"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Até se me deu um nó na garganta e um aperto no coração ao ver buldozers e caterpillars em acção de destruição a um ícone da escultura moderna portuguesa, com o beneplácito, e debaixo do olhar, de um homeless da política nacional que empreendeu que é ministro do Ambiente.
Em 4 – quatro - 4 anos de Governo dei 3 vezes pelo ministro do Ambiente: a dar a cara pelo saque do litoral alentejano e do pouco que resta do Algarve com os projectos PIN, a propor a redução das coimas nos crimes ambientais, e a lançar a bisca para um próximo aumento do preço da água.
Um “empresário”, daqueles que nós sabemos, com aspas, dificilmente faria melhor.
Que não podemos todos «pensar que a conservação da natureza é um obstáculo ao desenvolvimento humano» (aqui), já todos sabíamos. Basta-nos a recordação de como algumas auto-estradas foram construídas nos tempos de Cavaco Silva Primeiro-ministro…
A bordo da barcaça presidencial ia um personagem que dá pelo nome de Nunes Correia, e que dizem, ganha a vida como ministro do Ambiente; que jurou a pés juntos só descansar quando não existir um palmo de terreno livre de empreendimentos PIN entre Setúbal e o Cabo de Sagres, e para quem as palavras do ex-Primeiro-do-betão-agora-Presidente, soaram como música.
No horizonte desenha-se mais uma faceta da cooperação estratégica: vai começar, com o beneplácito presidencial, a destruição e o saque do Parque Natural do Douro Internacional. Fonte imensa para a criação de emprego no Brasil, na Moldávia e na Ucrânia, e para o repovoamento da região; preocupação dos autarcas.
Uma parábola: “No Penedo Durão, em Freixo de Espada à Cinta, Cavaco assistiu ao lançamento de um abutre.”
(Gravura de Orlando Hodgson roubada na Welcome Library)