"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O que nos "condena à mediocridade" foi a Europa do 'estado providência' ter abdicado do 'modelo social europeu' – imagem de marca e, ainda hoje, íman para milhares que ambicionam um futuro melhor para si e para os seus, ao invés de não o ter imposto nos acordos da globalização do livre comércio das marcas e das corporações, numa cedência fatal à narrativa dos amanhãs que cantam na liberalização e desregulação que, inevitavelmente vai condenar a Europa à mediocridade e à irrelevância.
Conseguem imaginar um PSD liderado por Duarte Marques ou Hugo Soares e com Miguel Morgado e/ ou Bruno Maçães como ideólogos, com social-democrata no nome – porque é mais fácil tomar um partido por dentro do que criar um Tea Party tuga de raiz, com Duarte Marques e, já agora, também Hugo Soares, como "social-democratas", tal e qual a imprensa os intitula, e com Pacheco Pereira como comunista infiltrado, esquerdista proscrito? A imbecilidade contra o raciocínio, o matarruanismo do economês contra o humanismo da História e das ciências sociais, o seguidismo acéfalo contra o debate de ideias, o retrocesso contra a civilização, a formatação contra a diferença?
Em Março de 2008, estava o PSD entregue à bicharada nas mãos da dupla Luís Filipe Menezes/ Ribau Esteves, Pacheco Pereira escreve no Abrupto a famosa série de textos que haviam de ficar para a posterioridade como a saída da liderança "à bomba".
Em 2014 está o PS entregue à bicharada nas mãos de António José Seguro e António Galamba e nunca como agora estes posts de Pacheco Pereira fizeram tanto sentido. Bastou substituir, datas, siglas e personagens:
«Aqueles que contam com a derrota do PS em 2015, para afastar a actual direcção, – e não adianta estarmos a enganar-nos uns aos outros com palavrinhas de circunstância, é aquilo que todos esperam, – prestam um péssimo serviço a uma alternativa mais que necessária ao PSD. Podem acordar em 2015 com um PS que perdeu de vez a sua dimensão nacional, um partido que conta cada vez menos para a vida pública, acabrunhado por mais uma derrota que só pode gerar depressão ou escapismo entre os militantes (sim, porque deles será uma grande responsabilidade), cheio de "bodes expiatórios" e de "apontar de dedos" da culpa, e de "lutas finais" de todos contra todos, com imensa gente a defender-se à "bomba" dos restos do seu poder, e outra sossegada com os quatro anos que adquiriu no parlamento e depois daqui a quatro anos se verá, contente com a sua gestão por objectivos.» [Link]
«Quem pensar que o papel do PS é fundamental para a democracia portuguesa não pode ser indiferente ao que possa acontecer em 2015 ao partido, porque em 2014 já pode ser tarde demais e em 2015 já será certamente tarde demais. [... ]. E não vai ser fácil porque vai mesmo ter que ser "à bomba", dado que em 2015 há dezenas de lugares apetecidos para distribuir e para cada lugar há cinco pessoas da "situação" a quem este foi prometido e dez que acham que lá podem chegar no meio da guerra civil.» [Link]
«O futuro do PS não se joga em 2015 mas em 2014. Os patriotas "rosinhas" (e mesmo alguns "azulinhos"), os da "camisola", coloquem a mão na consciência e perguntem a si próprios se acreditam que o PS vai lá como está. Perguntem a si mesmos com verdade, sem ambiguidades, se o partido de que fazem parte está a cumprir o contrato cívico e político não escrito que tem com os portugueses, que tantas vezes lhes deram a sua confiança? Penso que todos sabem a resposta.
Há quem pense que "se deve dar uma oportunidade ao líder" de ir a eleições. Em condições normais, talvez sim, se não tivesse há muito deixado de haver condições normais.» [Link]
Lições de Democracia de um regime totalitário, lições de liberdade de imprensa de um regime de imprensa de pensamento único, lições de Estado de Direito de um regime onde não há separação de poderes – executivo, judicial, e quarto poder. Escusavam[os] ouvir esta.
