"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Os médicos são os mesmos, os enfermeiros são os mesmos, os técnicos de diagnóstico são os mesmos, os funcionários administrativos são os mesmos, os auxiliares são os mesmos. Agarramos e pregamos com eles no hospital de Setúbal, no hospital de Almada, ou até deixamo-los ficar onde estão e mudamos a administração do privado para o Estado, já em 2021 como programado pela 'geringonça' com grande alegria e satisfação, para os resultados serem diferentes e voltarmos ao tradicional descalabro dos custos a dispararem, rebaldarias de entradas e saídas, atrasos acumulados, desperdício de recursos, atendimento por obrigação como se todo o mundo lhes devesse. Tudo se resume a hierarquia, autoridade e disciplina. E vale para toda a administração pública por mais que custe à esquerda.
O post sobre a "rotunda do Lidl" gerou dois tipos de comentários, por e-mail para o blogue e por mention ou mensagem directa no Twitter:
- Pessoas do PCP, que abomina as PPP's, a defenderem as virtudes de uma PPP com o argumento de que não é uma PPP; - Discípulos e escudeiros de João César das Neves a jurarem a pés juntos que há almoços grátis.
Na imagem o prémio Secil para construções em betão armado, no Parque do Bonfim há mais de 30 anos, que é agora usado pelos cartilheiros do PCP de serviço às "redes" como exemplo para justificar a privatização do espaço público por uma câmara comunista, a exemplo do que se faz nos estados Unidos ou no Chile, que Portugal não seria na Europa logo a seguir à revolução de Abril. Outro exemplo a que recorrem é o das paragens de autocarros e as paredes da cidade com propaganda. A coluna vertebral direita é um bem precioso.
O triunfo do capitalismo consumista através da privatização do espaço público pelas mãos de uma autarquia comunista, Câmara Municipal de Setúbal.
São boas todas as explicações sobre esta parceria público-privado, as PPP's que os comunistas abominam desde que seja a pimenta no cu dos outros. Desde a autarquia estar falida e a cadeia de hipermercados pagar a requalificação, alargamento das vias e toda a operação urbanística de um supermercado que assim consegue duplicar a área comercial e triplicar o estacionamento da primeira construção, feita em terrenos de cheia numa alteração cirúrgica ao PDM efectuada por um anterior executivo PS, até à obrigatoriedade de ler No Logo de Naomi Klein, sobre como as marcas e as corporações se insinuam na cousa pública, nas instituições e no espaço público, até ao ponto de definirem políticas e prioridades que deviam caber ao decisor político, eleito em eleições livres e democráticas, para depois fazer uma redacção, como TPC [trabalho para casa], posteriormente lavrada em acta de câmara, truncada ou não pelo espartilho leninista da análise histórica ou por uma qualquer directiva emanada do centralismo democrático, já que isso agora é o que menos interessa, quando o leque, de uma extremidade à outra, cabe todo no mesmo saco. O PS começou, o PCP deu-lhe continuidade e o PSD não desdenha e até é capaz de aparecer a dizer que faria muito melhor.
Viva a rotunda do Lidl, viva! Pim!
[Na imagem a nova rotunda na confluência da avenida de Moçambique com as ruas Cidade Debrecen e Engenheiro Henrique Cabeçadas]
Todos estamos lembrados, até os mais esquecidos, do tom ufano e triunfal com que éramos brindados, dia sim dia sim, com as declarações de Pedro Passos Coelho, Sérgio Monteiro, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Álvaro Santos Pereira aka o Álvaro, Assunção Cristas, Pedro Mota Soares, Luís Montenegro, João Almeida, Hugo Soares, Telmo Correia, Duarte Marques, Cecília Meireles, Teresa Leal Coelho, e perdoem-me os que ficaram esquecidos, sobre os méritos do Governo da direita radical em diminuir os custos das PPP para o bolso do contribuinte: O, The, Le, El Governo.
Afinal o fogo ardeu e consumiu vidas e bens e foi a miséria e a desgraça que se conhecem porque a "poupança para o contribuinte foi acordado entre o Estado, O, The, Le, El Estado e a Ascendi e nunca entre o Governo, O, The, Le, El Governo, e a concessionária, conforme Pedro Passos Coelho, Sérgio Monteiro, Paulo Portas, Maria Luís Albuquerque, Álvaro Santos Pereira aka o Álvaro, Assunção Cristas, Pedro Mota Soares, Luís Montenegro, João Almeida, Hugo Soares, Telmo Correia, Duarte Marques, Cecília Meireles, Teresa Leal Coelho, e perdoem-me os que ficaram esquecidos, amplamente badalaram, ao contrário do falhanço do Estado nos incêndios de 2017, sobejamente ilustrado com fotos e imagens dos ministros do PS, do Governo PS, do Governo socialista, do socialismo, resumidamente.
