Pão e Circo
por josé simões, em 30.01.08
Ataca-se no Pão: sai Correia de Campos da Saúde, para acalmar as hostes internas e as hostes nas ruas.
Ataca-se no Circo: sai Isabel Pires de Lima da Cultura, para acalmar as elites.
Sócrates pode ter muitos defeitos, mas parvo não consta no rol. A remodelação é feita principalmente à esquerda. O PSD não atrapalha Sócrates, de tão entretido que anda a atrapalhar-se a si próprio.
A remodelação é feita à esquerda. A direita em Portugal sempre se deu mal com a rua; à excepção de um curto período no PREC em que andou de braço dado com a Igreja a atacar e incendiar sedes de partidos de esquerda a norte de Rio Maior. As ruas sempre foram monopólio da esquerda. A contestação nas ruas à política para a Saúde estava a capitalizar à esquerda.
Os mesmos problemas que a direita tem com a rua, têm-nos também com as coisas da cultura. Um complexo de que não se consegue livrar (Gonçalo Reis (revista Atlântico) explica). As gentes da cultura e das artes andaram sempre maioritariamente pela esquerda. E, a um ano e picos das eleições, uns escritos por aqui e por ali, nos blogues e nos jornais; umas entrevistas e uns debates por acolá; não matam mas moem. Fazem mossa.
No timming certo. No dia em que o bastonário da Ordem dos Advogados volta à carga no discurso de abertura do ano judicial; onde o Governo levou mais um puxão de orelhas do Presidente. No dia em que a ONG Reprieve ressuscita Guantanamo.
Os media portugueses sempre tiveram dificuldade em lidar com enxurradas de informação.
Ele há com cada operação cirúrgica!
Post-Scriptum: e fala-se e escreve-se sobre o ministro do Ambiente que também devia ter ido à sua vidinha. Porquê?! Com o que aí vem de obras, interessa é nem sequer haver ministério do Ambiente, quanto mais um ministro!
(Foto de Damon Winter para o The New York Times)