"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Israel, num acto de pirataria naval, abordou barcos em águas internacionais e raptou as respectivas tripulações para Israel onde as manteve detidas por 48 e mais horas. Deportadas por via aérea, de um sítio para onde foram levadas contra sua vontade por ameaça de armas, o Governo do país a que chamam pátria apresentou-lhes a conta do respectivo voo. Ah, são invertebrados mas não são rastejantes porque já reconheceram o direito da Palestina a ser Estado.
Desde o deserto e o Líbano até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus e até ao mar Grande para o poente do sol será o vosso limite. Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei. Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais. Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares.
Josué 1:4
O Movimento de Resistência Islâmica sustenta que a Palestina é um território de Wakf, (legado hereditário) para todas as gerações de muçulmanos, até o Dia da Ressurreição. Ninguém pode negligenciar essa terra, nem mesmo uma parte dela, nem abandoná-la, ou parte dela. Nenhum Estado Árabe, ou mesmo todos os Estados Árabes (juntos) têm o direito de fazê-lo; nenhum Rei ou Presidente tem esse direito, nem tampouco todos os Reis ou Presidentes juntos, nenhuma organização, ou todas as organizações juntas – sejam elas palestinas ou árabes – têm o direito de fazê-lo, porque a Palestina é território Wakf, dado para todas as gerações de muçulmanos, até ao Dia da Ressurreição.
Artigo 11.º do Estatuto do Hamas
Quem se interesse por estas coisas da religião, do ponto de vista histórico, civilizacional, cultural, não do ponto de vista da fé e da crença; quem, como aqui o escriba, tenha lido a Bíblia e o Corão da primeira à última página, e o Livro de Mórmon até meio, não havia pachorra para mais, fica a saber duas coisas essenciais:
- Não dar para o peditório de guerras religiosas;
- Não discutir com quem tem um tratado com Deus.
Este último ano tivemos essa confirmação, se dúvidas houvesse.
Parece que Netanyahu quer fazer aos palestinianos o mesmo que Estaline fez às diversas nacionalidades que integravam a União Soviética. Já ninguém inventa nada.
Uma mesquita, a de Al-Aqsa, situada num monte, o Monte do Templo, o Templo de Salomão, numa Judeia renomeada Palestina depois de Adriano ter ordenado o massacre de toda a população e o desaparecimento do mapa de cidades, vilas e aldeias. O resto, até chegarmos aqui, vem na Bíblia, no Antigo Testamento. Pode um problema religioso ter solução política?
Diz que Israel usa o "pinkwashing" como forma de ocultar a violação sistemática dos direitos humanos pela força militar em territórios ocupados, já sistematicamente violados pelas autoridades respectivas e onde o "pinkwashing" ainda não foi descoberto, Allahu Akbar. Parece que as coisas eram muito mais fáceis quando Adriano renomeou a Judeia em Síria-Palestina.
An Israeli soldier argues with a demonstrator wrapped in a Palestinian flag during a protest against Israeli settlements in Jordan Valley in the Israeli-occupied West Bank. Reuters/ Raneen Sawafta
Diz que a ONU e o "Ocidente", o que quer que isso signifique, descobriram que por detrás da gravata que Mahmmoud Abbas, o Presidente da Autoridade Palestiniana, tem pendurada ao pescoço para não ser misturado com os radicais da religião que professa, há um anti-semita. A seguir a ONU e o "Ocidente" vão descobrir que antes a Palestina se chamava Judeia.
Podia António Guterres ter acrescentado que a Palestina não existe, que é uma criação do imperador Adriano depois de massacrar os sobreviventes insurrectos ao poder de Roma, por sua vez sobreviventes descendentes dos judeus revoltosos chacinados pelas legiões do general Tito que arrasaram Jerusalém, destruíram o templo numa acção militar que terminou no lendário cerco à fortaleza de Massada no ano de 73 d. C. . Mas António Guterres é um diplomata e não quis ferir sensibilidades.
A diferença é que enquanto a polícia israelita detêm os suspeitos pelo assassinato do jovem palestino, a autoridade palestina não detêm ninguém, nem sequer tem suspeitos do assassinato de três jovens israelitas, nem tão pouco está para aí virada, o Hamas faz dos assassinos heróis nacionais e, se preciso for, ainda levam medalhas no Dia da Raça deles. Coitados dos palestinos.