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DER TERRORIST

"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.

Não morreu ninguém

por josé simões, em 09.03.19

 

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Não deixa de ser verdade. Até porque não morreu ninguém, ao contrário da sentença de morte por lapidação, subjacente no douto acórdão do Venerando Desembargador, Meritíssimo Juiz Neto Moura. Há uma diferença fundamental entre um correctivo aplicado por dois homens com uma moca de pregos e uma turba em fúria à pedrada a uma mulher enterrada até à cintura. Ou a pulseira electrónica retirada ao homem que rebentou um tímpano à mulher ao murro. Também não morreu. Se fosse para ir ao funeral da ex ainda se compreendia a anilha no tornozelo, não fosse a sua presença chocar os familiares da vítima, agora com a vadia viva qual o argumento para limitar a liberdade de circulação a um cidadão?

 

 

 

 

Um juiz contra um país

por josé simões, em 03.03.19

 

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Quando temos um juiz contra um país, na impossibilidade de se mudar o povo, interpõe o Meritíssimo uma acção judicial contra os cidadãos, a ser julgada pelos seus pares, logo à partida a tomar partido por um juiz que, no Olimpo onde se acham por direito, imunes à critica e ao reparo, "não é apenas um saco de pancada". Saco de pancada são as mulheres, vítimas que o Venerando Desembargador humilha e achincalha nos seus doutos acórdãos.

 

[Imagem de Carl Randall]

 

 

 

 

É uma questão de cultura instalada

por josé simões, em 06.02.19

 

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Nos idos de Salazar e Caetano havia uma coisa chamada Tribunais Plenários onde os presos políticos, depois de dias, semanas, meses de tortura física e psicológica, eram apresentados aos meritíssimos juízes, às vezes com sinais evidentes da violência física sofrida que só um cego não via, onde eram condenados pela pena que os torturadores da polícia política pediam e não se falava mais nisso. Depois deu-se a revolução de 25 de Abril de 1974 e os mesmo juízes que condenavam a pedido, ignorando a vítima e os direitos humanos, fizeram a transição para a democracia, directamente e sem passar pela prisão como no jogo Monopólio, e ainda com o brinde Caixa da Comunidade, com o tempo a contar para efeitos de progressão na carreira e reforma, só não julgando os antigos torcionários torturadores porque em Portugal os pides tiveram como prémio da democracia uma pensão vitalícia. Quase 50 anos passados sobre o dia da liberdade é muito pouco provável encontrar juízes desse tempo na magistratura, nem sequer se podem comparar os de má-memória Tribunais Plenários com os tribunais da democracia no Estado de direito, mas a cultura instalada, o sentimento de impunidade, o Olimpo onde se colocam e se acham por direito, esse continua a ser o mesmo.

 

Sanção de advertência: Esta é a deliberação para juiz que invocou a Bíblia em caso de violência doméstica

 

[Imagem "Judges" by Jerrold Litwinenko]