Vassourada. Mas só nos serviços secretos, também não é preciso exagerar. O saque organizado ao Estado, pela mesma rede de compadrio, cumplicidade e amiguismo político-partidário, desde que não entre no campo da coscuvilhice e da calhandrice e, mais importante, desde que o povéu não tenha conhecimento, pode continuar. Alegremente.
A recuperação dos cartazes não foi, não é, pela mensagem em si nem pela mensagem no contexto político-histórico, mas pela modernidade, pelo design, pelo poder do minimalismo em maximizar uma mensagem, pela typography. A importância da typography que Pacheco Pereira descobriu 10 anos depois, contas por baixo, no Ponto Contra Ponto desta noite. Ah e tal, ninguém linka o Pacheco [nem a Ana Sá Lopes]. Give me a break!
Publicar páginas e páginas de escritos sobre o maoísmo e entrevistas a (ex)maoístas sem nunca abordar, sequer ao de leve, o maior genocída da história da humanidade, Mao Zedong himself, é obra.
E o que é que, ou porque é que, um (ex)maoísta, no ponto mais ocidental da Europa, tem a ver, ou tem de carregar, com os milhões de perseguidos e outros tantos milhões de mortos às mãos de Mao e do Partido Comunista Chinês? O mesmo que um (ex)comunista, no mesmo ponto mais ocidental da Europa, tem a ver com os crimes de Estaline, o que não é impeditivo para que o tema esteja sempre em cima da mesa de trabalho, não é?
Como a anedota do menino Joãozinho que já não faz ninguém rir - vá lá um sorriso amarelo - por mais velha que o cagar de cócoras, mas que ainda assim é ciclicamente ressuscitada pelas novas gerações no bê-a-bá do ensino básico para quem aquilo soa a novidade e descoberta, também a famosa carta de Rosa Coutinho é ciclicamente ressuscitada pelos ressabiados (e e ínclita descendência) da descolonização e do 25 de Abril. Basta ler alguns dos blogues que linkam para esta notícia. O Pacheco Pereira explica. Trolls.
A Constituição é soberana, ponto final. Como aliás o PCP não se cansa de repetir para tudo e para mais alguma coisa, e de a invocar a qualquer pretexto - o que só lhe fica bem - mas apesar de não se ter inibido de exercer, em parelha com o PSD, a sua acção voyeurista.
Um quis “defender a honra” por ter visto resumido o seu trajecto político a “de educador da classe operária a educador da classe política” e por ter sido avisado que “a Assembleia da República não é a Quadratura do Círculo”. E lá defendeu.
Outro, ao retardador, também pediu para “defender a honra” não se sabe se por “erro de simpatia” se por reflexo condicionado, e não se chegou a saber bem de quem uma vez que o presidente martelou na bancada para o almoço. Seria a honra do camarada em part-time vitalício lá na tal da Quadratura do Círculo?
Com tanta "defesa da honra" o Parlamento mais parece uma casa de putas.
José Pacheco Pereira em registo avó Ilda que nasceu era D. Manuel II El-Rei de Portugal e morreu nos tempos da governação do beato Guterres, Deus tenha a sua alma em descanso – e a do Pacheco também, já agora – uma vez que ela era crente, e que foi para a cova sem compreender porque é que as mulheres fumavam usavam mini-saia e dormiam com o namorado antes de casar, e sem acreditar que o homem alguma vez tenha pisado a Lua, mas em compensação assistiu ao vivo com os pais e restante irmandade, ainda nem sequer havia televisão a preto-e-branco, ao milagre do Sol em Fátima. Mas era a avó Ilda.
Parafraseando a loira do regime: "Aqueles que contam com a derrota do PSD (…), para afastar a actual direcção, - e não adianta estarmos a enganar-nos uns aos outros com palavrinhas de circunstância, é aquilo que todos esperam, - prestam um péssimo serviço a uma alternativa mais que necessária ao PS".