"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O CDS, que nunca disfarçou um ressabiamento latente e recalcado contra a instituição militar responsável pelo estabelecimento poder político democrático, com a cantilena da descolonização mal feita; o CDS que, em quase 50 anos de democracia, nunca foi poder político em Portugal e por isso não tem culpas no cartório da degradação e do estado lastimável a que chegou a instituição militar; o CDS que, em quase 50 anos de democracia, nunca teve a tutela da pasta da Defesa; o CDS que nem nunca sequer teve um dirigente, o líder do partido, envolvido em suspeitas de corrupção com dinheiros públicos da instituição militar e de equipamentos militares, com um arquivamento mal-amanhado em Portugal e condenados estrangeiros no estrangeiro; "CDS propõe comissão parlamentar de inquérito" para com circo na praça pública tentar tirar dividendos políticos de um caso exclusivamente castrense. Não ter a puta da vergonha na cara é isto.
Nuno Magalhães, líder da bancada parlamentar do CDS, o partido do Governo que, em coligação com o PSD, durante quatro anos rasgou e fez tábua rasa de todos os contratos estabelecidos entre o Estado e os cidadãos - pensões, reformas, salários, contratos de trabalho, dias de férias, dias feriados, impostos e taxas, preocupado com a idoneidade do Estado a propósito da mentira inventada pela direita que é os contratos de associação para rasgar.
Não ter a puta da vergonha na cara nem é isto que isto é a raça deles, como sói dizer-se, não ter a puta da vergonha na cara é, numa sala repleta de jornalistas nenhum ter confrontado o preocupado, idóneo e cumpridor contratual Nuno Magalhães com o passado recente do seu partido, o CDS, em coligação com o PSD.
Ouvir o CDS Nuno Magalhães invocar "o coração da propriedade privada" – as heranças e as doações, no debate quinzenal no Parlamento, para questionar António Costa a propósito de uma alegada reposição do imposto sucessório, faz-me lembrar a história de Afonso VI de Leão e Castela – O Bravo, que herdou do pai, Fernando I – O Magno, o Reino de Leão, que era tudo propriedade privada, por direito e investidura divina com a bênção papal e que já vinha desde tempos remotos, até ao dia em que um tal Henrique de Borgonha, como recompensa por ter ajudado Afonso a tirar a propriedade privada a outros privados, ter levado a filha Teresa e mais um bocado de propriedade privada como recompensa – o Condado Portucalense. A partir daí é mais História, com o neto de Afonso a bater na mãe e a bater em tudo o que mexia e respirava a sul de Guimarães, a tirar propriedade privada a outros privados e a distribuir propriedade privada por privados amigos, hábito que a sua descendência nunca havia de perder até chegar ao ponto em que a propriedade privada, por razões geográficas e políticas, deixou de poder ser tirada a outros privados e começou a ser transmitida por herança, doação ou cruzamentos sanguíneos, até aos dias de hoje, dias em que "o coração da propriedade privada" vai a debate parlamentar pela mão do partido do coração da propriedade privada, ex partido do ex-combatente, da lavoura, do contribuinte, do idoso do reformado e que me desculpem os que ficaram esquecidos.
Evocação do 25 de Novembro a propósito dos 40 anos da data, e dos 41 anos e dos 42 anos e dos 43 anos e dos 44 anos e dos 45 anos e anos por aí fora, e 27 de Janeiro de todos os anos, dia da morte de S. Jaime, morte morrida de causas naturais na luta contra o comunismo, Santo Condestável da Nação, Beato Jaime de Santa Maria. É a direita tradicionalista e patriótica que temos. A bem da Nação. Tudo pela Nação, nada contra a Nação. Amém.
Quatro anos depois e depois de quatro anos de Luís Montenegro e Adão Silva pelo PSD, Nuno Magalhães e Telmo Correia pelo CDS, à vez, em simultâneo ou revezando-se no papel de auxiliares de cena, vulgo "ponto", [no teatro escondido dentro de uma caixa na boca do palco], nos debates quinzenais na Assembleia da República a soprarem as falas ao Governo ou a plantarem dicas e deixas, disfarçadas de perguntas, para o Governo pegar e, pornograficamente, desenvolver acções de propaganda em directo, ao vivo e a cores, em encenações Bollywood num país imaginário, vem o líder da bancada do 4.º partido com assento parlamentar, a reboque do encontro com um ministro do frete a recibo verde, esbracejar o espantalho dos regimes totalitários por as bancadas à esquerda no parlamento não embarcarem na repetição da palhaçada. É preciso ter lata...
