"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Donald Trump apropriou-se de documentos classificados e tem o FBI à perna, Paulo Portas sacou 61.893 fotocópias na véspera de deixar o Governo e, não só regressou ministro num governo a seguir, como anda por aí nas televisões todo lampeiro a vender moral e bons costumes, e ainda tem fazedores de opinião a alisar caminho para uma futura candidatura presidencial.
Agora que o La Fontaine morreu e o militante Jacinto Leite Capelo Rego desapareceu, se calhar a caminho do Chaga ou do Ilusão Liberal, Paulo Portas "é caçado" a pedir aos militantes que paguem as quotas para garantir a actividade do partido, e o salário do líder, que até anda de Renault 4L, não é pessoas para grandes despesas, se calhar até fuma tabaco de enrolar.
Ver na televisão Durão Barroso, o primeiro-ministro que serviu de mordomo na Cimeira das Lajes, e Paulo Portas, o ministro da Defesa que organizou o encontro que decidiu a invasão ilegal do Iraque, com as consequências que perduram desde 2011 - terrorismo islâmico, vagas sucessivas de refugiados para a Europa, nascimento e ascensão do ISIS, guerra na Síria, milhares de mortos no Mediterrâneo, instabilidade em toda a região, mais fome e miséria, a comentarem a invasão russa da Ucrânia. Não ter a puta de vergonha na cara, não deles, que nunca a tiveram, mas das televisões que os convidam para o prime time, pagam principescamente, e de todos os que assistem, passivos e amorfos, sem se dignarem a fazer zapping.
Em 2006 as escutas do caso Portucale apanham uma conversa entre Paulo Portas e Abel Pinheiro onde se discute a sucessão e é feita referência a um banco apontado como parceiro do CDS em vários projectos.
Entre 2011 e 2014, os anos do "apagão fiscal" relativo às transferências para offshores, do CDS Paulo Núncio metido por Paulo Portas à frente da secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, ocultou empresa que levou à queda do BES, a "caixa negra" do GES.
Ele há coincidências que parecem coisas arquitectadas de propósito e com o intuito de manchar e denegrir o bom nome das pessoas e instituições.
Ao invés de ser a Europa do Estado social, construída sobre as cinzas da destruição e da carnificina da II Guerra Mundial, pólo de atracção para milhões de seres humanos vindos de todos os pontos do globo, a actuar como um bloco e a exportar o seu 'way of life' para outras latitudes, para outras potências, para as economias emergentes, não, deve ser a Europa a abdicar do sistema que, em menos de meio século, a catapultou para a riqueza, prosperidade e paz, em prol do capitalismo desregulado da lei da selva, da total ausência de direitos e garantias, em nome dos amanhãs que cantam do crescimento económico e da bondade dos mercados.
Seixas da Costa foi o embaixador português na UNESCO responsável por convencer aquela entidade de que a Barragem de Foz Tua era compatível com o Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial. Um ano depois foi trabalhar para a Mota-Engil, uma das construtoras da obra. Hoje é administrador da EDP Renováveis.
Paulo Portas, na altura líder do CDS/PP, foi o Ministro dos Negócios Estrangeiros que nomeou Seixas da Costa para o cargo. Paulo Portas vai agora para a Mota-Engil.
Assunção Cristas, do mesmo partido, era a Ministra do Ambiente quando autorizou o abate de 1104 sobreiros e 4134 azinheiras. Prestou declarações erradas ao Parlamento, em 2011, dizendo que o paredão estaria feito, quando nada havia no terreno. Podia ter parado a barragem. Assunção Cristas, hoje presidente do CDSPP, vinha do escritório de advogados Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva e Associados, onde trabalhou antes de ir para o Governo. Este firma de advocacia tem como cliente a concessionária da barragem de Foz Tua, a EDP.