"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
A haver coluna vertebral no jornalismo de dentro de portas estas coisas eram de resolução fácil: blackout noticioso total a toda e qualquer referência, por mais leve que fosse, à agremiação de Alvalade. Jornais, rádios, televisões, em todas as modalidades e, sobretudo no futebol, na chamada apresentação do jogo, nas flash interviews após o apito do árbitro e na análise ao jogo na sala de imprensa.
Adenda: Não deixa de ser curioso não se ter ouvido da parte do Sindicato dos Jornalistas uma referência, uma única referência ao facto de por detrás desta estratégia se encontrar um seu associado, noutros tempos um paladino da liberdade de expressão e da imprensa livre.
Parabéns a Nuno Saraiva, o jornalista director de comunicação do Sporting, que conseguiu meter Bruno de Carvalho todos os dias a todas as horas em todos os jornais, rádios e televisões numa delineada estratégia de vitimação e pressão sobre os sócios desde o dia da abortada assembleia-geral até ao dia da assembleia-geral do triunfo e do apelo ao boicote à comunicação social.
Parabéns a Nuno Saraiva, o jornalista do Diário de Notícias, anos e anos de pena afiada em libelos pela liberdade de expressão, pela independência da imprensa e dos jornalistas, contra os ataques à liberdade de imprensa, contra os caudillos instalados e no alerta para os aprendizes de ditador à roda do globo.
O senhor do FC Porto que monitoriza as contas de e-mail dos directores do SL Benfica acusa o Benfica de monitorizar os sms do presidente da Federação nos idos em que era presidente da Liga. Coisa muito grave, avisa, coisa de amantes, amantes dos árbitros, sublinha, enquanto o pivot deixa cair um "fruta", já se deve ter arrependido mas é mais forte do que ele. Não vou revelar, não vai revelar, mas ficam desde já os árbitros a saber que ele sabe e ficam desde já os árbitros avisados para a chantagem que aí vem assim comece a época, é o modus operandi da Taberna do Infante. A dúvida é se o Benfica devia ser irradiado uma época, duas épocas ou três épocas, a meu ver. No ver dele o SL Benfica devia ser irradiado para sempre e o clube proibido, mas não quis passar por exagerado.
No outro lado da estrada um Saraiva, o responsável pelo departamento de açular as massas do Sporting Clube do Porto transpõe para terceiros aquilo que ele faria se soubesse o que os árbitros sabem, "não sei se o Benfica na posse desta informação não a usou". Na impossibilidade do presidente do Sporting Clube do Porto entrar de revólver em punho pelo balneário do árbitro adentro era isso que faria, que faz, que fez, chantagear o árbitro, com a informação que também já tem em seu poder.
Eles tal e qual eles são e ainda nem sequer começou a época.
Se fosse um qualquer ministro era "a promiscuidade entre o jornalismo e o poder político", como é o presidente do Sporting a passar spin, antigamente conhecido como agit-prop, com o nome de "coluna de opinião", duas páginas de jornal, do jornal até há meses entidade patronal de Nuno Saraiva, actual responsável pela comunicação do clube, e a usar léxico, construção gramatical e semântica até hoje desconhecidas no discurso facebookiano e demais flash interviews trauliteiras de Bruno de Carvalho nos finais dos jogos e entrevistas mal-amanhadas em telejornais – uma revelação que surpreendeu até os mais desligados destas coisas do pontapé-na-bola, está tudo bem e não vem daí grande mal, nem ao mundo nem ao jornalismo, não necessariamente por esta ordem.