"Podem ainda não estar a ver as coisas à superficie, mas por baixo já está tudo a arder" - Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de Julho de 1998.
Leio nos jornais que a SIC e a TVI bateram a RTP nas audiências de Natal. Como não estamos propriamente num país de ateus e agnósticos; de pagãos já tenho as minhas dúvidas, face aos cultos de Santos& Santinhas que por aí prolifera de Norte a Sul do rectangulo, o que eu esperava ler, era que as televisões tinham tido quedas pronunciadas de audiências nestes últimos dias.
Que raio de pais é este, que para celebrar a “Festa da Família” se come o bacalhau, o peru, o borrego ou coisa que o valha e depois fica tudo arrochado no sofá a ver televisão?
Não têm nada para falar uns com os outros? Não há mais nada de interessante e útil para fazer?
Não é uma estória de Natal, mas já é parte da história do Natal; da história recente do Natal. Aqueles sms que alguns imaginativos compõem só para não dizerem o óbvio, e que era suposto ser dito nesta época – Feliz Natal! Depois é correr a agenda do telemóvel, e num ápice aquele textozinho dá a volta a Portugal; Continental e Ilhas adjacentes; entra pelos PALOP´s e outro qualquer canto do mundo onde exista um português com ligações à Mãe-Pátria e com um tracinho de rede no ecrã do aparelho.
No entretanto as operadoras telefónicas facturam alarvemente. Já não bastava o 13.º que se foi em prendas; lá se vai o saldo. É Natal…
(Os construtores destes sms, estes imaginativos, terão alguma ligação contratual com as operadoras? Para mim é uma incógnita, uma dúvida que nunca vejo esclarecida)
E todos os anos o textozinho é diferente; se bem que possa surgir algum repescado de anos anteriores e ficamos a pensar “Onde é que este gajo viveu ultimamente?!”, porque, como regra, o sms natalício, reflecte sempre alguma situação, alguma da história recente do país; alguma coisa que toca / afecta a pessoa que a envia.
Este ano a estória girava ao redor de uma impossibilidade de haver Presépio. A vaca estava louca; os camelos estavam no Governo, a ASAE fechou o estábulo, qualquer coisa do Menino e do pai biológico, mais o não-sei-quantos e o Burro.
O Burro! O Burro, para os meus amigos lagartos estava a treinar o Benfica; apesar dos sms recebidos da parte dos meus amigos lampiões me dizerem que estava a treinar o Sporting! Um murcão ou outro que conheço (FCP), garantia-me que o Burro, afinal, estava à frente da Selecção Nacional... Mas o que verdadeiramente me surpreendeu foram os meus amigos profs. Independentemente do fervor clubista falaram a uma só voz. O Burro estava a dar Aulas de Substituição!
Pessoal: A rapaziada aqui do blogue vai ali e já volta. Comer uma bacalhauzada à antiga; nada dessas mariquices de “com natas” e “espiritual”. Acompanhado por um tinto Quinta do Alcube reserva, gentilmente cedido pela gerência, que, de atarefada com a vindima, o espremer da uva, e o engarrafamento do precioso líquido, até se esquece de cuidar aqui do estaminé.
E, depois dos doces, do bolo-rei, da aguardente velha e do whisky, da abertura das prendas, lá para as duas da manhã, quando os velhotes e os putos já estiverem em Vale de Lençóis vamos dar um salto até ao ADN e agitar o shaker, perdão, o corpo, ao som do som de alguns destes trastes. Que eu já vou com sete-anos-sete-natais seguidos a dar música ao povo e este ano quero que se lixe e vou ficar do lado de cá e aproveitar para moer o juízo ao deejay.
Aceitem esta música de Feliz Natal – do Ano Novo depois tratamos; uma coisa de cada vez –, que apesar de ter sido roubada aqui na Barbearia, é de boa vontade, e de certeza que o Sôr Luís não vai levar a mal.
A propósito da quadra festiva que se aproxima; a reportagem televisiva da praxe; na ponte da praxe – Arrábida / Porto; a entrevista da praxe; o capitão da GNR da praxe.
À parte de por cada frase sem verbo conseguir utilizar o “efectivamente” para aí 3 ou 4 vezes, seguem-se os conselhos da praxe. De entre vários dados pro buono, o de tomar refeições ligeiras; evitar refeições pesadas.
C’os diabos! Estamos no Natal, e assim de repente, e que me lembre, só os sem-abrigo tomam refeições ligeiras nesta altura do ano… e esses não se vão fazer à estrada!
Todas as manhãs, de há uns dias a esta parte, uma birra, daquelas que só apetece sei lá o quê! “Não quero ir à escola! Não quero ir à escola! Não quero ir à escola!”
O motivo prendia-se com o “teatrinho”, como ele diz, e com o papel que ia desempenhar.