Se calhar é por ser Agosto e o povo estar todo a banhos mas passaram despercebidas, não nas televisões do pensamento único mas nas redes sociais [gloup], as declarações do delfim de Pedro Passos Coelho nas ilhas adjacentes sobre a "renegociação" das Parcerias Público-Privadas, papagueadas pelo ministro da Economia, António 'soldado disciplinado' Pires de Lima e repetidas ad nauseam pelo querido líder Paulo Portas, em tandem com aquele-que-nunca-fala-verdade, candidato à renovação do mandato de primeiro-ministro,
que nos confirmam que não houve renegociação das PPP's coisíssima nenhuma, simplesmente o Estado vai deixar de fazer o que até então era responsabilidade contratual do privado e que os pneus, suspensões, direcção e chaparia diversa, vítimas das crateras e do mau estado do alcatrão, ficam por conta do cidadão-condutor-contribuinte.
Numa busca rápida pelo Google encontramos éne provérbios com o termo 'mentira'.
O que vale é que o Governo é amigo do contribuinte e sempre se podem descontar na declaração de IRS as facturas da oficina e, com um bocado de sorte com a factura da sorte, vem um topo de gama novo, com direcção e suspensão nova, mais pneus a estrear e os mestres da propaganda ainda fazem um figurão na campanha eleitoral.
No partido com maior circulação de elites dirigentes entre cargos ministeriais e conselhos de gerência e/ ou administração de empresas privadas; no partido de maior circulação de militantes entre a administração do Estado e/ ou empresas públicas e o sector privado; no partido onde o líder, e o seu inner circle, cresceram e engordaram em empresas privadas abrigadas no guarda-sol do Estado e dos fundos comunitários; no partido da promiscuidade entre o Estado e o sector privado, abrimos muito a boca de espanto e fazemos uma grande cara de caso, porque vivíamos todos no mundo da Lua e não percebemos que o ataque cerrado às parcerias público-privadas era manobra de diversão do departamento de agit-prop do partido, concertado com uma comunicação social capturada e acéfala, e mostramos muito receio, fundado receio, por o Governo, que tem em cada gabinete ministerial uma foto emoldurada de Margareth Thatcher, voltar a apostar nas PPP.
O Governo deixou de poupar 140 milhões com as parcerias público-privadas e, dos 160 milhões que diz que poupou, não poupou coisíssima nenhuma porque, e ao contrário do que acontece com os subsídios de doença e de desemprego, com os pensionistas e com os reformados e com todos os trabalhadores no activo, do sector público ou do sector privado, há o "aval dos bancos financiadores" e os accionistas e os concessionários, e o respeitinho é muito bonito, e o Governo das empresas e das corporações, eleito pelo voto popular, é muito respeitador das hierarquias e obediente ao seu público-alvo, e nem sequer a troika é para aqui chamada nem o Governo invoca o memorando "assinado pelos socialistas".
Como se partidos da maioria e Governo não fossem uma e a mesma coisa, como se o Governo não fosse uma emanação do espírito reinante na maioria, como se houvesse pensamento próprio dentro das bancadas da maioria que não o de seguidismo amorfo e o do sim-sim acéfalo, como se na hora das votações se assistisse a tomadas de posição por motivos de "objecção de consciência" ou a rebeldias motivadas por consciência social e/ ou política, como se estas coisas não fossem todas previamente combinadas e acertadas antes de passarem para a opinião pública, como se estas coisas não tivessem sempre todas origem numa "fonte próxima" ou num "envolvido no dossier".
O primeiro-ministro da Tecnoforma e do Governo, eleito pelos portugueses, para as grandes empresas à sombra do Estado, também acha que o Estado não pode ficar a pagar eternamente para fazer o que não é preciso. O primeiro-ministro disse que “em pequenino não conta”, já tratámos da nossa vidinha, e da vidinha dos nossos amigos, a partir de agora começamos no ponto zero e tratamos da vossa vidinha, sociedade sem inteligência nem exigência.
SejEmos realistas, extraordinariamente fantástico é a capacidade que o senhor primeiro-ministro tem para fazer discursos onde, alegadamente, critica terceiros, causadores de todos os males da Pátria antes da sua chegada messiânica ao governo da Nação, recorrendo a todo o tipo de argumentos que podem, e devem, ser usados para desmontar a sua governação.
Como na anedota das putas, "chama-lhes filha! antes que elas te chamem a ti".
Ouvir Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do PSD, no telejornal das 21:00 da SIC Notícias, dizer que o Estado foi mal aconselhado e assessorado nas PPP [Parcerias Público Privado]. Mal aconselhado pelos escritórios de advogados, pagos com cachets milionários, centros de estágio e agências de colocação de emprego para os jotas da maioria, e de onde saíram os deputados que integram a bancada parlamentar do PSD e do CDS e os secretários de Estado do Governo Pedro Passos Coelho/ Paulo Portas.