"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Andávamos todos preocupados com o Steve Bannon e o Breitbart News e a Cambridge Analytica e quando veio para a Europa com o The Movement. Andávamos. Depois chega Elon Musk com as algibeiras cheias de dinheiro, compra o Twitter, que faz o Breitbart News parecer um jornal regional, manipula o algoritmo, cola-se a Trump, aparece em Inglaterra ao lado do Nigel Farage enquanto no X avisa "Only the AfD can save Germany", os fantoches alemães de Putin na guerra contra a democracia e os direitos humanos na Europa. Andámos todos preocupados com um tigre de papel.
Ganhou o Chancellor Adam Sutler e o next step talvez seja reerguer a Muralha de Adriano para proteger a ilha dos bárbaros a norte que a sul está lá o canal desde sempre e a RAF nos ares. E Já que de "Dieselboom" a Tusk, passando por Juncker e Schäuble, ninguém é homenzinho com H grande para seguir o mesmo caminho do aprendiz de feiticeiro Cameron, ao menos que sirva para refundar a União Europeia, no sentido de a tornar numa organização democrática, governada por dirigentes eleitos, liberta de tratados castradores que impõem aos Estados membros políticas que não escolheram e que não podem recusar, uma espécie de Catch 22 da governação económica e política, e que regresse às origens, à Europa do[s] Estado[s] social[ais], dos direitos, liberdades e garantias, e não a Europa bandeira da City e do neoliberalismo contra os povos que a integram, ou aguardar que o referendo seja repetido, tantas vezes quantas as necessárias, até que os 'bifes' digam aquilo que interessa à Europa que digam como é tradição na União Europeia, para que tudo fique na mesma, de "Dieselboom" a Tusk, passando por Juncker e Schäuble. Keep calm.
E ainda há o garrafão da Ponte 25 de Abril, consequência dos empregos para ucranianos, moldavos e brasileiros, só não há Nigel Farage que Paulo Portas agora vende vistos e a nova vocação do CDS ainda não passa por aí.
A terra de Churchill e do João Carlos Espada, e o coise, trabalha alegremente na produção de um Alto Chanceler Adam Sutler, verdadeiro, de carne e osso. Nem a possibilidade de um vírus assolar o continente europeu falta no enredo.