"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Uma espécie invasora, introduzida por via do desleixo e irresponsabilidade da acção humana, mantida e reproduzida com a complacência, fruto da incompetência, de quem gere e administra o parque, há décadas a destruir a fauna, a flora, o habitat de outras espécies há séculos na serra, algumas endémicas, e alimentada por turistas e outros humanos irresponsáveis.
O animalismo em todo o seu esplendor por uma senhora, eleita deputada da nação, que se reclama da ecologia. Vergonha só se for a alheia.
Foi assim que Inês Sousa Real foi recebida no "mundo rural" de Beja pelos betos das touradas, descendentes e herdeiros dos agrários do trabalhar de sol-a-sol contratado de boca na praça da jorna. "Vai para a tua terra!". Agora imaginem os nepaleses, os moldavos, os africanos, os imigrantes contratados nas novas praças de jorna alentejanas.
Deu para António Costa finalmente proferir as palavras proibidas feitas palavrinhas mágicas: "maioria absoluta";
Deu para Rui Rio aparecer de gravatinha cor de fralda de bebé mudada, qualquer que se a a mensagem subliminar;
Deu para Catarina Martins explicar ao moderador, Carlos Daniel, o que está em causa e o que vai ser votado dia 30;
Deu para António Costa começar ao ataque, que é como quem diz à mentira, com "a alternativa à maioria absoluta ser crise atrás de crise e eleições de 2 em 2 anos" apagando em directo e a cores os anos entre 2015 e 2018, qual Estaline de tesoura em riste a cortar fotografias com o Trotsky;
Deu para Chicão, nascido em 29 de Setembro de 1988, recuperar a memória do sofrimento que foram os anos do PREC;
Deu para Ventura, líder de um albergue de neo nazis e fascistas saudosos de Salazar, invocar os países que nos ultrapassaram na União Europeia, os de leste que nos idos do matacão de Santa Comba tinham homens no espaço enquanto nós tínhamos uma autoestrada de Lisboa ao Casal do Marco, as estradas pejadas de carroças puxadas a burros e demorávamos 5 horas a chegar ao Algarve;
Deu para João Oliveira esfregar na cara de António Costa que os ganhos que exibe como trunfo para uma maioria absoluta só foram possíveis porque o PCP se chegou à frente, caso contrário tínhamos gramado com mais 4 anos de Governo da troika, com o PS a abanar a cabeça na bancada como os cães de feira que nos 70s se usavam na parte de trás dos carros;
Deu para Cotrim de Figueiredo dizer que acreditava no Pai Natal com as pessoas que sobem na vida a trabalhar;
Deu para Rui Rio afirmar que já reduziu despesa pública em empresas privadas;
Deu para Ventura recuperar a bisca das "fundações e organismos que absorvem recursos do Estado" lançada pelo Criador, Passos Coelho, nos anos do Governo da troika;
Deu para Rui Rio, líder de um partido que há 40 anos não faz outra coisa que desinvestir e retirar competências ao Serviço Nacional de Saúde, dizer que o SNS está em falência, depois de ter passado os debates anteriores a dizer que há funcionários públicos a mais;
Deu para Cotrim de Figueiredo passar todo o santo debate a dizer que António Costa não respondia às questões enquanto ele próprio ganhava o cognome de O Ilusionista por causa dos truques para fugir à questão flat tax;
Deu para Rui Tavares vestir a fatiota de Cotrim de Figueiredo e explicar aos telespectadores que com a taxa chata do Ilusão Liberal quem fica a ganhar são os mais ricos, para rombo nos cofres do Estado que asseguram serviços públicos gratuitos e universais;
Deu para Ventura voltar à carga com "o país em que metade trabalha para outra metade que não quer fazer nada" e "um país outro todos roubam e ninguém vai para a prisão", precisamente no dia em que se soube que a agremiação de bandalhos a que preside vai ser despejada da sua sede em Évora por não pagar a renda da casa há 8 meses;
Deu para António Costa fazer autocrítica: "o que faltou foi vontade política para viabilizar o Orçamento do Estado";
Deu para Chicão falar em três banca rotas desde 1995 apesar de nem uma ter havido e a que podia ter acontecido foi evitada;
João Cotrim de Figueiredo, no debate com Inês Sousa Real, a dizer que há que defender o planeta mas não a qualquer custo;
António Costa, no debate com Inês Sousa Real, candidamente a escudar-se atrás de uma lei que deixa o estudo de impacto ambiental a cargo da empresa interessada no projecto mineiro, para o caso.
