"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Não faz muito sentido andar a enfeitar presépios com musgo. O filho de Deus não andou propriamente “à boa vida” pelo Jardim do Éden em terras da Mesopotâmia - esse personagem pertence a outro cenário, ainda que do mesmo filme – mas a pregar pela Galileia e pelo deserto da Judeia.
Como é por todos sabido, antes de haver cristianismo não havia civilização e a Humanidade evoluiu (?) na mais profunda escuridão. Como é por todos sabido, antes de haver televisão e mensagens aos Sans-Culottes pelos governantes no dia de Natal, não havia civilização. «Confusão entre religião e hábitos de civilização» é misturar religião com civilização e «jacobinismo demagógico» é duzentos e tal anos depois da Revolução Francesa quando os jacobinos mudam de campo e nos querem enfiar pelos olhos adentro que religião e civilização são sinónimos. Falam, falam, falam, mas não dizem nada.
(Na imagem Quadro de um típico sans-culotte por Louis-Léopold Boilly)
Era criança e lembro-me, começava mais ou menos por estas alturas, horas seguidas de imagens a preto-e-branco de gravações com origem na Guiné em Angola e em Moçambique, com mensagens natalícias das nossas tropas no “Ultramar”: “Para a minha namorada/ esposa, pais e restante família, votos de Feliz Natal e um Ano Novo cheio de prosperidades”. Todas diferentes, todas iguais, eram eles quem encorajava os que cá ficavam, e era “verdade” porque apareciam na televisão.
A mesma fórmula, agora de “lá” para “lá”: um site norte-americano de apoio às tropas no Afeganistão e no Iraque, com mensagens das namoradas/ mulheres – sinais dos tempos – em lingerie e poses eróticas.