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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Ainda Passos Coelho professor universitário

por josé simões, em 12.03.18

 

 

 

Decorria a campanha eleitoral para as legislativas de 2011 quando Pedro Passos Coelho, numa acção de campanha no mercado de Vila Real, é abordado por uma ex-aluna que viu as suas competências certificadas pelo Novas Oportunidades. "Fui a melhor aluna da minha turma", revoltada pela campanha que o então líder do PSD vinha a fazer contra a iniciativa do Governo, classificando-a como uma "credenciação à ignorância". Quase a perder as estribeiras responde torto, "olhe, espero que o seu curso lhe sirva para muito, está bem?".

 

Que a certificação de competências, atribuída pelo período de governação em que foi primeiro-ministro a mando da troika, lhe sirva para muito, a ele, na "zona de conforto" de onde era preciso sair, dizia, de debaixo do guarda.chuva do Estado, que tanto criticava. Que lhe servia a ele e aos alunos a quem vai passar conhecimento, está bem?

 

 

 

 

|| Novas Oportunidades, "um escândalo e uma credenciação à ignorância"

por josé simões, em 30.01.13

 

 

 

«O objetivo deste projeto de resolução […] é recomendar ao Governo que desenvolva mecanismos de valorização e e reconhecimento das competências adquiridas através da educação não formal […].

Cada vez mais, estas competências são hoje mais-valias reconhecidas pelo mercado de trabalho no recrutamento, sendo, por isso, importante credibilizar e certificar essas mesmas competências.»

 

Quem 'escreveu' o título do post, quem 'ditou' o seu conteúdo. Esta gentinha além de não ter vergonha nenhuma na cara ainda goza com a cara do povo. Depois do dô-tôr, e braço direito do primeiro-ministro, Miguel 'Novas Oportunidades' Relvas, Novas Oportunidades para as jotas, quiça pela militância nos escuteiros e no Banco da senhora Jonet.

 

[Imagem]

 

 

 

 

 

 

|| 25 Libras de trafulhice [*]

por josé simões, em 12.09.12

 

A mentira como imagem de marca deste Governo: Arrobas, o matemático, tortura a estatística.

 

[Imagem]

 

[*] Arroba = 25 libras

 

 

 

 

 

 

|| Mais transparente não podia ser

por josé simões, em 13.09.11

 

 

 

Está lá tudo: «a maior taxa de obtenção de diplomas»

 

[Imagem Henry Wolf Collection, Box 7 Folder 73, Course announcement for theSchoolofVisual Arts, c. 1964]

 

 

 

 

 

 

|| Saiu-te a carta na Farinha Amparo?!

por josé simões, em 20.05.11

 

 

  

Insultar milhares de portugueses é levá-los a crer que a sua disponibilidade e sacrifício, e o esforço dispendido, por vezes com prejuízo da sua vida familiar, para certificar qualificações e adquirir novas competências através do programa Novas Oportunidades, lhes dá acesso a um diploma, em pé de igualdade e qualidade, com os diplomas adquirido pela via normal de ensino. A realidade é dura mas é a realidade.

 

Ainda sou do tempo em que nas estradas se estigmatizava a nabice de um mau condutor com um “saiu-te a carta na Farinha Amparo?!” lançado pela janela do carro. Sinais dos tempos, agora para sublinhar a ignorância e a incompetência de alguém não raro ouvimos “tiraste o curso no Novas Oportunidades?!”.

 

 

 

 

 

|| 3.956.176,33 €

por josé simões, em 28.05.10

 

 

 

 

Novas Oportunidades para a publicidade e propaganda e “ilhas adjacentes

 

(Imagem do filme Satiricon de Fellini)

 

 

 

 

A "100 à hora"

por josé simões, em 04.02.08

 

Isto está tudo ligado.
O(s) princípio(s) base são os mesmos.
 
Licenciaturas tiradas a “100 à hora” em universidades manhosas.
Projectos de construção de edifícios assinados a “100 à hora” em Câmaras empregadoras dos boys do partido que elegeu a administração.
Construções manhosas a “100 à hora” sem um mínimo de qualidade, bom senso e respeito pela cultura e tradição das regiões.
 
