"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Vai com 12 – doze – 12 minutos de telejornal (!!!) e equipas de reportagem várias, em vários centros comerciais vários: que hoje começam as baixas e que os preços são atraentes e que está pouca gente e que os gerentes estão à espera de mais movimento na parte da tarde. Só faltou dizer: “não vão para os hospitais entupir a Urgência com a paranóia da gripe. Venham ao shopping!”
Não há nada de melhor para fazer num domingo à tarde?
Já tinha dado por mim a pensar que o Natal este ano tinha corrido demasiado bem. À mesa não se falou de futebol. Só depois de ler o Tiago - a quem aproveito para enviar um forte abraço (esta foi uma tirada à Jorge Coelho, heterónimo Quadratura do Círculo) - é que se me fez luz. É que passar 48 horas à mesa, rodeado de lagartagem vária e andrades diversos, tem muito que se lhe diga!
Se todos os Natais fossem assim era bom. Para a paz na família.
Como tive mais que fazer – leia-se: ir degustando umas iguarias que sucessivamente me iam colocando à frente – só hoje vi a comunicação de Natal do primeiro-ministro.
Estas coisas são todas muito bonitas e deviam ser todas levadas muuuito a sério.
E as pessoas deviam todas ter em conta as diferenças. Sermos livres, entre outras coisas, de ter acesso a uma “Alternative Christmas Message”, enquanto que no país governado por este louco, continua a haver quem não tenha liberdade de celebrar o Natal, quanto mais para ouvir o discurso da rainha de Inglaterra.
Fui até à varanda fumar um cigarrito e não pude deixar de reparar no “bom gosto” dos meus vizinhos, exuberantemente exibido nas varandas mais as suas decorações (?) de Natal. Parece que estou em Las Vegas na rua dos casinos. E agora, sem mais nem mais, aparecia ali ao princípio da rua a Marg HelgenbergerakaCatherine Willows, a minha milf preferida. Com a sorte que tenho ao jogo, o mais provável é que apareça o Gil Grissom. Vou mas é para dentro que está frio.
A RTP enviou uma tal de Patrícia Lucas com 100 euros na carteira para fazer compras de Natal para toda uma família. A crise e tal. E começou logo bem. A menina, dentro dum comercial com logótipo da estação, a queixar-se que estava fazia 40 minutos à procura de estacionamento no Chiado. Não lhe ocorreu ir de transportes públicos que é o que faz quem só tem 100 euros para gastar; se é que não vai a pé… Obviamente que o dinheiro do gasóleo/ gasolina e mais o parqueamento – que no Chiado até dói – não são a descontar nos 100 euros. É o que dá andar às compras com o dinheiro do patrão e no carro do patrão.
De repente ocorre-me quem é que é o patrão da RTP.