"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O fabuloso governo de Pedro Passos Coelho, do não há dinheiro para nada, nem para a saúde, pública, nem para a educação, pública; do "fazer mais com menos", do "aliviar o peso do Estado na economia"; da "liberdade de escolha" das famílias, traduzida na liberdade de escolha das escolas; da excelência do privado, traduzida na retirada de competências ao Estado para as entregar ao sector privado, subsidiadas pelo Estado; da duplicação de serviços pelos privados, subsidiados pelo Estado em áreas onde o Estado já existia; da "gordura do Estado" traduzida no emagrecimento do rendimento mensal das famílias para ainda assim "baixar os custos do trabalho foi a reforma que ficou por fazer".
"Ex-ministro da Educação vai depor a favor dos colégios contra os cortes nos contratos de associação na batalha judicial que se avizinha. Aos tribunais podem chegar “dezenas de acções” nos próximos dias."
"Foi uma derrota em toda a linha a sofrida pelos colégios com contratos de associação na guerra jurídica que, em 2016, desencadearam contra o Ministério da Educação (ME): 55 processos judiciais concluídos, 55 decisões favoráveis às posições do ME que levaram a restrições no financiamento do Estado àqueles estabelecimentos de ensino particular."
A exigência e o rigor de Nuno Crato estiveram por detrás de "O Grande Salto Em Frente" na disciplina de Matemática entre os anos de 2011 e 2015 mas a exigência e o rigor de Nuno Crato não tiveram a mesma sorte na disciplina de Ciências no mesmo período temporal quiçá por causa do laxismo dos "sabotadores contra-revolucionários, inimigos do Povo" a soldo da Fenprof. A argumentação da direita radical é uma faca de dois legumes, para não dizer ridícula.
Um chico-esperto medalhado vem, de má-fé, confundir os incautos com exames como sinónimo de avaliação e larga uma bojarda, daquelas que faz umas gordas de encher o olho em qualquer jornal: "Não é por deixar de haver exames avaliação que os alunos vão saber mais". Não. Não é por haver avaliação exames que os alunos vão passar a saber mais, como o comprova todos os anos o ranking das escolas, com as privadas, especializadas num nicho de mercado que é o trabalhar alunos para exames e provas de aferição avaliações, sempre no Top of The Pops da "excelência" no ensino mas com os alunos chegados ao superior a diluírem-se na banalidade.
“É um programa para matemáticos, criado de um ponto de vista do ensino superior e que representa um retrocesso até aos anos 50, a uma abordagem extremamente formalista e teórica, que se distancia da aplicação da Matemática ao dia-a-dia”
Somos muito à frente. Nós e a Turquia, ambos com os exames no 4.º ano de escolaridade. Também no tempo da minha avó mulher séria só saía à rua com a cabeça coberta e, na proximidade de um café, passava para o passeio oposto. Depois vieram as modernidades e as mulheres de cabelo ao vento e a fumar nos cafés. E como se não bastasse agora veio a esquerda do reviralho.
Todos os dias, religiosamente às 10:30 a. m. , toca a sirene nas fábricas e nos escritórios e uma voz marcial convoca todos os trabalhadores colaboradores para a ginástica laboral.
Podem tirar Nuno Crato do maoísmo mas o maoísmo nunca há-de sair de nuno Crato.
Não disse que a incompetência do ministro, aliada ao fanatismo ideológico, custaram ao erário público, que é como quem diz aos bolsos dos contribuintes, 50 mil euros, sem contabilizar os prejuízos causados aos alunos, com reflexos no rendimento e aproveitamento escolar, às famílias e aos professores, a juntar à instabilidade familiar e aos desarranjos vários. Recolheu a língua de palmo e meio da "meritocracia" e da "competência" que tinha sempre de fora e bem esticada nos programas de televisão onde era paineleiro-comentadeiro. Diz que «o Governo pagou um "preço político" elevado pelas falhas na chamada Bolsa de Contratação de Escola», não sabemos, só o saberemos lá para finais de Setembro princípios de Outubro, joga com a cumplicidade do Presidente de facção e com a fraca memória na política e nos políticos. Ele, responsável máximo, não pagou. Continua em funções como se nada de especial tivesse acontecido, fez auto-crítica como nos idos do maoísmo e não se fala mais nisso.
E nunca mais ninguém se lembra da "incorrecta transcrição de um algoritmo matemático" na não colocação dos profs, nos transtornos nas suas vidas, nas vidas das suas famílias, no rendimento e aproveitamento escolar dos alunos, nos transtornos na vida dos alunos e na vida das famílias deles.
"20 erros ortográficos numa frase" só se for numa daquelas frases, tipo José Saramago, sem vírgulas e do tamanho de duas páginas e meia dum livro.
Fosse numa empresa, privada, e era despedido sem apelo nem agravo nem indemnização ou, em última instância, ficava a trabalhar, com uma parte do salário cativada mensalmente pela entidade empregadora, até que todos os lesados fossem ressarcidos dos prejuízos e depois era despedido sem apelo nem agravo nem indemnização. Como é no Estado, que os liberais de pacotilha querem gerir e administrar com se de uma empresa, privada, se tratasse, não só não é despedido como o Governo que integra ainda nomeia uma comissão para estudar como é que o dinheiro dos contribuintes vai ser usado para pagar aos contribuintes a incompetência, a falta de rigor e de profissionalismo e a cegueira ideológica de um ministro. Como se já não bastasse o prejuízo causado aos alunos e às famílias. É prejuízo vezes dois
Que as crianças não têm maldade nem segundas intenções é lugar-comum e a pergunta diz muito, muito mais sobre quem a faz, para o caso a família, as origens sociais e as referências culturais da criança, do que uma miríade de estudos sociológicos sobre a emigração e a diáspora portuguesa, de regresso para abanar e abalar a "zona de conforto" dos nativos, nas palavras de a quem é dirigida a pergunta. Coisas que nos deviam deixar a todos todos muito envergonhados.
O puto, Escola Secundária de Bocage, tinha prof de Geografia. Depois o camarada Crato enfrentou o problema, pegou o touro de caras e não de cernelha, não «sacudiu a àgua do pacote» [a partir do minuo 00:50] e o prof foi para a Bela Vista e o puto agora tem feriado. Parabéns pois aos da Secundária da Bela Vista, e a Pedro Passos Coelho por não se enganar nas escolhas que faz para ministros.