Ontem ou anteontem (já não me recordo), vi numa televisão que 10 jogadores do Tirsense tinham voltado à escola para concluir os estudos à sombra do Novas Oportunidades. Um dos entrevistados ia terminar o 12.º ano. As aulas começam na próxima quinta-feira; disse.
 
O que é que eu digo à minha filha (o que é que os restantes pais dizem aos seus filhos?); como é que lhe posso exigir que se esfalfe a estudar, que seja boa aluna, que seja profissional naquilo que faz (dentro e fora da escola); ela que está no 11.º ano e começou as aulas em Setembro?
 
É tudo demasiado fácil. Faz-se passar a ideia que o esforço não é necessário nem compensa. Depois queixem-se.
 
(Foto de John Connel)
 
 

Novas Oportunidades?

por josé simões, em 10.12.07
“Novas Oportunidades
 
Primeiros 65 diplomas do 12.º ano são hoje entregues
Os primeiros 65 diplomas do 12.º ano, integrados no programa governamental Novas Oportunidades são hoje entregues numa cerimónia que conta com a participação do primeiro-ministro, José Sócrates” (Aqui)
 
A propósito desta notícia, recupero aqui o primeiro parágrafo da página 2 do Expresso de passado sábado:
 
Professor denúncia ruína do ensino profissional
 
Um professor escreveu a pedir a intervenção do PR.
 
Domingo Cardoso reformou-se ao fim de 36 anos de ensino. Contactou com turmas dos cursos de Educação e Formação – uma das vias profissionalizantes de ensino – e decidiu denunciar o que considera “uma mentira”.
 
P – Qual o motivo que o levou a recorrer ao Presidente?
R – Recorri ao Presidente da República por ser quem nos representa e quem deve saber tudo o que se passa no país. E é preciso que o país saiba que tipo de filhos estão as famílias portuguesas a criar e que os professores estão cansados, desanimados, desautorizados e com vontade de arranjar outra ocupação. Os professores estão transformados em amanuenses, obrigados a preencher papelada e mais papelada, e dentro da sala de aula a sua ‘luta’ não é ensinar mas manter os alunos quietos, calados e, se possível, atentos. O PR tem o direito, o dever e a obrigação de perguntar ao Governo que sucesso é esse tão apregoado no ensino. Escrevi-lhe, também, em nome dos que não podem falar, porque é preciso que se saiba que as escolas estão preocupadas não com a transmissão de conhecimentos mas em ‘levar’ os alunos até ao mês de Junho, de modo a poderem ter um diploma. Transformaram-se em ‘carimbadoras’ de certificados, servindo-se das assinaturas dos professores para dar cobertura legal a esta mentira e a este engano que são os Cursos de Educação e Formação (CEF). Parece estar toda a gente muito feliz e contente a ver passar o cortejo onde o rei vai rotunda e adiposamente nu.”

 

Novas Oportunidades

por josé simões, em 20.06.07

Há coisa de dois ou três dias fomos confrontados com a notícia de que 80% dos obstetras portugueses recusam realizar interrupções voluntárias da gravidez, invocando objecção de consciência, e, no maior hospital português, Santa Maria, essa percentagem é mesmo ultrapassada. Hoje ocorreu-me uma boa solução para ultrapassar este problema, porque, quer se queira quer não, é de um problema que se trata. Problema para a mulher que quer abortar, problema para os hospitais que não conseguem responder às solicitações, problema para os médicos que não objectaram, perante a contingência de se verem obrigados a trabalhar quase como numa linha de montagem. Senhor ministro da Saúde Correia de Campos: porque não aproveitar o programa Novas Oportunidades e dar o grau de equivalência às abortadeiras de “vão-de-escada”? Requalificavam-se profissionais competentes; beneficiava a saúde pública; e last but not the least, o ministro Teixeira dos Santos ficaria eternamente grato por mais uns euros que entravam nos cofres das Finanças, por este rombo na economia paralela e subterrânea. A bem da Nação!

