"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
O Expresso, se substituir "Portugal" na primeira página desta semana por outro qualquer país do mundo, pode fazer uma primeira página, esta semana e nas semanas seguintes, noutro em qualquer país do mundo. Mas quem é que ainda tem paciência para o Expresso?!
Se um senhor fulano não tem uma ideia, por mais vaga que seja, sobre a Europa e o mundo e as causas da crise económica que nos assolam, um simplório, um indigente intelectual. E se esse senhor fulano tem no Governo, como parceiro de coligação, outro senhor fulano que ostenta no palmarés uma 'Distinguished Public Service Award', atribuída pelo Dart Vader de George W. Bush como reconhecimento pelo papel que desempenhou como adjunto do mordomo Durão Barroso na Cimeira das Lajes que inventou uma guerra onde ela não existia, logo um senhor fulano fiável e de confiança, só por masoquismo, ou voyeurismo tipo Correio da Manhã [cada uma por si ou as duas em conjunto], é que os serviços secretos iam perder o seu preciso tempo a ouvir conversa da treta.
No tempo de W. em Washington era "a administração Bush", no tempo de Obama é a NSA ou a CIA ou outra qualquer agência, daquelas que a gente conhece dos filmes e das séries de televisão ou, quanto muito, "a administração norte-americana". Ao nível do charme, da eloquência, do trabalhar a imagem, há aqui uma subida de nível e Barack Obama "move-se" bem e tem boa imprensa. Como diz o povo, "mais vale cair em graça do que ser engraçado".
Ia perguntar se o Equador já tinha chegado à Venezuela quando a pergunta a fazer é se a Venezuela já chegou à Europa. "Alonjo de Ojeda" está de regresso para nos [re]baptizar, e as palafitas indígenas continuam a ser parecidas com Veneza, cidade italiana, da Itália de Sílvio Berlusconi magnata da comunicação social. "Não há necessidade de escrever mais".
Atribuída pelo 'Dart Vader' de George W. Bush, pode ler-se na página Wiki. Logo agora que deixou de usar na lapela o pin com a esfera armilar e o escudo com as chagas de Cristo e o "Milagre de Ourique". Não quis importar Snowden mas pode ter tramado as exportações portuguesas e sem invocar o nome dos estivadores. Nem pestanejou quando alguém, não disse quem, lhe passou a dica sobre o perigoso criminoso-terrorista com mandado de captura internacional, que fugia, à socapa, para o sol do hemisfério sul, como nos filmes. Vai ser lindo de ver a participação portuguesa na próxima Cimeira Ibero-Americana. Responde perante uma bandeira e vive bem com isso. Pode ser que ganhe uma Purple Heart ou assim.
Mesmo a falar alto para dentro, para consumo interno, é não ter a noção do ridículo, é não ter a noção de que, neste momento e neste caso concreto, a opinião pública global é anti-americana, e que quanto mais fala mais se enterra.