"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Era a única decisão possível. Como disse um dia o capitão Kurtz «It's impossible for words to describe what is necessary to those who do not know what horror means. Horror... Horror has a face...». E os batalhões de psicólogos a fazer pela vida. Desta vez ganhou a razão.
O Estado de Direito, e as instituições que criámos para o regular, têm destas coisas: um assassino confesso de 70 pessoas pode ir a tribunal, com orgulho, defender a sua “obra” e apregoar uma ideologia de ódio que, em última instância, visa a destruição desse mesmo Estado de Direito, ao passo que o juiz encarregue de o julgar não pode publicamente defender a aplicação de uma pena que nem sequer consta no ordenamento jurídico do país.
«Até ao início dos anos setenta, os emblemas das roupas estavam geralmente escondidos, colocados discretamente no interior do colarinho. Pequenos emblemas do designer surgiam no exterior das camisas, na primeira metade do século, mas esses trajos desportivos limitavam-se quase exclusivamente aos campos de golfe e campos de ténis dos ricos. […]. O jogador de pólo Ralph Laurent e o crocodilo de Izode Lacoste fugiram do campo de golfe e passearam-se pelas ruas, arrastando com decisão o emblema para o lado de fora da camisa. Estes emblemas cumpriram uma função social equivalente a manter a etiqueta com o preço: toda a gente sabia precisamente a quantia que essa pessoa estava disposta a pagar para ter estilo.»
“A Expansão da Marca”, Naomi Klein, No Logo – O poder das marcas, Relógio D’ Água Editores, Julho de 2002.
Os motins de Salisbury Place em 1391, de Bawdy House em 1668, de Spitalfield em 1769, os Old Price em 1809 e, mais recentemente, os motins de de Cable Street em 1936, de Notting Hill em 1958 ou de Red Lion Square em 1974, todos eles convocados com recurso ao BlackBerry, Twitter e Facebook.
Entregar os casos clínicos a quem de direito e ficarmos todos seriamente preocupados com coisas sérias e não com um louco isolado coleccionador de cadernetas de cromos medievais.
Tempo houve em que a extrema-direita, no tempo em que respondia por nazismo e fascismo e usava camisas cor de morte, tinha no muçulmano um dos seus aliados dilectos. E esse tempo durou até depois, muito tempo depois, de terminada a II Guerra Mundial. Era necessário salvar muita gente e a Síria, o Líbano e o Egipto, entre outros, foram portos seguros. Eram os tempos do “judaísmo internacional” e também do nacionalismo árabe e da autonomia da Palestina e por isso muita Esquerda europeia assobiou para o lado e fingiu que não viu. Não tinhaMolotov assinado um pacto com Ribbentrop? Os tempos agora são do “multiculturalismo” e da “colonização silenciosa da Europa”. E o “judaísmo internacional” já tem Estado. E está ali, cravado no meio. Para a Esquerda e para a Direita. Nada de novo, portanto.
[E a Esquerda sempre, mais rápida que a própria sombra, na procura da justificação e da causa das coisas, agora, que os criminosos sérvios estão todos sentados em Haia, nunca lhe passou pela cabeça vir aqui. Adiante…]
Este "I have a message to those who attacked us. A message from the whole of Norway. You won’t destroy us. You won't destroy our democracy. We are a small but proud nation. No one will bomb us to silence. (…)" trouxe-me a memória a Table Talk de S. T. Coleridge em 1884:
«O direito à tolerância parece-me uma contradição. Algum critério deve em todo o caso ser adaptado pelo Estado; de outro modo será compelido a admitir todas e quaisquer doutrinas e práticas, por mais horrendas, que qualquer homem possa proclamar.
O único argumento verdadeiro a favor de uma tolerância discriminatória é que não adianta deter a heresia através da perseguição, a menos que, talvez, ela seja conduzida segundo planos de guerra directa e de massacre.»