"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Uma espécie invasora, introduzida por via do desleixo e irresponsabilidade da acção humana, mantida e reproduzida com a complacência, fruto da incompetência, de quem gere e administra o parque, há décadas a destruir a fauna, a flora, o habitat de outras espécies há séculos na serra, algumas endémicas, e alimentada por turistas e outros humanos irresponsáveis.
O animalismo em todo o seu esplendor por uma senhora, eleita deputada da nação, que se reclama da ecologia. Vergonha só se for a alheia.
Cada vez mais perto os gloriosos dias das "vistas maravilhosas" em que deitados na toalha no areal de Tróia teremos como paisagem o Cristo-Rei, a ponte 25 de Abril e toda a linha de costa desde Lisboa até Cascais.
Desligado. 16 horas sem net, sem blog, sem Twitter, sem notícias, nada de nada, nem sequer futebol, só a companhia daqueles que a gente conhece desde que se lembra. E soube bem.
Enquanto via o documentário "Arrábida – da serra ao mar" dei comigo a pensar que não é de todo descabido poder estar um dia em Tróia estendido na toalha e a admirar a bela paisagem de… Lisboa.
A herança que vamos deixar às gerações futuras, como agora se costuma dizer para justificar o saque e o esbulho ao bolso do cidadão, já que é de saque e esbulho ao património comum dos cidadãos que se trata.
E quando não houver serra onde é que encaixamos os argumentos que servem para manter as pedreiras e a cimenteira em actividade? Nas mais valias pornográficas de meia dúzia de accionistas com a justificação dumas centenas de postos de trabalho pagos a salários inferiores aos da média europeia, e mais um osso para roer na forma de um mecenato migalheiro, ao futebol da cidade e a uns quantos espectáculos musicais em dias de festa – com a cumplicidade do poder autárquico, para manter o povo distraído, da pedra e do cimento, e respeitosamente grato a quem paga o circo?