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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Uma Casa Portuguesa (25 de Abril Sempre!)

por josé simões, em 04.10.08

 

Pelo Expresso ficamos a saber que o affair casas camarárias em Lisboa, remonta a 1970 e ao tempo do presidente Santos e Castro.

Temos assim a Câmara de Lisboa a necessitar urgentemente de um 25 de Novembro, quando o 25 de Abril por lá ainda não aconteceu…

 

(Imagem via Discos Voadores)

 

 

 

Não é artista nem escreve no Diário de Notícias

por josé simões, em 03.10.08

 

Não tem conhecimentos no “círculo”; não sabe da existência do “património disponível”. E bem vistas as coisas, até é bom que não saiba para não lhe ver aumentada a angústia.

 

Esta senhora também não tem casa em Lisboa.

 

É que há contentores e contentores.

 

(Foto de Timothy Schenck)

 

 

 

Este blogue não tem uma casa em Lisboa

por josé simões, em 03.10.08

 

Na Quadratura do Circulo, qualquer que fosse o tema em cima da mesa, qualquer que fosse o visado, desde o simples varredor das ruas ao Papa, era sabido que Jorge Coelho-comentador começava a sua intervenção com “é uma pessoa que eu conheço e que tenho em grande estima e simpatia e que aproveito para daqui lhe mandar um abraço”. Com o affairpatrimónio disponível, na imprensa e nos blogues, aqueles que condenam e criticam começam sempre com o “enfeite Jorge Coelho”: “conheço Baptista Bastos e Ana Sara Brito (…)”, como que a dizer “sou teu amigo, mas desta vez foste longe demais”. É o factor amiguismo e cumplicidade necessário ao processo criativo do artista.

 

Agora exigem que António Costa publique a lista com os beneficiários do “património disponível”. Só se for para se poder dizer “está aqui, preto no branco!”, porque para se saber quem é quem, basta fazer uma ronda aqui pela coluna da direita na secção blogues e ler o que foi escrito e, principalmente, o que não foi.

 

Mas atenção que a partir de hoje a legião dos críticos vai aumentar substancialmente. É que Fernanda Câncio escreveu sobre o “affair. E condenou. Agora já podem falar. Agora já têm opinião.

 

 

 

A Nobreza republicana

por josé simões, em 01.10.08

 

Declaração de interesses: fui estudante de jornalismo, fui 10 anos roadie de bandas e artistas vários (entre os quais Vitorino), trabalhei 7 anos em Lisboa.

 

Vamos lá a ver se eu percebi, ou se houve aqui uma falha de comunicação:

 

Há a “habitação social” – lá para os arrabaldes da cidade; antes do sol nascente – e há o “património disponível” – uns quaisquer quatro mil fogos espalhados pela cidade. Por um qualquer princípio que desconheço ou que me escapa, há esta distinção.

 

Quatro mil fogos, contas por baixo, dá pelo menos habitação para quatro mil pessoas. Quantas pessoas é que foram escondidas em cada um desses guetos antes do sol nascente?

E há também o fenómeno construção civil. É necessário construir, nem que seja nos arrabaldes, nem que sejam bairros sociais. A tal promiscuidade financiamentos das campanhas eleitorais e dos partidos/ empresas. O fenómeno é interessante. A Câmara perde dinheiro com os terrenos e a construção de baixa qualidade na “habitação social”, e deixa de ganhar nas zonas nobres, com o bodo “aos pobres” no “património disponível”.

 

Como já não há condes nem marquesas, o espaço social foi ocupado pela nova nobreza arts & press, e, por esse princípio que desconheço ou que me escapa de atribuição de “património disponível”, estipulou-se que, por exemplo, a Rua do Salitre era o local indicado para morar uma vereadora, ou que a Rua Ferreira Borges é perfeita para um artista. Onde é que já se viu um preto das obras ou um cigano das feiras habitar um prédio em downtown? Dito de outra forma, o bairro do Padre Cruz ou o da Boavista ou Chelas são lá sítios para um homem da política das artes e da cultura?

 

Tomemos o exemplo de Vitorino. Compreende-se o critério. É do Alentejo, e como todos os dias úteis dá espectáculos em Lisboa, e no pouco tempo de sobra grava discos também na capital, para se evitar o vaivém diário, recebe uma habitação. Mora em Lisboa com renda controlada e tem casa de férias na terra natal. O outro tem em Constância. E toda a gente sabe como morar em Lisboa é essencial para se ter acesso à rede de amiguismo e cumplicidades, perdão, é essencial ao processo criativo.

 

Cada um tem a casa que merece. E alguns merecem morar antes do sol nascer.

 

Adenda: Leituras complementares aqui e aqui.