Portáteis e Demagogia

por josé simões, em 01.06.07

 Faz tempos que ando para comprar um portátil! Mas como o dinheiro não estica e pelo meio vão sempre surgindo outras prioridades, a coisa vai ficando sempre adiada…

Ontem José Sócrates resolveu o meu problema (obrigadinho oh Sócrates!), ao anunciar que o Governo vai oferecer portáteis “à vara larga” a quem se inscrever no 10º ano, ou, a quem frequentar o programa Novas Oportunidades.

Agora é só ir passando pela Feira da Ladra e esperar que eles apareçam a um preço de mercado justo. E não me vai pesar absolutamente nada na consciência! Aqueles computadores oferecidos tiveram de ser pagos por alguém; os suspeitos do costume – leia-se contribuintes. Resume-se tudo a uma questão de reaver o que é meu por direito, só que por interposta pessoa; por portas e travessas.

 

(Uma dica: se o quiserem comprar barato, apareçam na Feira entre as 4 e as 8 da manhã.

Se aparecerem depois das oito, também o compram barato, mas ligeiramente mais caro, porque já foi comprado por alguém que o está a revender.)

 

Agora a sério.

Aqui está um exemplo acabado de uma medida populista avulso deste Governo. Oferecendo computadores a eito implica fomentar o desenvolvimento e o domínio na área das novas tecnologias? Possivelmente, em 500 mil que vão ser distribuídos, haverá uma imensa minoria que irá agradecer e fazer uso deles.

Não será antes isto, um incentivo ao acomodamento e ao conformismo? É que o Estado dá… tudo é simples e sem esforço. O Estado providência em todo o seu esplendor.

 

Habilitações literárias

por josé simões, em 16.05.07

“Funcionários de topo dispensados da licenciatura.

O acesso às carreiras de topo do regime da função pública – técnicos superiores com salários entre um mínimo de 1 300 euros e um máximo de 2 940 euros – vai deixar de exigir a licenciatura aos candidatos e passará a dar mais importância à experiência profissional.” Esta é a primeira página do Diário de Notícias de hoje.

 

Das duas uma: Ou os boys enfileirados para o job são mais que muitos e de baixos recursos académicos, ou, para alguma coisa serviu a polémica em torno da licenciatura do primeiro-ministro…

 

(Então e as Novas Oportunidades? Estudar, valorizar-se, etc?)

Novas oportunidades

por josé simões, em 17.04.07

 

“Esta é a campanha que não acabou os estudos.

 

A história é conhecida: um jovem sacristão trabalhava na sua aldeia para um pároco idoso que um dia morreu e foi substituído por um padre jovem e reformista. Este, mal chegou à paróquia, entregou ao sacristão uma lista de alterações a introduzir no serviço da igreja que lhe pediu que pusesse em prática. O homem, embaraçado, devolveu a lista ao padre explicando-lhe que não sabia ler e que, por isso, o padre teria de lhe explicar de viva voz o que quisesse que ele fizesse. O padre ficou estarrecido pela ignorância do homem e despediu-o, pois não podia ter ao seu serviço um analfabeto.

O sacristão, cabisbaixo, foi até à cidade para decidir o que fazer da sua vida. A dada altura quis comprar cigarros, mas reparou que na rua onde estava não havia nenhuma tabacaria. E o mesmo acontecia em todas as outras ruas do bairro. Decidiu agarrar nas economias e, em vez de tentar procurar um novo emprego, abrir uma tabacaria de vão de escada. A tabacaria prosperou e transformou-se num amplo estabelecimento e a ela seguiram-se outras empresas que granjearam ao seu proprietário uma confortável fortuna. Um dia, recebeu a visita do seu advogado que lhe vinha pedir que lesse uns documentos. Ele teve de lhos devolver, explicando que não sabia ler. O advogado não pode conter o espanto: “Mas se o senhor, sem saber ler, conseguiu chegar onde chegou, onde não estaria se soubesse ler?...” “Se eu soubesse ler”, respondeu o abastado comerciante “era sacristão na minha aldeia.”

 

José Vítor Malheiros, Público hoje.