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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Memórias do tempo da mulher “decorativa”

por josé simões, em 04.03.08

 

A Idade dos Sonhos
 
Aos quinze anos, a vida das raparigas é feita de lindos sonhos, mas também de secretos e humanos anceios. É a altura precisa em que todos os conselhos lhe devem ser dados, preparando-as para a materialização dos seus divinos sonhos. Muitas raparigas nesta idade adorável, sentem-se levadas por certos exageros que convém evitar. Depois, também é o momento da rapariga começar a pensar em si, preparando o seu enxoval, adquirindo conhecimentos de arte, de moral, sabendo que tem deveres para com a sociedade e para consigo própria.
Nada menos bonito do que uma jovem demasiado empoada, com os lábios excessivamente vermelhos e os penteados imitando artistas de cinema em voga. A rapariga deve ser natural e simples, amável e delicada, sem pretender aparentar uma idade que não tem, quer nos seus modos e fatos, quer no empastamento do arranjo do seu rosto juvenil.
 
Alegria de Viver
 
Uma infância triste, deixa quase sempre a alma feminina bem marcada. Uma rapariga que sofre desde criança, fica inevitàvelmente com tendência para a tristeza. Mas é preciso reagir, lutar contra essa doença. O Trabalho, seja de que género fôr, distrai, cria o hábito de uma ocupação continuada. (…). Certas raparigas, só são verdadeiramente jovens numa idade que poderia julgar-se avançada. É que, só nessa altura, começaram a compreender a vida, a compreenderem-se a si próprias; encontraram a sua luz, o seu verdadeiro carinho.
Evidentemente, não se pode obrigar ninguém a ser alegre. (…).
 
Simplicidade nas Palavras
 
É um dom raro, o ser-se simples, despretenciosa, desafectada. Contudo, pelo esforço da vontade, consegue-se a simplicidade de gestos e de palavras. É preciso combater um defeito grave: o hábito que muitas raparigas têm de dizer mal de si próprias. É frequente ouvirmos dizer a uma adolescente, que tem fraca memória, que não dá nada na matemática, que é uma negação para as línguas.
Ora isso é um defeito, que se tem de combater. Á força de repetir que não se tem memória, por exemplo, pode-se chegar a perder, realmente, um pouco dessa faculdade. As palavras têm um enorme puder de sugestão. (…).
Um dos meios mais seguros de lutar contra as verdadeiras inferioridades, é reduzi-las, primeiro pelo silêncio, e em seguida pela vontade. (…).
Porque a verdade é que os outros, estão sempre dispostos a pôr em dúvida as qualidades alheias, mas aceitam com alegria a má impressão que temos de nós mesmos. No plano profissional, qualquer rapariga que se diminua corre o risco de ser desdenhada. (…)
Para que uma rapariga triunfe, é preciso que se prepare com uma sólida educação moral, intelectual e física. Dessa educação resultará um equilíbrio perfeito para a noiva que será a mãe de amanhã. (…)
A noiva deve estar apta a receber as inquietações do seu noivo; deve aprender a fazer a descoberta da sua personalidade, auscultando com subtileza a sua alma.
 
In “Noiva, Esposa e Mãe: Moral – Etiqueta – Preceitos Domésticos – Noções de Culinária – Conselhos de Beleza – Enfermagem – Puericultura” de Laura Santos, Livraria Editora – Lavores e Arte Aplicada, Av. de Roma, 11 – A – Lisboa, sem data de publicação.
 
Nota introdutória: Esta obra teve a colaboração de vários autores ingleses, franceses e portugueses. Nem de outra forma se poderia apresentar uma obra tão completa e actual.
 
Custou na Feira da Ladra, e sem regatear, a exorbitância de 1 euro. Os negritos são de minha autoria, e, onde possa parecer erro de ortografia, não é.