De cada vez que o PS vai a votos e as previsões lhe dão um "resvés Campo de Ourique" para a ambicionada maioria e aparece na equação o provável candidato a suportar o Governo no Parlamento, logo surge uma qualquer notícia num qualquer jornal, pela pena de um avençado com aura de jornalista independente e de qualidade a toda a prova, a implicar um qualquer elemento do partido em questão, prontamente replicada pela legião de aios e escudeiros de plantão às redes, auxiliada por bots, que replicam a notícia em loop never ending, no princípio do "quem conta um conto acrescenta um ponto", por forma a descredibilizar o visado e, por arresto, o partido a que pertence, numa tentativa de diminuição de hipóteses de coligação por via do castigo do voto popular nas urnas. Foi assim quando no início da "Geringonça" o Bloco de Esquerda se posicionava para o efeito nos mentideros da opinião publicada, é assim agora com o PAN.
Tivemos Rui Rio encostado às cordas por André Silva do PAN no debate para as legislativas na RTP. Chegou a ser confrangedor ver o líder do PSD, com décadas de vida política, invocar Carlos Coelho, que ninguém nascido pós 25 de Abril sabe quem foi, para chutar para canto argumentação em modo tareia que estava a levar do único deputado eleito por um partido nascido anteontem.
Hoje na SIC António Costa não chegou ao ponto de ser encostado às cordas como Rui Rio mas passou 15 minutos da metade que lhe coube à roda da "neutralidade carbónica", sem ter aprendido nada com o debate anterior ou sem que os seus assessores o tenham alertado e instruído para a ratoeira, sempre à defesa, como Rui Rio, sempre numa posição de inferioridade de quem se vê na obrigação de se justificar. Clara de Sousa mudava a agulha e 30 segundos depois lá estava André Silva de volta à "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre a dívida pública? "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre a sustentabilidade da Segurança Social? "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre as leis laborais? "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre o Serviço Nacional de Saúde? "neutralidade carbónica".
O que é que o PAN ou o seu líder deputado eleito pensam sobre _____________________ [preencher a gosto]? "neutralidade carbónica".
Incluíam os projectos do BE e do PAN, que permitiriam o uso da cannabis para fins medicinais, na Lei do Financiamento dos Partidos Políticos e das Campanhas, com as perspectivas futuras do encaixe financeiro a efectuar pelo PCP, via "Festa do Avante!", e já não tinham a hipocrisia dos comunistas no Parlamento a votar ao lado da direita radical retrógrada, com recurso a uma argumentação simplesmente estúpida, num tempo em que a planta está a ser legalizada por todo o mundo.
Enquanto Hugo Soares, o deputado do PSD cujos únicos contributos conhecidos para a democracia são o ter feito de his master’s voice com um referendo à co-adopção nos intervalos de passar manhãs e tardes no Parlamento a mandar bocas à oposição e a dizer "muito bem!" quando os seus correligionários discursam, gozava à descarada com o deputado do PAN, André Silva, demonstrando uma total falta de respeito e de educação, que se adquire em casa e não com o exame da 4.ª classe, o "primeiro-ministro no exílio", Pedro Passos Coelho, acompanhado de grande burburinho nas bancadas PàFiosas, abandonava o hemiciclo durante a intervenção do primeiro-ministro de facto, aparentemente em protesto por António Costa ter usado o termo "mavioso" para adjectivar Paulo Portas.