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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

O comunista de Pavlov

por josé simões, em 06.06.22

 

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Reza a lenda que em Outubro de 1919 Lénine fez uma visita secreta ao laboratório do grande fisiologista I. P. Pavlov, querendo saber se as experiências sobre reflexos condicionados do cérebro ajudariam os bolcheviques a controlar o comportamento humano. «O meu desejo é que as massas russas sigam o padrão comunista de pensamento e acção», terá ele explicado. «Há demasiado individualismo na Rússia, um resquício do passado. O comunismo não tolera essas tendências perniciosas que interferem com os nossos planos. Precisamos de as abolir.» Pavlov ter-se-á mostrado chocado. Aparentemente, Lénine pedia que ele agisse com homens da mesma forma que agira com cães. «O senhor gostaria que eu nivelasse a população da Rússia? Que fizesse com que todos se comportassem da mesma maneira?», perguntou. «Exactamente», respondeu Lénine. «O homem pode ser corrigido, fazendo dele o que se quiser.»

 

Engenharia da Alma, páginas 809 e 810, A tragédia de um povo - A revolução Russa 1891 - 1924, Orlando Figues, Publicações Dom Quixote

 

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Em cento e poucos anos nada mudou

por josé simões, em 28.04.22

 

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Quando Lenine, a 26 de Outubro de 1917, se dirigiu ao Congresso dos Sovietes para ler o Decreto da Paz, a declaração unilateral de paz que na prática não punha fim à I Guerra Mundial mas antes era uma "incitação à revolta popular, chamando os povos das nações beligerantes para se voltarem contra a guerra, forçando os seus governantes a conversações que pusessem fim ao conflito" proclamou "esperamos que a revolução irrompa em todos os países envolvidos nos conflitos; eis por que nos dirigimos aos trabalhadores da França, da Inglaterra e da Alemanha", com isto inaugurou o que se "tornaria conhecido na política externa soviética como “diplomacia demonstrativa" – aquela cuja intenção não é promover acordos entre governos nacionais que se reconhecem mutuamente, segundo os cânones da lei internacional, mas sim "colocar obstáculos a outros governos e estimular a oposição no seio das nações" [entre aspas Orlando Figes, A Tragédia de Um Povo, editora D. Quixote, 2017], que nos 70s e 80s atingiria a sua expressão máxima com as manifs pacifistas por toda a Europa, no caso específico de Portugal com os concelhos "livres de armas nucleares", os "conselhos para a paz e cooperação", as "associações de amizade" Portugal – URSS e países do bloco soviético, tudo unido numa frente pela paz e para a desmilitarização e desarmamento do… Ocidente, e a reedição de 2022 com os abaixo-assinados, crónicas nos jornais, comentariado nas televisões, pela paz e deposição das armas... ucranianas, "contra a censura" e o "pensamento único dominante", por quem é principescamente pago para escrever e comentar, com uma quantidade de figurantes anónimos úteis a reboque. Em cento e poucos anos nada mudou.