"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Ainda sou do tempo dos blogues da direita lusitana em campanha por Nikolas Sarkozy como se não houvesse amanhã, como se este fosse o candidato a Presidente de Portugal a eleger pelos portugueses, e como se fossem lidos em França pelos eleitores franceses. Dos blogues de onde haviam mais tarde de sair os "especialistas" e "técnicos" para enxamear todos os ministérios e todas as áreas de governação do Governo Pedro Passos Coelho/ Paulo Portas. Do "internacionalismo proletário", como contraponto aos nacionalismos protofascistas, para o internacionalismo nacionalista, da Europa como uma nação [ideologicamente] solidária. É lindo.
Como se ensina nessas acções de formação manhosas, ministradas nas empresas ao abrigo da "formação profissional" e pagas com o dinheiro de todos os contribuintes europeus, uma das bases para um bom desempenho e sucesso de uma empresa é a informação, o acesso à informação e à informação privilegiada e a boa comunicação entre as partes. Continua a ser lindo.
"Il faut suspendre immédiatement Schengen I et le remplacer par un Schengen II auquel les pays membres ne pourraient adhérer qu'après avoir préalablement adopté une même politique d'immigration."
Olhando para a História, para a história da França, para a história da Europa, e para a história da França, na Europa e no mundo, desde o tempo de Napoleão, também não era preciso pôr-se em bicos dos pés…
Logo após os assassinatos na escola judaica de Toulouse, quando o atirador era um elemento qualquer, de um qualquer grupelho de extrema-direita, a fazer tiro ao boneco em pretos e muçulmanos – soldados de França, e judeus – crianças, os grandes derrotados da eleições presidenciais que se aproximam iam ser Marine Le Pen e o Presidente Sarkozy, este último pela radicalização do discurso xenófobo anti-emigrante com o azimute [do árabe as-sumut] apontado ao precioso eleitorado da neo-fascista Frente Nacional.
Quando o atirador foi identificado como um fundamentalista islâmico, com passagem pelo Afeganistão e pelos campos de treino da al-Qaeda, o derrotado nas presidenciais francesas passou, enquanto o Diabo esfrega um olho, a ser o candidato dos socialistas franceses, François Hollande, aos olhos do eleitorado sem argumentos para contrariar os factos que parecem vir confirmar o discurso Le Pen/ Sarkozy.
Assisti uma vez, num autocarro dos transportes públicos, a uma discussão, daquelas discussões que não lembram nem ao menino Jesus, entre uma puto preto, de kufi na cabeça, puto dali dos lados do bairro da Bela Vista, e uma velhota, com sotaque de quem fugiu da miséria da terra natal para a miséria da industrialização da península de Setúbal nos finais dos sessentas inícios dos setentas, ainda os filhos iam morrer a África. "Tu vai mazé prá tua terra!..", atirou-lhe com toda a força da idade a avozinha, ao mesmo tempo que, com o olhar, procurava apoio entre os outros passageiros. "Prá tua terra vai a senhora... Eu nasci em Setúbal e a senhora nasceu no Alentejo!", respondeu o puto, encostando-lhe o bilhete de identidade bem na ponta do nariz.
Lembrei-me logo disto a propósito da conversa de merda de uma luso-descendente, sobre a conversa de merda do magiar-descendente, e casado com uma italiana, que um dia chegou, pelo voto do povo, a Presidente da República Francesa:
A primeira página do The Independent de hoje, apenas com duas fotos do anão que governa a França [e não me estou só a referir à estatura física], dá uma lição de política internacional e da submissão do poder político ao poder económico a que, pomposamente, se convencionou chamar realpolitik
Havia muitas mais primeiras páginas a fazer com outros anões em outras latitudes.