Como é o mais alto da sala foi escolhido para fazer de São José. Que não; não pode ser! “De São José não; e não se fala mais no assunto!”; isto é lá conversa que um fedelho de cinco anos tenha?!
“Mas porquê a embirração com o São José?”. Simples; o São José está ali muito quietinho quase sem se mexer e com uma vara na mão! Não adianta tentar explicar que esta é uma produção mais Manuel de Oliveira e não tanto Joel Schumacher; o gajo quer é acção!
Chegou-se a um consenso com as educadoras; faz de sino. Sempre balança de um lado para o outro, na molhada com os outros sinos; e cantam todos a uma só voz (a ver vamos…) uma cantiguinha…
Vá-se lá perceber estes putos… entre ser actor principal e ser figurante, optam pela segunda hipótese! Quanto é que ganha um figurante na vida real? Para aí 426 euros/ mês; não?!
Adenda: Da Maria, a Virgem, não se conhecem reclamações. À cautela, o Menino é um Nenuco
Uma cadeira fofinha, feita de alligators; vulgo jacarés. Para os mais susceptíveis do local adequado para descansar o fundo das costas também há em versão panda, tutti-zoo, ou a mais sóbria sushi-chair.
Um circo de marionetas, e o resto é imaginação. Há sempre a possibilidade de tornar a companhia maior; a restante troupe encontra-se aqui; uma alegria!
Só ontem à noite é que tomei consciência de que já estamos “naquela” altura do ano.
Estava na varanda a fumar um cigarro – tenho uma varanda com uma vista privilegiada que abarca uma grande fatia da cidade –, e fiquei com a estranha sensação de viver não em Setúbal, mas numa Las Vegas de pechisbeque; se bem que Las Vegas por si só possa ser sinónimo de pechisbeque.
O negócio este ano não deve ter corrido nada mal a AKI’s, IKEA’s, Gillamp’s e Cia; apesar de, e pela qualidade estética exibida na grande maioria das janelas, varandas e fachadas dos prédios, quem deve ter facturado mesmo, mas mesmo à séria, ter sido a loja “do chinês”, como se usa dizer por aqui.
Se pela proliferação de “Pais Natais” que sobem pelas paredes, varandas e chaminés, as culpas possam ser assacadas ao Diário de Notícias quando há uns anos resolveu encher a fachada do edifício no Marquês com o personagem que a Coca-Cola resolveu um dia vestir de vermelho (ah os tempos de Salazar em que o Pai Natal vestia de encarnado e não de vermelho!), esta de decorar a humilde casinha como se fosse uma pista de carrinhos de choque na Feira de Sant’iago, não sei a quem atribuir…
Falta de sentido estético; ausência de um mínimo de bom gosto que o fraco poder de compra não justifica; ainda não “andei por aí” à noite, mas as fachadas das casas de Setúbal por esta altura do ano bastam-me para perceber o funcionamento deste país.
Para mim é um mistério esta interacção entre famílias que não se conhecem; este gosto pelo despique com uma inevitável atracção para o espectáculo circense. Isto só por si dava um post tamanho da Bíblia, em papel fininho e tudo.
Qual poupança de energia! Qual aquecimento global! Qual defesa do planeta! Conferência de Bali?! Mas Bali não é o nome de uma personagem do Livro da Selva?!?
Vamos mas é enfeitar a nossa janelinha com as luzinhas da casa de alterne; e se for daquelas com música ainda melhor!
(O que eles inventam! Estava sempre a dizer a minha avó que nasceu ainda durante a monarquia, lembrava-se perfeitamente do 5 de Outubro, e morreu era o beato primeiro-ministro)
Para aqueles que não acordam nem por nada; para quem o sono tem contornos semelhantes ao coma profundo; uma boa prenda de Natal.
Não sei qual é o efeito produzido pela geringonça, mas calculo que deve ser muito semelhante às primeiras imagens do Apocalipse Now de Coppola, quando Martin Sheen no papel do capitão Benjamin L. Willard acorda com a cabeça cheia de helicópteros.
Na apresentação do maquinismo lê-se o seguinte:
The Flying Alarm Clock. This digital alarm clock launches a rotor into the air that flies around the room as the alarm sounds, hovering up to 9' in the air, and will not cease ringing until the rotor is returned to the alarm clock base, compelling even the most stubborn sleepers to get out of bed on time. The alarm clock has a continuous snooze function that rings every seven minutes for an entire hour, an easy-to-read LCD, and a six-button control panel for ease of programming. Requires four AA batteries. 3 3/4" H x 5 1/2" Diam. (7 oz.)
Na saga das sugestões de prendas a oferecer no Natal que se aproxima, um elegante bule, de refinado design, para oferecer aos avós, mais dados a estas coisas do chá; descoberto aqui.