderosa carga de trotil accionado pelo sistema de relógio, deflagrou, esta madrugada, no carro do ex-padre Maximino candidato da U. D. P. às próximas eleições pelo círculo de Vila Real, provocando-lhe a morte quase imediata e a de uma jovem que o acompanhava, Maria de Lurdes Ribeiro Correia, aluna liceal e simpatizante daquele partido de esquerda".
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"cerca de trezentos atentados terroristas perpetrados só no Norte contra sedes e veículos de partidos de esquerda"
"O Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) foi uma organização terrorista portuguesa ativa durante o período que se seguiu à revolução de 25 de abril de 1974.[1] Entre as ações atribuídas ao MDLP estão uma tentativa de golpe de estado em 11 de março de 1975, uma vaga de atentados à bomba a sedes de partidos de esquerda no início de 1976 e o atentado à bomba que vitimou o candidato a deputado Padre Max e uma estudante que o acompanhava.
O "operário" Raimundo está mais solto, já fala escorreito, sem interrupção para pensar o que há-de dizer, e sem olhar para o papel escrito pelo comité central. Se isto é suficiente para evitar ser o Chicão do PCP é outra história.
Começamos o séc. XXI com o regresso do fascismo. Em força. Em toda a Europa e nos Estados Unidos. E na Rússia, um dos países vencedores do fascismo no fim da II Guerra Mundial. Mas o comunismo não regressa. Antes pelo contrário, desaparece. E não só não regressa e desaparece como pisca o olho ao eleitorado do partido fascista. Certinho como o destino é a explicação "científica" do regresso do fascismo como a "decadência do capitalismo". Apesar do comunismo ter [de]caído primeiro. E da esquerda se ter demitido.
O "operário" Raimundo foi à Madeira dizer coisas. A Madeira que, assolada com o regresso de milhares de retornados e descendentes de emigrados a fugirem à fome e à miséria na Venezuela, insiste em não perceber a mensagem do "operário" Raimundo, que a alternativa à governação de 47 anos é a CDU, a CDU do PCP que apoia Maduro na Venezuela, de onde esta gente toda parece não parar de chegar.
É isso camarada, menos armas, menos munições, menos destruição, mais uma república, ficavam a faltar 13 para ser outra vez a URSS [a Bielorrússia já está integrada], e a Carta das Nações Unidas mais a Acta de Helsínquia é o fumo que que a gente sopra para os olhos de gente que não sabe o que diz a Carta das Nações Unidas nem a Acta de Helsínquia, nem se preocupa em procurar saber, com os pés de microfone à cabeça, a famosa "comunicação social a soldo do grande capital".
O operário Raimundo foi à China a convite do Partido Comunista indígena para confirmar in loco, para "ver com estes olhos que a terra há-de comer", expressão cara à base eleitoral do PCP, o que é liberdade sindical, sindicalismo reivindicativo, direito à greve, 35 horas de trabalho, férias pagas e mais um mês pelo Natal, e outras coisas assim. Quinta-feira o Avante! explica.
Para levar a sério era o PCP deixar de vez a palhaçada Os Verdes, aquela coisa que não se sabe quanto vale por nunca ter ido a votos em modo próprio, e desafiar o Bloco de Esquerda para um coligação eleitoral que podia duplicar a representação parlamentar das actuais bancadas. Cada qual ia às suas a seguir ao encerramento das urnas e cada partido continuava com o seu programa e agenda política, mas iam juntos a votos. Agora o PCP aparecer a propor-se solução governativa, prenha de adjectivação a lembrar a Rússia em 1917 ou Venezuela de 2002 do "socialismo bolivariano para o século XXI", uma "alternativa patriótica e de esquerda", com ministérios e secretarias de Estado distribuídas, depois de nos idos da 'Geringonça' a ter recusado liminarmente, não é para levar a sério, é mais do mesmo, manobras de diversão.
Curioso que num partido que não era chinês, isso era coisa dos eme erres pê pês e dos eme-eles, avulso ou atacado, o novel secretário-geral recorrer do mesmo argumento que a direita radical e liberal recorre para elogiar a globalização capitalista, "a globalização capitalista veio tirar milhões da miséria", falso, meteu os miseráveis globalizados ao nível dos miseráveis globalizadores, versus "a China acabou com a fome", também depois dos milhões de vítimas do Grande Salto em Frente era o que mais faltava, logo a supressão do direito à greve e do sindicalismo livre é um mal menor e até aceitável. "És liberal e não sabias" ou, como dizem os 'amaricanos', what a time to be alive, os liberais que andam em polvorosa nas redes a espalhar o clip, "estão a ver? é mais do mesmo, um ditadorzeco em potência" sem se darem conta de que a base argumentativa é a mesma.
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Depois de Bernardino com a democracia na Coreia, da Rato com o desconhecimento do Gulag, o operário Raimundo com o Grande Espalhanço em Frente.
Militante destacado para a maior central sindical do país e destacado militante do partido que todos os dias 26 de Dezembro chora o fim da União Soviética, do sindicalismo interventivo e reivindicativo não autorizado e do partido único imposto a toda a sociedade, diz que o PCP, por interposta pessoa o operário Raimundo, se deve deixar de merdas e dizer preto no branco que a Ucrânia foi invadida pela Rússia, porque a prazo o partido pode ser prejudicado eleitoralmente, e até porque a coisa é mais abrangente e inclui, por exemplo, a ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia, "Ou seja, o país que se diz que é um Estado de direito, que ilegaliza o Partido Comunista". Ou seja, o partido único era bom na URSS, que urgia aperfeiçoar e não implodir, mas o partido ilegalizado na ex República Socialista Soviética da Ucrânia já é mau. Se calhar porque desde a revolução de 1917, passando pelo Holodomor que não existiu, a colectivização forçada, as purgas paranóicas de Estaline, a industrialização estalinista acelerada, com as transferências massivas de população, e que havia de ser a génese dos actuais problemas actuais no Donbas, até à data da independência, os ucranianos só de ouvirem falar em comunismo ficam com pele de galinha, porque se lembram do partido que ao chegar ao poder acabou com todos os outros. Não, Arménio não é um trolha da Areosa, Arménio é um PhD erm estratégia comunista que consegue ver mais longe que outros na arte da maquilhagem para que tudo fique na mesma.
"Etnocentrismo de Classe" há um capítulo em "O Século dos Comunismos" que ajuda a perceber as hagiografias dos secretários-gerais, e outros dirigentes, operários.
Temos Marcelo, o inimputável, que colecciona momentos de dizer merdas gratuitamente da boca para fora, e temos os outros, os que passam a vida a justificar as merdas que Marcelo, o inimputável, diz gratuitamente da boca para fora.
Temos o século XX, dos engenheiros mecânicos de fato de macaco dentro das fossas nas oficinas, ou dos agrónomos de galochas nas pocilgas, ou dos civis na obra ao comando da retro escavadora ou do cilindro no alcatrão, por exemplo, e temos a bandeira do início do séc. XX "é um operário sem formação universitária" que chega a secretário-geral do partido.
Podem parecer coisas distintas mas é tudo a mesma coisa.