"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança das Organização das Nações Unidas, e com direito a veto, bombardeia Kyiv, a cidade onde nesse preciso momento se encontrava o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, com conhecimento da Rússia. Um dia como outro qualquer na boa fé de Putin.
Com uma guerra na Ucrânia se desmontou a faceta humanista e libertadora dos povos do PZP; com uma guerra na Ucrânia se desmontou a aura mediadora e procuradora de consensos do beato Guterres.
A Hungria de Viktor Orbán, um "líder nato e que merce elogios" no elogio de Duarte Marques, "vai sair do pacto da ONU para as migrações" mas vai continuar sentada na bancada do Partido Popular Europeu em Bruxelas ao lado dos camaradas do PSD e do CDS.
Vamos ficar todos muito indignados porque os Estados Unidos abandonaram o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, o Trump, aquele malandro, o filho da puta, o fascista, e fingir que a Arábia Saudita, a Indonésia, o Catar, o Burúndi, a Etiópia, as Filipinas, a Mongólia, os Emiratos Árabes, Cuba, o Egipto, o Iraque, o Ruanda, China, Venezuela, por exemplo, não fazem/ fizeram parte do referido Conselho. Siga.
Anormal seria que a ONU, organização nascida há 70 anos como resposta a uma Europa arrasada pela II Guerra Mundial e os seus 70 milhões de mortos, consequência do conceito alemão Lebensraum, 70 anos depois da sua criação e quando se debate qual o seu papel no século XXI, a sua reestruturação, a resposta aos novos problemas e desafios, e se parte para a eleição de um secretário-geral num processo nunca antes visto e cuja palavra-chave era "transparência", visse todo o processo posto em causa por um coelho búlgaro tirado da cartola alemã do... Lebensraum.
Era o nome de um programa de televisão, quando o ambiente e a ecologia ainda não estavam na ordem do dia, e que dava uma vez por semana na RTP a preto-e-branco.
"Só há uma terra" podia ser o lema, mesmo para os negacionistas que, com uma agenda ideológica escondida, ignoram e recusam que o aquecimento global é uma realidade, com o argumento de que obedece… a uma agenda ideológica! Até porque só há mesmo uma terra.