Como é que vão ser os debates/ frente-a-frente entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, consagrados na nova «Lei que define os princípios que regem a cobertura jornalística das eleições e referendos nacionais», da autoria dos deputados do PSD Luís Montenegro e Carlos Abreu Amorim e dos deputados do CDS Nuno Magalhães e Telmo Correia, aprovada com os votos favoravies do PSD e do CDS e votos contra de toda a oposição e que incluí a chico-espertice de dar a voz a Paulo Portas, via forças políticas com assento parlamentar, ao invés do "líder" da coligação que se apresenta aos eleitores?
[Na imagem "Beija o anel mas não lambuzes se não queres que peça uma factura detalhada com a listagem de todos os sms e se na próxima legislatura não quiseres ir de tuk tuk para a Assembleia da República"]
"Os homens, os grupos, as classes vêem, observam as coisas, estudam os acontecimentos à luz do seu interesse. Só uma entidade, por dever e posição, tudo tem de ver à luz do interesse de todos", António de Oliveira Salazar.
Que persiste quando ouvimos dirigentes do Partido Socialista dizer, como há bocado, no Frente-a-Frente do telejornal do Mário Crespo na SIC Notícias, ouvimos Eurico Brilhante Dias dizer a Nuno Magalhães, que "o CDS é um partido responsável", é se a intenção é "minar" a coligação por dentro, na secreta esperança de provocar frissuras que levem à queda do Governo, ou se é do fundo do coração teimar em ignorar que o CDS é aquilo que na realidade é.
O CDS é contra e promete atacar. Aliás, toda a gente é contra, arrisco mesmo que até os próprios beneficiados são contra. Onde é que já se viu a aposentação com 12 anos de serviço, independentemente da idade, ou com 40 anos de idade e dez anos de serviço? Viu-se em Portugal e, em tempos de vacas magras, ainda se vê mais. Toda a gente vê. E o CDS é contra e promete atacar.
E o CDS não só é contra e promete atacar como fez saber que «o CDS não vai "aceitar privilégios" de classes profissionais», ao contrário do parceiro de coligação, o PSD, comprometido com a situação, refém dos magistrados do Palácio Ratton, sem coragem para afrontar os interesses instalados, sem a coragem do CDS para atacar. Porque se o «tema é delicado e divide o próprio Governo» e se o CDS é contra e promete atacar, e o Governo, onde o CDS às vezes está, está dividido, por exclusão de partes…
E enquanto se fala daquilo que o CDS é contra e promete atacar não se fala daquilo que o CDS é contra e já atacou, como o aumento do salário mínimo, por exemplo, ou o Rendimento Social de Inserção, por exemplo também, ou a redução, do valor e no tempo, do subsídio de desemprego, também por exemplo. E, mais importante ainda, enquanto se fala daquilo que o CDS é contra e promete atacar não se fala daquilo que o CDS já foi contra, já atacou, e agora é a favor, como o aumento dos impostos, ou o corte nas pensões de sobrevivência [auferida pelo viúvo e filhos dependentes do falecido] acima dos €300, ou o corte nas pensões e reformas, a TSU dos reformados e o "cisma grisalho" de Paulo 'Patriota' Portas, também por exemplo.
Sou capaz de jurar que ouvi João Soares, no telejornal das 21 na SIC Notícias, dizer para Nuno Magalhães do CDS-PP: "Nós temos um adversário comum que é o PSD".
Tudo se resume a uma boa explicação, a conseguir passar "A Mensagem" [com maiúsculas], propaganda como se disse dantes. Não são cegos nem surdos, é mais grave, são incompetentes, irresponsáveis, e inconscientes.
O CDS está preocupado com a redistribuição de recursos dos bancos pelas famílias, perdão, com a degradação da situação patrimonial dos bancos. Não vá algum juiz tecê-las...
Como a realidade teima em contrariar o discurso agit-prop-alarmista cujo objectivo último é legitimar a politica securitária e a invasão da privacidade dos cidadãos há que manter os níveis de alarmismo e insegurança em alta com recurso ao discurso alarmista do sentimento de insegurança do cidadão. Perfeito!